Sebastian
Meu nome é Sebastian Carter. Tenho 33 anos, sou CEO da Carter Enterprises, um conglomerado global que controla desde tecnologia de ponta até investimentos em imóveis de luxo. Aos olhos do mundo, sou um homem que tem tudo: dinheiro, poder, e um nome que pesa mais que barras de ouro. Mas por trás das capas de revistas e dos ternos caros, há uma verdade que poucos conhecem: minha vida é uma construção meticulosa, criada com base na percepção, e não na realidade.
E a percepção, como qualquer outra coisa, é frágil.
Há três meses, essa fragilidade quase destruiu tudo o que construí.
Foi durante uma coletiva de imprensa, daquelas que eu realizo quase por reflexo. Um repórter me perguntou sobre meu envolvimento com um escândalo financeiro relacionado a um antigo sócio. Antes que eu pudesse responder, ele soltou a bomba: “Dizem que o senhor Carter está mais focado em festas e mulheres do que em administrar sua empresa. Há algum fundamento nisso?”
O murmúrio dos jornalistas foi ensurdecedor. Claro, eu sabia que o mundo dos negócios era impiedoso, mas aquilo era diferente. Meu conselho de administração, composto por homens que fariam qualquer coisa para me derrubar e assumir o controle, começou a usar essa narrativa contra mim.
Eles não se importavam com os fatos. O que importava era a imagem pública, e a minha estava arranhada.
Naquele momento, percebi que precisava de algo mais do que sucesso financeiro para proteger meu legado. Precisava de estabilidade. De respeito. E, na sociedade em que vivemos, nada é mais simbólico de estabilidade do que um casamento.
Mas casamento por amor? Vamos ser realistas. Amor é um conceito superestimado, algo que as pessoas usam para justificar suas fraquezas. O que eu precisava era de um acordo. Uma mulher que entendesse as regras do jogo e soubesse cumpri-las.
Foi aí que surgiu Helena.
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Quando entrei no escritório hoje, vi a relutância estampada no rosto dela. Não era surpresa. Quem em sã consciência gostaria de se casar com alguém que acabara de conhecer?
Ela era diferente de todas as mulheres com quem já lidei. Seu olhar tinha uma intensidade que me desconcertava, como se ela fosse capaz de ver através das minhas camadas. Eu estava acostumado a mulheres que me queriam por meu dinheiro ou pelo que eu representava, mas Helena... ela parecia me odiar no instante em que me viu.
Eu não a culpo.
Se as circunstâncias fossem outras, talvez eu me sentisse mal por forçá-la a isso. Mas o que posso fazer? Sentir pena não paga as contas, não resolve problemas e, certamente, não mantém meu império de pé.
Ainda assim, algo sobre ela me intrigava.
Depois que saí do escritório, dirigi até meu apartamento no centro da cidade. Era um dos lugares mais luxuosos que você poderia imaginar: janelas de vidro do chão ao teto, vista para o horizonte brilhante, móveis sob medida que poderiam estar em um museu. Mas, como sempre, o espaço parecia vazio.
Coloquei um copo de uísque na mesa e me joguei no sofá.
Por que Helena? Por que a filha de um homem que nem sequer conseguiu manter suas próprias finanças em ordem?
A resposta era simples: seu pai pode ter falhado, mas o nome da família dela ainda carregava peso nos círculos que importavam. E eu sabia que, para os negócios que estava negociando, essa união seria um trunfo. Casar com Helena não era só uma questão de resolver minha reputação; era um movimento estratégico para solidificar alianças.
Mas algo em mim sabia que não seria fácil. Ela não era o tipo de mulher que se dobrava facilmente, e, de certo modo, isso me incomodava e me atraía ao mesmo tempo.
A realidade é que eu precisava dela tanto quanto ela, no fundo, precisava de mim.
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Na manhã seguinte, acordei com a mente mais clara. O casamento estava marcado para daqui a duas semanas, e havia muitas coisas a resolver.
O telefone tocou enquanto eu terminava meu café. Era Nathan, meu advogado e amigo de longa data.
"Sebastian, já redigi o contrato pré-nupcial. Quer que eu envie para a Helena revisar?"
"Sim, envie. Mas certifique-se de que ela entenda cada cláusula. Não quero problemas no futuro."
Nathan riu do outro lado da linha. "Você acha mesmo que ela vai aceitar isso sem contestar?"
"Ela não tem escolha, Nathan. Nenhum de nós tem."
Depois de desligar, fui até o escritório. Meu dia estava cheio de reuniões, mas minha mente continuava vagando de volta para Helena. Não era só sua aparência que me chamava a atenção — embora eu não pudesse negar que ela era linda. Era sua força, sua resistência. Eu sabia que ela seria um desafio, mas desafios nunca me intimidaram.
Por volta do meio-dia, enquanto revisava relatórios financeiros, recebi uma mensagem de Nathan.
Contrato entregue. Ela não ficou exatamente feliz. Está disposta a negociar algumas coisas.
Eu sorri, apesar de mim mesmo. Claro que ela queria negociar.
Peguei o telefone e liguei para ela diretamente.
"Helena."
"Sebastian." Sua voz era tão afiada quanto uma faca.
"Recebi sua resposta sobre o contrato. O que exatamente você quer mudar?"
"Se vamos fazer isso, eu quero manter minha liberdade. Quero poder trabalhar, estudar, e não quero que você interfira na minha vida pessoal mais do que o necessário."
"Justo. Mas lembre-se, enquanto formos casados, haverá expectativas. Eventos sociais, jantares, aparições públicas. Preciso de você ao meu lado quando for necessário."
"Eu entendi as regras, Sebastian. Mas não vou me transformar em uma boneca de luxo para você exibir."
Sua resposta me fez rir, algo que eu não fazia há muito tempo. "Você é mesmo diferente, Helena. Acho que isso pode ser interessante."
"Interessante não é bem a palavra que eu usaria."
"Seja como for, concordo com suas condições. Vou pedir ao Nathan para ajustar o contrato."
Depois que desliguei, me peguei pensando no que ela havia dito. Helena não era apenas diferente. Ela era um lembrete de que, mesmo no meio de um jogo tão frio quanto o que estávamos jogando, ainda havia pessoas que se recusavam a ser moldadas pelas circunstâncias.
E, de algum jeito, isso me fazia querer conhecê-la melhor.
Mas eu não podia me dar ao luxo de deixar sentimentos nublarem meu julgamento. Esse casamento era um contrato, e contratos devem ser cumpridos.
Era só isso.
Pelo menos, era o que eu dizia a mim mesmo.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
aratanihanan
Estou tão envolvida na história, precisa continuar!
2024-12-15
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