Deven era um homem bonito, simpático e muito atraente. Mas ele não fazia meu coração disparar, não me deixava ansiosa esperando uma ligação, nem me fazia sentir saudades. Ele simplesmente não era o homem da minha vida. Foi por isso que terminamos. Ele queria mais, e eu não podia oferecer algo que não sentia.
— Por que você não pode dar uma chance para nós dois? — ele insistiu.
— Porque, para mim, casamento é para sempre. E eu não quero me casar agora. Gosto de você, da sua companhia, de como nos damos bem, mas...
— Mas você não me ama — ele completou.
— Amo, mas não o suficiente para casar e formar uma família. Sempre fui sincera com você — respondi.
Ele fez um biquinho, tentando me convencer.
— Por que você maltrata o coração desse pobre homem? Eu daria tudo para que você me amasse.
— Se eu mandasse no meu coração, diria a ele para te amar — confessei.
— Escuta ela, coração! Me ama! Não vê que ela quer? — ele disse, descarado, com os olhos fixos nos meus seios.
— Para com isso. E essa é a última vez que ficamos assim. Já disse que isso não vai mais acontecer — falei, me levantando e indo ao banheiro.
— Então me deixa tomar o último banho com você? — ele pediu, com aquele charme irresistível.
Suspirei, derrotada.
— Tudo bem, mas depois de hoje acabou.
Antes que eu pudesse reagir, ele me pegou no colo e me levou até o banheiro. Ficamos mais uma vez, mas eu estava decidida: isso seria a última vez. Após o banho, coloquei meu pijama, ele vestiu suas roupas, e pedimos pizza. Conversamos como bons amigos.
— Estava falando sério sobre a amizade colorida acabar? — ele perguntou.
— Sim. Não quero que você se machuque. Gosto muito de você e não quero perder nossa amizade. Mas percebo que você sempre espera algo a mais, então é melhor sermos apenas amigos, sem essa parte colorida — disse com firmeza.
— Tem razão. Vou me esforçar para me apaixonar por outra pessoa. Só não se arrependa quando esse loirinho aqui estiver comprometido — ele brincou, passando as mãos pelo próprio corpo.
— Seu bobo! Eu espero que você encontre alguém que te faça feliz e que você ame de verdade.
— Vou dar orgasmos múltiplos para outra — ele disse, me fazendo rir alto.
— Eu não te aguento, Deven!
— Vamos nos despedir de novo? — ele perguntou, com aquela cara de descarado.
— Está na hora de você ir. Vai, vai — falei, puxando-o pelo braço.
— É sempre assim: você usa meu corpinho e depois me expulsa — ele disse, fazendo drama.
— E você usou o meu, então estamos quites — rebati, empurrando-o até a porta.
— Que ironia: o doutor que conserta corações agora está com o coração partido. Mulher má — ele brincou.
— Você não existe — respondi.
— Boa noite. Amei te ver — ele disse, fingindo que ia beijar minha bochecha, mas beijou minha boca.
— Safado! — exclamei.
— Você adora — ele respondeu com uma piscadela, indo em direção ao elevador.
O descarado era um pedaço de mal caminho: loiro, de olhos azuis, corpo másculo. Um homem de tirar o fôlego.
Dois dias depois...
Minha maleta médica estava em ordem, a correntinha com o anel de compromisso que Nick me deu quando me pediu em namoro estava em meu pescoço. Maquiagem feita, cabelo cuidadosamente arrumado em uma trança embutida, tudo o que eu precisava para meu primeiro dia de trabalho estava comigo. Fiz uma rápida oração, respirando fundo, e sai do apartamento com um sorriso confiante, repetindo palavras de incentivo em voz alta:
— Já deu tudo certo, hoje será um grande dia.
Do lado de fora, o táxi me esperava. Por ainda não conhecer muito bem Nova York, achei que essa seria a opção mais segura para chegar ao hospital.
Ao descer em frente ao imponente prédio, não pude deixar de admirar sua grandiosidade. Era difícil acreditar que agora eu trabalharia ali. Entrei pela porta principal com o pé direito, observando cada detalhe como se fosse a primeira vez, embora já tivesse visitado o hospital anteriormente para conhecer as instalações. Desta vez, tudo parecia mais significativo.
O ambiente misturava modernidade e acolhimento. O piso de mármore claro refletia a luz que inundava o espaço pelas enormes janelas de vidro. Após pegar meu crachá e registrar meu horário de entrada, fui recebida calorosamente pela equipe. Enfermeiras e médicos me deram as boas-vindas, e senti-me abraçada por aquela nova família.
Ao chegar ao consultório, meus olhos se encheram de lágrimas ao ver a plaquinha sobre a mesa: Dra. Júlia Philips. Tirei uma foto e enviei imediatamente para minha mãe, que respondeu com palavras de orgulho. Vesti meu jaleco, ajustei o estetoscópio e sentei para revisar as fichas dos pacientes. Minha primeira paciente seria Nicole, uma garotinha de oito anos.
Momentos depois, a porta se abriu, e lá estava ela: uma menina de cabelos cacheados, pele morena e olhos amendoados, segurando firmemente a mão da mãe. Apesar do semblante cansado, havia algo encantador no sorriso tímido que me dirigiu.
— Bom dia, Nicole! Tudo bem? — perguntei, suavemente.
— Bom dia... — respondeu ela, em um tom baixo, mas simpático.
Olhei para a mãe, que, mesmo trajada com uniforme de trabalho, exibia uma expressão preocupada. Era claro que tentava manter a calma.
— Então, Nicole, vamos conversar um pouquinho e descobrir como você está. Pode me contar o que está sentindo? — indaguei, mantendo o tom acolhedor.
— A mamãe tinha acabado de fazer panquecas para o café da manhã. Quando me sentei para comer, meu nariz começou a sangrar... — ela começou, com a voz ainda mais baixa.
— E em seguida ela desmaiou — completou a mãe, com o rosto carregado de ansiedade.
Respirei fundo antes de continuar, buscando tranquilizá-las enquanto fazia anotações.
— Entendi... Nicole, isso já aconteceu antes? — perguntei.
Ela negou com a cabeça, enquanto sua mãe acrescentava:
— Não, doutora, foi a primeira vez. Mas percebi que ultimamente ela anda muito cansada. Achei que fosse só por causa da escola.
— E ela tem comido bem? — questionei.
— Não muito. Ela está sem apetite há algumas semanas — respondeu a mãe.
Sinalizando para que Nicole se sentasse na maca, comecei o exame físico. Primeiro, chequei os sinais vitais. Observei atentamente sua pele e notei algumas manchas roxas, o que me deixou apreensiva.
— Nicole, você gosta mais de panquecas com mel ou com calda de chocolate? — perguntei enquanto continuava o exame, tentando deixá-la mais à vontade.
— Eu misturo os dois — respondeu ela, os olhos iluminados por um breve brilho de animação.
— Isso deve ser delicioso! Vou experimentar e, na próxima vez que nos encontrarmos, te conto o que achei, combinado? — falei, recebendo um sorriso sincero como resposta.
Depois de terminar o exame, voltei à minha mesa. Preparei a guia de exames e entreguei à mãe.
— Vamos fazer alguns exames, Nicole. Nada assustador, só para termos certeza de que está tudo bem. Aqui está a solicitação para um hemograma completo e outros testes importantes. Não se preocupem, estamos aqui para cuidar dela — expliquei, tentando transmitir segurança.
— Muito obrigada, doutora — disse a mãe, visivelmente aliviada.
— Foi um prazer conhecer vocês. Agora, vou chamar uma enfermeira para acompanhá-las até o laboratório — finalizei, acionando o bip.
Enquanto as observava sair, senti um misto de responsabilidade e gratidão. Cuidar da pequena Nicole era mais que um trabalho; era uma oportunidade de fazer a diferença.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Jocilene Santos
poisé né coração terra q ninguém pisa mas que devan seria um ótimo par com Júlia amei a espontâniedade dele muito carismático
2025-03-28
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Gabi Ramos
ela carrega o anel na correntinha como forma de ter ele junto ao coração 🥺
2025-03-12
0
Irá
Será que ele é o dono ou CEO do hospital?
2025-04-09
0