A manhã seguinte trouxe um céu nublado que parecia refletir a atmosfera carregada da mansão. Clara, armada com uma lanterna e o caderno de Elias, iniciou sua busca pelo esconderijo mencionado no livro que Gabriel havia trazido. A ideia de um local secreto dentro da casa fascinava e aterrorizava ao mesmo tempo. “Se eles realmente tinham um lugar para se encontrar, ele deve estar bem escondido”, murmurou para si mesma.
O ponto de partida foi o porão da mansão, um local que até então ela havia evitado. A escadaria estreita que levava ao subsolo parecia interminável, cada degrau rangendo sob seus pés. O cheiro de umidade e madeira antiga enchia o ar, e a luz da lanterna projetava sombras nas paredes de pedra.
O porão estava repleto de baús e armários antigos, muitos deles trancados. Clara começou a examinar cada canto, procurando por algo fora do comum. Foi então que notou uma parte do chão que parecia diferente — as tábuas estavam desgastadas, como se alguém tivesse pisado frequentemente ali. Depois de afastar alguns móveis pesados, encontrou um alçapão quase imperceptível, com uma argola enferrujada. Respirando fundo, Clara puxou a tampa com esforço, revelando uma escada que descia ainda mais fundo.
O coração de Clara batia acelerado enquanto ela descia para o que parecia ser uma espécie de túnel. As paredes eram feitas de pedra, e o ar estava ainda mais pesado ali embaixo. Após alguns metros, chegou a uma pequena câmara. No centro, havia uma mesa com duas cadeiras e uma lamparina antiga. Sobre a mesa, estava um diário.
Clara pegou o diário com cuidado e começou a folheá-lo. As páginas estavam cheias de palavras escritas por Helena. Era como ouvir a voz de uma mulher que lutara contra as adversidades de seu tempo. Nas anotações, Helena falava sobre seu amor por Elias, mas também sobre a pressão e a hostilidade que enfrentavam. As últimas páginas eram quase ilegíveis, rabiscadas às pressas, mas Clara conseguiu decifrar algo sobre uma "ameaça" que vinha da própria família de Elias.
Enquanto lia, Clara ouviu um som vindo do túnel — passos leves, quase imperceptíveis. Um arrepio percorreu sua espinha. Apagando a lanterna, ela ficou em silêncio absoluto, ouvindo o som aproximar-se. "Quem está aí?", chamou, sua voz ecoando na escuridão. Não houve resposta, apenas o som de algo — ou alguém — movendo-se ao longe.
Determinada a não deixar o medo dominá-la, Clara acendeu a lanterna novamente e se apressou para sair do túnel, levando o diário consigo. Ao emergir no porão, fechou o alçapão com força e arrastou um móvel pesado para cima dele. Ainda ofegante, subiu para a sala de estar, onde se deparou com Gabriel, que havia acabado de entrar pela porta principal.
“Você está bem?”, perguntou ele, preocupado. Clara assentiu, ainda segurando o diário. Decidiu contar a ele sobre o que havia encontrado e sobre os sons que ouvira no túnel. Gabriel pareceu intrigado, mas também cauteloso. “Talvez você devesse ir com calma. Essa casa guarda histórias, Clara, e nem todas são boas.”
Apesar do aviso de Gabriel, Clara sabia que não podia parar. O diário de Helena era a chave para entender o que realmente acontecera na mansão Everhart, e, de alguma forma, parecia que as respostas poderiam ajudá-la a encontrar um propósito maior em sua própria vida. Mas quem — ou o que — estava no túnel com ela? E por que parecia que a casa tinha vida própria, como se estivesse tentando contar sua história?
Enquanto a noite caía, Clara decidiu que continuaria explorando, mas com mais cuidado. Ela estava determinada a desvendar os mistérios da mansão — e, talvez, descobrir o que realmente significava ser uma mulher forte, enfrentando tanto os fantasmas do passado quanto os desafios do presente.
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Atualizado até capítulo 77
Comments
Katia Cilene
acho que
o Gabriel está envolvido
2024-12-27
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