Clara passou a noite relendo as páginas do diário de Helena, absorvendo cada palavra como se fossem pistas de um quebra-cabeça. Helena descrevia seu amor por Elias como uma chama proibida, cercada pelas sombras de ameaças familiares. As últimas páginas falavam de um plano de fuga durante um baile na mansão, mas terminavam de forma abrupta com as palavras sublinhadas: **"Eles sabem."**
A frase reverberava na mente de Clara. Quem eram “eles” e o que fizeram para impedir a fuga? Ela decidiu não enfrentar essas questões sozinha. Na manhã seguinte, chamou Gabriel, que ouviu atentamente o que ela descobrira. Ao ler o diário, ele comentou: “Os Everhart tinham uma reputação de proteger a honra da família a qualquer custo. Se Elias e Helena desafiaram essas regras, as consequências podem ter sido devastadoras.”
Juntos, Clara e Gabriel vasculharam o escritório da mansão. Entre papéis esquecidos e gavetas emperradas, encontraram uma chave escondida no forro de uma gaveta. Ela abriu um compartimento secreto contendo cartas antigas. Uma delas, endereçada a Elias, tinha um tom ameaçador: **"Abandone essa loucura antes que seja tarde demais. Você está mexendo com forças que não compreende."**
Clara sentiu um arrepio ao ler a carta. As palavras não apenas confirmavam o desprezo pela relação de Elias e Helena, mas insinuavam uma rede de segredos ainda mais profundos. Entre os documentos, também havia um mapa rudimentar da propriedade, destacando um ponto afastado: um mausoléu.
Determinada a seguir qualquer pista, Clara convenceu Gabriel a acompanhá-la até o local. Eles cruzaram o jardim tomado pelo mato até chegarem à construção antiga, parcialmente coberta por heras. O mausoléu, com o nome "Everhart" gravado na entrada, tinha uma aura pesada, como se guardasse os ecos de gerações passadas.
Com esforço, os dois abriram a porta de pedra, revelando um interior frio e sombrio. No centro, havia nichos e túmulos adornados com o brasão da família. Contudo, uma lápide em particular chamou a atenção de Clara. Era mais recente, e a inscrição, embora desgastada, ainda podia ser lida: **"Helena Everhart: para sempre nos corações que ousaram amar."**
A visão deixou Clara paralisada. Helena estava ali, enterrada no mausoléu da família. Mas não havia menção a Elias. Por que ele não estava ao lado dela? A ausência dele levantava mais perguntas do que respostas.
Enquanto Clara processava a descoberta, Gabriel apontou para marcas de arranhões na parede próxima à lápide. Pareciam indicar a existência de um painel secreto. Após investigarem, descobriram uma passagem escondida, revelando um túnel estreito que parecia levar às profundezas da propriedade.
Clara hesitou. A escuridão do túnel parecia palpável, mas Gabriel segurou sua mão com firmeza. “Se chegamos até aqui, não podemos parar agora.”
Enquanto desciam pelo túnel, Clara sentia o ar tornar-se mais frio e pesado. A lanterna que Gabriel carregava iluminava paredes de pedra úmidas e símbolos gravados que pareciam pertencer a algum tipo de ritual antigo. “O que será que sua família fazia aqui em segredo?”, perguntou ele, intrigado. Clara apenas balançou a cabeça, incapaz de responder.
Finalmente, o túnel se abriu em uma câmara ampla. No centro, havia uma mesa de pedra com objetos antigos — candelabros enferrujados, um livro coberto de poeira e o que parecia ser uma caixa lacrada. Clara aproximou-se com cautela e abriu a caixa. Dentro, havia um anel simples de ouro e uma carta, escrita com uma caligrafia familiar. Tremendo, ela leu em voz alta: **"Para Helena e Elias, que ousaram amar contra tudo e todos."**
Clara sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto. Aquilo era uma prova de que alguém, em algum momento, tentou proteger os dois. Mas por que esse lugar estava escondido, e por que ninguém falou sobre isso antes? Gabriel colocou uma mão em seu ombro, oferecendo conforto. “Talvez este seja apenas o começo das respostas que você está procurando.”
Com o anel e a carta em mãos, Clara sabia que precisava continuar desvendando os segredos dos Everhart. O passado de sua família parecia mais complexo — e mais perigoso — do que ela jamais poderia imaginar.
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Atualizado até capítulo 77
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