Capítulo 5 – Um Café e uma Confissão
O sol dourava as ruas de Roma naquela manhã, refletindo nas pedras antigas das calçadas. Dentro de seu escritório imponente, com janelas amplas que ofereciam uma vista panorâmica da cidade eterna, Leonardo Costa analisava uma pasta preta deixada em sua mesa por Marco Bianchi, seu braço direito e homem de confiança.
— Então, Marco… O que você descobriu? — perguntou Leonardo, sem levantar os olhos dos documentos.
Marco ajustou o relógio no pulso, cruzando os braços.
— Valentina Moretti, 28 anos, jornalista investigativa, conhecida por suas reportagens incisivas sobre corrupção e crime organizado. Trabalha para o *Il Messaggero*. Mora sozinha em um apartamento no Trastevere. E, aparentemente, ela estava no evento de ontem não apenas como convidada.
Leonardo sorriu de canto, folheando as páginas com fotos discretas de Valentina. Uma delas mostrava a mulher de vestido preto no baile da noite passada, outra a mostrava sentada em um café com seu laptop aberto.
— Interessante… — murmurou ele. — Ela não é apenas uma mulher bonita. Ela tem garras.
— E pode ser perigosa para os seus negócios, Leonardo — alertou Marco.
Leonardo deixou os documentos sobre a mesa e se levantou, caminhando até a janela com as mãos nos bolsos. Sua mente estava um caos. Valentina Moretti era uma ameaça ou apenas uma jornalista curiosa demais? De qualquer forma, ele precisava vê-la novamente.
— Marco, descubra onde ela está agora. Eu mesmo vou falar com ela.
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**Café La Rosa – Trastevere**
Valentina estava sentada em uma mesa próxima à janela, com seu laptop aberto e um café fumegante ao lado. O *La Rosa* era seu refúgio favorito, um lugar onde podia pensar com clareza. Ela revisava anotações sobre o evento da noite anterior, suas palavras ainda confusas enquanto tentava entender a presença de Leonardo Costa naquele círculo tão fechado.
Quando a porta do café se abriu, um silêncio quase imperceptível se espalhou pelo ambiente. Leonardo Costa entrou, vestido em um terno azul-marinho impecável, sua presença sugando todo o ar do lugar. Ele olhou ao redor até encontrar Valentina.
Ela o viu se aproximar, seu coração acelerando no peito.
— Posso me sentar? — perguntou ele, sua voz grave e baixa.
— Parece que você já decidiu — respondeu ela, fechando o laptop lentamente.
Leonardo sorriu de canto e se acomodou à mesa, ajustando as abotoaduras do paletó. O silêncio entre eles era quase palpável.
— Jornalista investigativa… — começou ele, seus olhos fixos nos dela. — Você não me disse isso ontem à noite, Valentina Moretti.
Ela congelou por um momento, mas logo recuperou o controle.
— E você não me disse que é Leonardo Costa, advogado de confiança de Don Salvatore Russo. Parece que ambos omitimos algumas coisas, não é?
Leonardo inclinou-se levemente para frente, aproximando-se dela.
— Está brincando com fogo, Valentina. O que você realmente quer?
Ela segurou o olhar dele, firme e determinada.
— Verdade. Quero entender como homens como você conseguem dormir à noite, sabendo das coisas que defendem.
Leonardo sorriu novamente, mas desta vez havia algo sombrio naquele sorriso.
— O mundo em que vivemos não é tão preto no branco quanto você imagina. Às vezes, para proteger algo ou alguém, precisamos nos sujar.
Por um instante, os olhos de Valentina suavizaram. Havia algo naquele homem, uma sombra de dor oculta por trás de sua fachada impenetrável.
— Por que veio até aqui, Leonardo? Para me ameaçar?
— Para avisá-la. Se continuar cavando onde não deve, posso não ser eu a encontrá-la da próxima vez. E, acredite, outros não serão tão… cavalheiros quanto eu.
Valentina desviou o olhar, respirando fundo. Ela sabia que ele tinha razão. Brincar naquele mundo era perigoso, mas algo nela — uma curiosidade insaciável, um desejo por justiça — não a deixava desistir.
Leonardo se levantou lentamente, deixando algumas notas sobre a mesa para pagar o café dela.
— Foi um prazer revê-la, senhorita Moretti.
Antes de sair, inclinou-se ligeiramente para sussurrar em seu ouvido:
— Espero que seja mais cuidadosa, Valentina.
Ele se afastou com passos firmes, deixando-a para trás com o coração acelerado e a mente cheia de perguntas.
Valentina observou Leonardo sair do café, sentindo que acabara de cruzar uma linha invisível — uma linha que a prendia, de forma perigosa e irresistível, ao mundo sombrio de Leonardo Costa.
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Atualizado até capítulo 46
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