capítulo 3

...Capítulo 3...

Faz quinze minutos que ambos haviam saído do casarão e por incrível que pareça ele estava dirigindo, e pensando que ele fosse aquele tipo de caras que andava sempre no banco de trás. Quem dera ela poder ter aquele luxo todo, o único automóvel que ela costumava andar bastante era o seu maravilhoso metrô que às vezes mal conseguia arrumar um lugar para se sentar.

Mas é claro que não poderia reclamar da vida, era muito feliz assim, vivendo como uma pessoa comum.

O silêncio dentro daquele carro há estava a matando aos poucos, detestava ficar de boca calada, mas não poderia ficar falando com uma pessoa que ela nem ao menos conhecia direito.

- Desculpa por ter falado com você daquele jeito. Não quis ser grosseiro.

- Tudo bem.

-Efaristo.

- O quê?

--Efaristo é obrigado em grego. Seria bom aprender um pouco o nosso idioma.

Ela meio que sorriu.

- Ótima ideia. Mas não vou ficar muito tempo por aqui, então não vai ser necessário.

- Você é difícil, hein.

- E você tem que parar de insistir nas coisas.

Ele olhou para ela de relance.

- Ok. Chegamos, vou só arrumar um lugar pra estacionar.

Demétrio estacionou em um lugar reservado e foram andando até a Praça Syntagma que Demétrio passou a mostrar os lugares. A praça era em frente à qual está o prédio do Parlamento. Ela era praticamente o centro moderno de Atenas, e dela irradiam-se diversas avenidas importantes, como a Vasillis Sofias, Staton, Ermou, cada uma conduzindo à um lado diferente da cidade.

Decidiram seguir para o norte, mas ao passarem em frente ao Parlamento Isabelle parou e foi até a multidão de turistas.

- O que está acontecendo ali? – Ela indagou a ele assim que conseguiram se aproximar.

- São guardas do Parlamento. Estes homens são escolhidos a dedo, com cerca de dois metros de altura. Durante sessenta minutos eles ficam imóveis em suas guaritas. – Ele contou. – A cada hora, quando e feita a troca de guarda tanto os que vão sair, como os que chegam, aproximam-se com passos enormes, batendo ruidosamente os tamancos no chão, elevando suas pernas até o horizonte e entre outras piruetas, se equilibrando em uma só perna e encostam as respectivas solas do tamancos.

Isabelle franziu o cenho, surpresa. Ela observou os guardas e viu que Demétrio contará exatamente nos mínimos detalhes, exceto os uniformes que eram a típica roupa branca, maiores e tamancos com um pompom.

Ela não se conteve e riu achando engraçado.

- Muito interessante. Tem mais desses guardas por aqui? – Ela perguntou quando ambos caminhavam agora em direção ao norte.

- Sim.

- Onde vamos agora?

- Para a Praça Omonia.

A praça Omonia era cercada de altos e modernos prédios, hotéis e restaurantes, era o coração de Atenas moderna e empresarial.

- Quer dar uma volta no Zappeion?

- Onde?

- Zappeion é um parque nacional.

O jardim era adjacente ao Parlamento e obrigava várias plantas, árvores e flores em extinção. O local também contava com um café, renomado restaurante Egli e um cinema ao ar livre. Aproveitaram para observar a beleza do Palácio de Zappeion, um edifício neoclássico.

- Quando vamos ver as lojas, não que esteja com pressa. Mas sua mãe não vai gostar de nos ver voltar de mãos vazias.

Ele sorriu e viu o olhar malicioso através dos óculos escuros.

- Fique tranquila. Está com fome?

Ela hesitou e assentiu.

- Podemos almoçar no restaurante Aegli Zappeiou. O que você acha?

- Bem, para mim está ótimo. Não tenho muito que opinar por aqui.

Era um restaurante muito bom e simples, e aquela hora do almoço estava cheio. Ambos se sentaram numa mesa de canto para não serem perturbados, um garçom aproximou e lhe entregou dois cardápios.

Isabelle pegou, abriu e viu que tudo estava escrito em grego, o que não era de se esperar daquele lugar. Sentiu-se inútil.

- Sr. Lincoln... será que pode me ajudar...com isso.

Ele sorriu zombeteiro.

- Pode deixar que eu peço para você... gosta de comer o quê?

- Bem, gosto de muitas coisas. Mas acho que vou querer comer algo daqui. – Ela respondeu e sorriu.

- Ótimo! – ele fez os pedidos ao garçom e devolveu os cardápios e a encarou. – Antes de tudo, quero deixar bem claro. Chega de formalidades, de agora em diante eu sou Demétrio e você Isabelle, ok.

Isabelle hesitou e só então concordou, mas ficou sem graça quando percebeu que ele não tirava os olhos de cima dela.

- Então, o que faz quando não está na padaria?

- Bem, acho que não tenho rotinas. Faço o que der para fazer ou que me convém. – Ela fez careta. – Mas geralmente estou sempre vendo TV.

- Mora com seus pais?

- Não. Saí da casa dos meus pais quando tinha vinte anos, foi na época em que estava terminando a faculdade conheci uma pessoa e começamos a dividir o apartamento. – Ela contou.

- E essa pessoa aí ainda mora com você?

- Por enquanto sim. Ela vai se casar com o meu irmão na semana que vem.

Ele sorriu aliviado, parecia que tinha ficado interessado no assunto.

- É sua amiga?

- Sim.

- Achei que essa pessoa fosse seu namorado.

Izzie franziu as sobrancelhas e riu.

- Não. Eu não tenho namorado.

Ele ia dizer algo, mas o garçom apareceu com os pratos. Isabelle agradeceu, mas esqueceu que o garçom não entendia muito do inglês, deu uma risadinha. Pela sua sorte, Demétrio agradeceu aos dois pelo garçom que sorriu e se afastou.

- Pode me dizer o que é isso que vou comer? – Ela perguntou olhando para o prato.

- É Gemista. Prove, e uma delícia, você vai gostar.

Ela fez careta antes de dar sua primeira garfada. E ao saborear a comida sentiu o gosto do tomate, pimentão e azeite. Como ele disse, era realmente muito gostoso.

- Nossa, é uma delícia!

Ele sorriu.

- Ah, e você pensa o mesmo que suas amigas?

- Sobre o quê?

- Em casar-se.

Isabelle franziu as sobrancelhas, confusa.

- Não. Quero dizer não que não queira me casar... É que no momento estou mais focada no meu lado profissional, será que você me entendeu.

- Sim, entendo.

- E você, por que não tem namorada?

Demétrio balançou a cabeça.

- Estou focado no meu lado profissional.

Isabelle hesitou e sorriu zombeteira. Será que ele estava tirando onda com a cara dela.

- Mas e Cassandra?

- Cassandra é minha prima. Não posso me envolver com ela mesmo se quisesse.

- Por quê?

- Porque ela já é comprometida.

- Jura?

Ele riu ao ver a cara dela de espanto.

- Sim.

- Nossa, e eu aqui pensando que ela tinha uma queda por você.

- Todo mundo tem essa impressão. Mas ela não tem uma queda por mim, é que crescemos juntos e somos como irmãos.

Isabelle sorriu. O assunto acabou por ali, comeram a sobremesa que veio como cortesia, o que ficou surpresa já que em Nova York não tinha aquilo mais nem se quisesse. Quando terminaram, Demétrio pagou a conta e saíram do restaurante.

- Onde vamos agora?

- Acho melhor irmos às compras. Temos que voltar antes das cinco. – disse e após andar em direção ao sul.

Isabelle notou que estavam voltando para o bairro Plaka, que situava debaixo do Acrópole, ali era uma parte distinta da cidade velha. Estando por baixo das sombras das paredes do Acrópole e com suas estreitas, a Plaka foi restaurada a sua antiga Georio. O encanto das suas paredes e das suas varandas de ferro, os gerânios que caem nos vasos de pedra, as pequenas igrejas por todo o lado e tavernas e lojas, que competem para chamar atenção das visitantes, fazem parte de um cenário magnífico. Depois do mercado de Atenas, sobre a sua de Athinas, está a Platia del Dimarcheo, a pra cá da Câmara, o centro do governo de Atenas, a praça de Kolonaki, é uma praça famosa e divertida para tomar café.

Demétrio levou-a em várias lojas chiques, como viera de uma família simples, escolheu as roupas mais baratas e bonitas, é claro. Apesar que as vendedoras só lhe traziam roupas extravagantes.

Num dado momento em que foi experimentar um vestido e quando saiu da cabine, viu que a vendedora estava rindo de algo que Demétrio falava. Quando a vendedora percebeu que estava sendo observada, sorriu sem graça e aproximou dela dizendo algo que fez Demétrio rir.

Fiquei tão sentida com aquilo que começou a escolher as roupas com menos interesse, por fim das contas acabou levando apenas um vestido que gostará muito, uma calça jeans, duas blusas e dois shorts que gostará muito.

Não se importava se a Sra. Lincoln não gostava de suas compras, pois não queria ficar recebendo ordens de uma mulher que nem conhecia e não gostava da ideia de usar o dinheiro que aquela mulher ofereceu para gastar. Bem que ela poderia me dar dinheiro para ir embora dali, pensou com ela.

Desde que começará a fazer compras perceberá que todas as vendedoras ficavam de olho em Demétrio como se ele fosse algo raro de se ver, quando olhavam para ela, riam. Na verdade, elas davam aquelas olhadas de desagrado pensando “como ele pode sair com ela" .

Odiava estar passando por aquilo. Também não era de se esperar que aquilo iria mesmo acontecer, ela andando com um cara grego e maravilhoso, enquanto ela era apenas uma mulherzinha sem graça e americana. Afinal, ambos não eram nada um do outro para se importar com aquilo.

Voltaram para o casarão em silêncio e antes das cinco. Isabelle foi obrigada a mostrar suas compras à Sra. Lincoln foi uma surpresa para ela.

- Comprou só isto?

- Sim. Não sou muito fã de fazer compras, Sra. Lincoln.

- Miranda, por favor. – lembrou-a e virou-se para o filho começou a conversa com ele em grego, pelo jeito estavam discutindo, pois Demétrio deu uma olhada para ela antes de se retirar do aposento.

O jantar ocorreu tranquilo e silencioso. Isabelle se sentiu culpada pela discussão entre mãe e filho que tiveram por algo tão bobo, mas não fizeram aquilo de propósito. Afinal só disse a verdade, não era mesmo fã de fazer compras como muitas mulheres por aí.

Estava disposta de sempre lembrar que ela era apenas uma intrusa naquela casa e não precisavam se preocupar com que ela estivesse confortável, afinal ela só queria ir para casa.

Foi para o quarto onde estava hospedada e ligou para a sua melhor amiga em vídeo pelo celular.

- Eu queria estar com você..., mas o destino nos pregou uma peça. – Sua amiga disse olhando em volta, já que ela estava sentada na cama.

- Seria bom se tivesse sido burra comigo.

Sua amiga riu do outro lado fazendo rir também.

- Veja bem, se eu tivesse sido burra como você provavelmente não estaria numa casa como essa aí.

- Ah estaríamos numa quitinete por aí. – Ela sorriu. – Mas pelo menos não iria se sentir sozinha.

- Mas cadê o bonitão que você contou?

Isabelle fez careta.

- Nem me lembre. Passei o dia andando com ele, foi maravilhoso até o momento em que todas, sabe que todas as mulheres olhavam para mim com desdém.

Sua amiga fez careta.

- Jura? Que chato isso..., mas não fica assim não você é linda, talentosa e a melhor amiga que só eu tenho.

- Obrigada.

Uma batida na porta a fez arregalar os olhos e se despediu da amiga o mais rápido que pode. Ao abrir a porta viu que era Demétrio.

- Estava falando sozinha? – ele perguntou ao olhar para dentro do quarto.

- Não.

- Pensei em ter ouvido alguém...

- Estava apenas conversando com a minha amiga. – Ela respondeu. – Estava resolvendo algumas coisas para partir na segunda-feira.

Ele ficou sem graça ao ouvi-la falar a palavra partir. Será que ele não queria que aquilo acontecesse?

- Vai mesmo ir embora sem conhecer a cidade?

Isabelle deu espaço para ele entrar no quarto. Era ridículo ficar conversando no corredor.

- Não posso ficar aqui. Eu sou uma das madrinhas de casamento da minha melhor amiga.

- É mesmo uma pena. Estava querendo te levar para conhecer o resto da cidade.

Ela sorriu sem graça.

- Pode me levar amanhã.

- Não dá para conhecer em um dia.

- Então ficará para a próxima. – Ela disse meio que sarcástica deixando-o totalmente desapontado. Estava sendo tão grossa com ele, não merecia ser tratado daquele jeito depois de tudo o que ele andou fazendo por ela. – Me desculpe. É que não quero perder... o casamento.

- Entendo.

- Eu sinto falta deles. Era para ter sido uma viagem em família, mas eu não estou lá com eles. – falou desanimada. – Será que é muito longe daqui?

Demétrio hesitou.

- Sim. De avião leva umas sete horas de viagem mais ou menos.

- Tudo isso. Você não tem um helicóptero escondido por aí não?

- Não.

Ela fez careta sentando-se na ponta da cama.

- Sinto falta dos meus pais e a única coisa que eles querem agora é me matar. – Resmungou chorona. - Eu estraguei a viagem e o casamento do meu irmão.

- Sinto muito.

- Como se isso ajudasse. Desculpa, não quero ser um estorvo para vocês aqui.

- Você não está sendo um estorvo.

- Mas fiz sua mãe brigar com você por causa... das compras.

- Ela gostou de você.

- Jura?

- Sim.

- Pelo menos alguém aqui gostou de mim.

- Eu gosto de você. Você é diferente, é espontânea.

Ela sorriu.

- Você ia falar alguma coisa para mim?

- Ah sim. Só queria avisar que amanhã iremos dar um passeio e queria saber se não quer ir junto.

- Ah bem, não tem para onde eu ir a não ser com vocês.

- Ótimo. Você vai gostar... e até amanhã. – Ele disse indo até a porta. – Kaliníxta, Isabelle.

- O quê?

Ele riu baixinho.

- É só uma boa noite em grego.

- Ah, um... kaliníxta para você também. – Ela respondeu toda sem graça.

Isabelle observou-o sair do quarto sorrindo. Toda contente, trocou de roupa e se deitou na cama, passou horas ali olhando o teto e pensando naquele homem enigmático até finalmente conseguir dormir.

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Comments

Jeane Sil

Jeane Sil

Interessante, é bom aprender lendo ficção.
Procurei no YouTube e assist.
parabéns autora.

2024-12-11

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