Capítulo 2

...Capítulo 2...

Sozinha naquele quarto enorme, sentiu-se uma completa idiota e inteira. Estava completamente isolada naquele mundo estranho, principalmente aquele homem misterioso que estava conseguindo dominá-la com tanta facilidade. Mas sabia que nunca na sua vida tinha encontrado um homem que a fizesse chamar atenção.

Ao lembrar que quase não chamava atenção dos homens, a deixava meio que decepcionada consigo mesma. Ela não se achava uma garota bonita e muito menos perfeita. No colégio havia sofrido muito com os garotos e se decepcionou com um rapaz que seus irmãos pagaram para sair com ela e desde quando descobrirá ela tentará seguir com a vida como se nada daquilo tivesse acontecido. Claro que tivera um namorado que durou apenas seis meses e nada mais, e não tinha vergonha por dizer que não tivera muitos relacionamentos a sério, porque ela mesma não queria ser magoada novamente.

Ela se dedicava ao trabalho ao invés de ficar indo atrás de homens, essa fora a sua vida. Terminará os estudos e fizerá cursos para ajudar o seu pai na confeitaria e desde então foi só o que fizera na vida e tinha orgulho de ser o que era.

Observou ao redor e reparou que o quarto era em tons cor de rosa e branco, havia uma cama de casal com lençóis ricamente limpos, uma penteadeira num canto e um guarda roupa ao lado. Havia um banheiro pequeno e bonito. Ficou na vontade de tomar um banho na banheira, mas alguém bateu na porta interrompendo sua vontade.

Era apenas uma empregada lhe trazendo algo para comer. Agradeceu a moça que pareceu envergonhada e saiu sem dizer nada.

Quando terminou de comer tudo, foi mexer na sua mochila a procura do carregador e tratou de colocar o seu celular para carregar, mas não encontrou nenhuma tomada por ali, estava procurando atrás dos móveis, quando a porta abriu e Demétrio apareceu, surpreso ao vê-la agachada ao lado da penteadeira.

- O que está fazendo?

- Ah... Estava só procurando uma... tomada. – Gaguejou e sorriu para disfarçar o embaraço.

- Você quer queimar seu celular, né. – Ele zombou e se aproximou dela. – Eu carrego para você, as tomadas daqui não são iguais de onde você veio.

- Sério?

- Sim. Se você tem celular, por que queria um telefone?

- Está descarregado. Escutei música a viagem toda. – Ela fez careta ao lembrar por ter sido tão burra.

- Entendi. Bem, você já comeu?

- Sim. Estava muito boa a comida.

Ele sorriu e sem tirar os olhos de cima dela, pegou o carregador e o celular das mãos dela. Aquele homem tinha olhos enigmáticos por deixá-la tão zonza e hipnotizada.

- Que bom. Vamos, o pessoal está esperando lá embaixo para conhecê-la.

- Quem?

- Minha família está lhe esperando.

- Para quê?

Demétrio a fitou.

- Vai descer ou vai ficar fazendo perguntas?

- Eu não sei. Não tenho muito o que fazer.

- Venha, vamos descer e conversa um pouco... – ele a chamou. – Só vou colocar isso para carregar.

Ela aceitou o convite e o acompanhou até uma porta, onde ele entrou enquanto ela ficou de fora esperando-o, foi coisa de segundos ele voltou e desceram juntos até a sala. A casa em si era muito bonita, nunca na sua vida entraria num lugar daquele se tivesse vindo à Grécia por vontade própria.

Ao entrar na sala, percebeu que não iam ficar sozinhos, tinha mais gente, um casal de velhos, a mãe dele e uma moça jovem e muito bonita que a olhou da cabeça aos pés. Sabia que não estava elegante como os demais, e isso a deixou preocupada. Costumava usar muita calça despojada e blusas simples e a jaqueta jeans por cima, e claro o seu maravilhoso tênis all star que nunca tirava dos pés, afinal era tão confortável.

Demétrio a apresentou aos demais e sentiu os olhares de Cassandra em cima dela o tempo todo, era uma amiga da família a muito tempo, pelo que notou e claro que também notou que ela dava em cima de Demétrio o tempo todo.

- Meu filho contou que se perdeu... ia para Londres num casamento?

- Sim. Meu irmão vai se casar com a minha melhor amiga.

- Nunca viajou sozinha?

Isabelle fez cara de deboche e respondeu.

- Já sim. Mas não tão... longe.

- Imagino como seus pais devem estar preocupados aonde você está. Eu fico preocupada quando Demétrio viaja e sei como é. – a mãe dele disse olhando para ele. – Mas pode ficar tranquila, está em boas mãos.

Será que estava mesmo em boas mãos? Fiz essa pergunta diversas vezes desde que entrou no carro daquele homem.

- Acho que vocês devem estar pensando como fiz uma burrice dessa? – Ela debochou dela mesma. – Nunca mais vou ler livros no aeroporto e usar fones de ouvido.

- Isso acontece.

- Ah, a senhora conhece outra pessoa que fez isso? – Ela foi irônica, mas viu que todos olhavam sérios para ela. – Desculpa, não era para soar irônica.

Miranda assentiu.

- Tudo bem. Mas não precisa se preocupar, pode ficar aqui até você conseguir ir para Londres.

- Obrigada, pela hospitalidade  Mas acho que não vou ficar muito tempo.

- Não quer conhecer a cidade? – Demétrio perguntou.

- Não posso. Tenho um casamento para ir e a essa hora todo mundo deve estar querendo me matar.

- Sempre quis ir a Nova York. – Resmungou Cassandra.

- Eu não tenho que reclamar de lá. Adoro Nova York...

- As pessoas lá se vestem assim o tempo todo?

Isabelle olhou para suas roupas e não viu nada de errado. Sempre gostará de usar coisas simples, mas não sabia que naquele lugar as pessoas se importavam muito com a aparência.

- Na verdade não. Mas se você pretende ir lá, sugiro que troque seu guarda-roupa para acabar com uma gripe bem forte.

Demétrio e os demais riram da gozação dela. Não quis ser engraçado, mas não deixaria ninguém achar que podia humilhar ela daquele jeito.

- Mas acho que deveria conhecer a cidade. – Ele insistiu novamente.

Isabelle sorriu.

- Eu não gosto muito de história.

Todos ali a encararam perplexos ao ouvi-la dizer que não gostava de história. Não era obrigada a dizer que gostava do lugar para não os ofender e seria chato mentir há eles. Demétrio só estava insistindo naquele assunto para fazê-la mudar de ideia.

- Desculpa se ofendi há todos.

- Ah bobagens, a gente não pode obrigá-la a gostar de algo. Mas se eu fosse você aproveitaria dar uma volta na cidade, enquanto você resolve o problema.

- Vou pensar.

Miranda sorriu.

- Você trabalha?

- Sim. Meu pai tem uma confeitaria e eu o ajudo nos negócios.

- Legal. E você faz o que lá?

Isabelle olhou para Demétrio, confusa. Agora estava sendo entrevistada pela mãe dele.

- Bem, eu gerencio a parte de contabilidade e as vezes fico no caixa. Isso quando não me dá vontade de ajudar na decoração dos bolos. – Ela contou orgulhosa.

A velha senhora resmungou algo em grego e fez todo mundo rir, enquanto Cassandra resmungou em grego. Esperava não estar sendo mal falada por eles.

- Isso é muito bom.

- Acho que por hoje é só, você deve estar cansada não é. – Demétrio indagou levantando-se.

- Que pena, adorei conversar com você Isabelle. Amanhã podemos conversar mais...

Ela suspirou e assentiu.

- Claro.

Isabelle se despediu de todos e seguiu Demétrio até o quarto onde iria dormir naquela noite.

- Quando vou poder usar o telefone?

- Amanhã.

- Olha sobre o que sua mãe disse lá embaixo sobre ficar aqui, não vou ficar. Posso me arranjar num hotel barato... O que foi? Tem algo de errado com as minhas roupas?

Demétrio parou de observá-la e respondeu calmo.

- Nada. Não tem nada de errado com suas roupas.

- Então porque está me olhando como se tivesse algo errado.

Ele deu de ombros.

- Só estava verificando uma coisa. Mas não há nada para se preocupar.

- Você é estranho.

Ele sorriu colocando as mãos no bolso da calça.

- É melhor ir dormir. Tem roupas no guarda roupa e fique à vontade. O café é servido às oito... até amanhã.

- Espera... – Ela chamou-o, mas ele já havia se afastado.

 

Demétrio fechou a porta do seu quarto e pôs a desabotoar a camisa e pensou na mulher que trouxera até a sua casa.

Isabelle Herrera era uma mulher que faria qualquer homem enlouquecer. Havia algo nela que o fazia esquecer de quem ele era realmente. Queria muito conhecê-la de verdade, quando a virá tão perdida e desesperada no aeroporto sentiu vontade de agarrá-la, mas infelizmente teve que usar o bom senso e fazer as coisas da maneira mais simples.

Sempre se perguntará como uma simples mulher com poucos atrativos podia acabar com a vida de um homem. Era difícil de acreditar, mas estava atraído por aquela mulher.

Isabelle era pequena, talvez com um e sessenta de altura, não era tão magra mas tinha um belo corpo, com curvas perfeitas, o cabelo castanho com franja combinando com os olhos azuis e a boca carnuda e rosada, pronta para um beijo apaixonado.

Sabia que estava sendo irracional, sendo um homem que sabia a diferença entre atração física e paixão. E o que sentia por Isabelle não era atração física, tinha perdido a razão, quando havia pensado em trazê-la para sua mansão e fazê-la prisioneira. E conseguirá, mas não estava sendo gentil o bastante com ela desde que a conhecerá naquela tarde.

Era óbvio que o único pensamento que ela tinha era sair dali o mais rápido possível. Sabia o que ela pensava sobre a Grécia, e gostaria que ela conhecesse o lugar antes de julgar o local sem conhecer.

Estava disposto a mudar aquele pensamento dela.

 

Na manhã seguinte Demétrio acordou tarde, tomou banho e trocou de roupa, desceu e encontrou sua família na sala de estar e logo percebeu que não fora o único a ter acordado tarde. Isabelle acabara de entrar depois dele, que se entreolharam confusos.

Ambos pediram desculpas pelo atraso e sentaram se juntando aos demais. Mas assim que o café foi servido a Sra. Lincoln perguntou.

- Como foi sua noite, Isabelle. Espero que tenha dormido bem?

- Sim, Sra. Lincoln.

- Ah, me chame de Miranda.

- Todos lá de casa me chamam de Izzie. – Ela contou e sorriu.

Miranda sorriu.

- Maravilha. E você meu filho, tem planos para hoje?

- Não. Acho que o papai já está resolvendo tudo.

- Maravilha. Você poderia levar a Izzie ao centro da cidade, acho que ela precisa de algumas roupas.

- Não precisa se preocupar...

- Nada disso. Até que resolva o seu problema não vai ficar andando com a mesma roupa por aqui. – Miranda disse.

Izzie franziu as sobrancelhas, desgostosa.

- Mas vocês nem me conhecem.

- Bem, sinta-se privilegiada. – Miranda sorriu.

- Eu tenho dinheiro, posso trocar daqui e...

- Bobagem. Aceite o meu presente... não gaste o seu, você vai precisar do seu em casos de emergência.

Isabelle ia recusar novamente, mas viu que seria perda de tempo. Teria que dar um jeito de cair fora dali, não poderia ficar ali como se o casamento não acontecesse. Tinha apenas seis dias para estar em Londres. Odiaria a si mesma por não poder participar do casamento de sua melhor amiga e do seu irmão.

Quando terminaram de tomar o café da manhã, Demétrio sumiu, enquanto ela foi até o quarto e ficou lá esperando que alguém aparecesse para que ela pudesse sair. Queria muito falar com os seus pais e esperava que Demétrio não tivesse mentido para ela e não deixasse de fazer ligação e claro que tinha o seu celular que estava carregando.

Resolveu sair do quarto e parece que foi Deus, Demétrio passava por ali assim que saiu do quarto.

- Oi, você me deve uma ligação?

Demétrio encarou-a por um momento, por fim levou-a um escritório que ficava no fim do corredor. O escritório era incrível, havia uma escrivaninha de mogno, e envolta uma estante repleta de livros e um tapete persa.

Observou-o ir até a escrivaninha que tinha um computador e o telefone, ele pegou o aparelho e estendeu a ela.

- Vai ter que vir para o telefone.

Isabelle se aproximou e pegou o fone.

- Vai ficar aqui me observando?

- Tem algum problema?

- Bem, a conversa é... particular.

Ele nem sequer se moveu, então fez a ligação já que não podia reclamar, afinal estava usando o telefone dele. Minutos depois, sua mãe atendeu o telefone.

- Mamãe... é a Izzie, eu estou bem. – Ela disse e depois começou a contar o que havia acontecido, mas depois afastou o fone do ouvido. – Mãe, eu estou bem ok... só liguei para contar onde estou e para pedir para o papai me mandar outra passagem. Será que dá para fazer isso? – ouviu sua mãe reclamar do outro lado. – Eu não sei o que fazer, não tenho como... já se foram minhas economias... eu sei, e estou ferrada até o último fio de cabelo que tenho. – Ela fez careta. – Não fiz isso porque quis... foi um acidente. Se eu quisesse fugir de vocês teria ido para Austrália, pelo menos lá não tem monumentos. – Suspirou e novamente escutou sua mãe reclamar. – Ok. Tenho que desligar... até mais e manda beijos para todos.

Assim que desligou o telefone, suspirou desanimada. Sabia que iria ficar caro todo aquele negócio todo sobre a viagem.

- Desculpa pela demora... espero que não fique caro a ligação.

- Sem problema.

- Será que você poderia me dizer como encontrar um hotel... não posso ficar aqui, meus pais vão dar um jeito de comprar uma passagem para mim.

- Que bom. Mas minha mãe me pediu para levá-la no centro e não posso deixar de cumprir ordens dela.

- Eu não posso aceitar presentes e nem ficar num teto de gente desconhecida.

- Bem, passou a noite aqui...qual é o problema de ficar mais alguns dias.

Isabelle hesitou.

- Não posso ficar aceitando isso.

- Bem, você pediu minha ajuda e estou fazendo isso.

- Sim, pedi ajuda para usar um telefone e não para ficar aqui e se aproveitar da bondade de sua mãe. – Ela cruzou os braços. – E, além do mais, cadê o meu celular?

Demétrio encarou-a e só então foi até uma outra mesa, em seguida lhe entregou o seu celular.

- Obrigada.

- Será que agora podemos ir?

- Tenho que ir mesmo? – Ela fez careta ao vê-lo assentir, então resmungou algo e saiu dali indo até o quarto.

 

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Comments

Adriane Alvarenga

Adriane Alvarenga

Será que ele vai prender ela lá na casa dele??? Se fosse eu até ia gostar....meu sonho desde a adolescência, conhecer a Grécia....❤❤❤❤❤❤

2025-01-27

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