Estacionei no amplo estacionamento da casa da minha família. Quer dizer, da fortaleza da máfia Salvatore. Era, sem dúvida, a residência mais segura de toda Chicago. Apesar de ter meu próprio apartamento, eu vinha aqui diariamente. Algumas coisas não mudam, não importa o quão independente você seja.
Dominic, Camille e Vic ainda moravam aqui. Fabrizio tinha o próprio apartamento, e Nathalie só aparecia quando não estava rodando o mundo — o que, neste momento, significava que ela estava curtindo as praias da Tailândia.
Vic, por outro lado, era a "garotinha da família". Não sabia atirar, muito menos lutar, mas recusava todos os seguranças que providenciávamos para protegê-la.
— Boa tarde, família. — anunciei, pegando Mavie no colo. A pequena, com seu vestido estampado de joaninhas, caiu na gargalhada.
— Titio!
Ah, agora ela falava. E falava muito. Com quase dois anos, ela tinha mais palavras do que a gente conseguia acompanhar, mesmo que metade do que dizia fosse um mistério. Ainda assim, fingíamos entender cada frase.
— Michel, Michel, irmão lindo do meu coração! — Vic correu até mim, dramática como sempre. — Por favor, diz pro seu irmão mais velho e ranzinza que eu não preciso de mais uma equipe de seguranças. Uma já é o suficiente.
— Vic... — ela me encarou com aqueles olhos azuis, tão grandes e expressivos que me lembravam um certo gatinho de botas. Como dizer "não" para essa miniatura? Suspirei, derrotado. — Tá bom... Dom, uma equipe só tá bom. Nossa irmãzinha não é uma criminosa procurada.
— Criminosa, não. Mas como é que ela consegue colocar homens de quase dois metros pra correr? — Leo apareceu na porta, entrando na conversa com um sorriso divertido.
— Essa é a pergunta que eu me faço todo santo dia. — Dominic gesticulou em direção ao amigo. — Essa garota tem 23 anos, mal tem um metro e meio, e não é tão feia assim. Como ela faz pra virar todos os seguranças em amigos e depois mandar eles embora?
— Esse segredo, meus caros, eu não conto pra ninguém. — Vic respondeu com um sorriso petulante, cruzando os braços como se fosse dona do mundo.
— Joabinha, joabinha! — Mavie começou a balançar no meu braço, me chamando do jeito dela.
— Vem cá, joaninha. — Camille pegou a pequena dos meus braços com delicadeza. — Está na hora da história da joaninha dela.
Sorri, observando o cuidado que Camille tinha com Mavie. Meu irmão e minha cunhada faziam o possível para evitar telas na criação da filha. O universo de Mavie era feito de livros, pinturas e brinquedos, um mundo colorido e protegido, bem diferente do que nos cercava.
Dominic fez um sinal com a cabeça, chamando minha atenção. Ele e Leo se dirigiram ao escritório, e eu sabia que estava na hora de conversar sobre os "assuntos de família".
— Temos um problema. — Dominic anunciou, sentando-se atrás de sua mesa com expressão grave. — Os russos resolveram brincar com o próprio destino. Sabe o que eles tiveram a audácia de propor? Mandaram um dos deles aqui para negociar. Queriam 90% do controle da Salvatore.
— Puta que pariu! — Leo exclamou, incrédulo. — Primeiro os Camorra, agora os Bratva? Quem vem depois?
— Parece que esses caras estão pedindo pra morrer. — comentei, cruzando os braços. — Como é que têm coragem de vir mexer com quem está quieto?
Dominic deu um sorriso frio, aquele que só ele sabia fazer, um misto de ameaça velada e diversão perversa.
— Eles acham que somos fracos porque não reagimos ao primeiro ataque. Querem testar nossos limites.
— E qual vai ser a resposta? — perguntei, já sabendo que o assunto não acabaria bem para os russos.
Leo pegou um charuto sobre a mesa, mas nem se preocupou em acendê-lo. Ele só girou o objeto entre os dedos, pensativo.
— Acho que está na hora de lembrá-los por que o nome Salvatore é temido em Chicago e além.
Dominic concordou com um leve aceno.
— Não deixaremos barato. Mas quero agir estrategicamente. Nada impulsivo, nada que nos exponha. Vamos lidar com isso do nosso jeito.
— Então, qual é o plano? — questionei, encarando-o com interesse.
Dominic sorriu de canto, como quem já tem tudo sob controle.
— Primeiro, vamos deixá-los confortáveis. Vamos mostrar que estamos "dispostos a negociar". E, quando acharem que estão ganhando... – Ele fez uma pausa, deixando a ameaça no ar. – Eles vão perceber o erro fatal que cometeram.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Dulce Gama
essa história está muito linda tô amando
2024-12-04
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