Capítulo 01

Eu amava minha profissão. Salvar vidas de pessoas inocentes era o que me movia neste mundo. Bem, inocentes talvez fosse a palavra-chave. Porque, se alguém ousasse ameaçar ou prejudicar minha família, eu não hesitava: mandava direto para a cova.

Já fazia nove meses desde que nos livramos dos inimigos italianos. Finalmente vivíamos um período de calmaria. Nossa pequena Mavie crescia saudável, longe dos perigos que o mundo sujo e cruel tentara impor a ela antes mesmo de nascer. Tentaram matá-la quando ainda era só uma sementinha. Agora, com quase um ano, aquela garotinha de olhos heterocromáticos era a luz dos meus dias.

Pela manhã, realizei uma cirurgia delicada: removi um tumor de uma criança. Felizmente, tudo correu bem. Hoje, porém, a rotina mudava um pouco. Era dia da visita do CEO do hospital, então, como de costume, tínhamos que marcar presença no auditório do Getúlio Simmons, o principal hospital universitário do conglomerado HUGs. Além do hospital, o grupo também administrava o quartel do corpo de bombeiros da cidade, outro pilar da infraestrutura de Chicago.

Entrei no auditório e me sentei ao lado de Zick e Maya, meus colegas de longa data e confidentes do meu lado obscuro. Peguei meu café da Starbucks e o saboreei enquanto o telão exibia o nome e a foto de Fred Simmons, o CEO.

— Não sabia que os bombeiros viriam também — comentou Maya, mordendo seu donut e alternando entre goles de milkshake.

— Pensei que tivessem uma reunião própria lá no quartel — disse Zick, pegando uma pipoca do saquinho que trouxe.

— E se acontecer alguma emergência e eles não estiverem lá? — Maya resmungou. — Ser bombeiro é assim, né? Não tem um dia de paz.

— Acho que só mandaram os representantes — respondi, observando o auditório se encher.

— Ah, não! Não acredito nisso... Que droga! — Maya exclamou de repente, incrédula, mastigando o donut com raiva. — O que aquela vadia tá fazendo aqui?

Segui seu olhar até a porta, onde uma mulher loira acabava de entrar. Usava uma camisa azul-marinho com a logo dos QGs, uma calça boca de sino e um coturno com salto. Ela era, admitidamente, muito bonita.

— Bonita ela é — comentei, olhando-a por mais tempo do que deveria. — Bonita é pouco. Ela é gostosa pra caralho.

— Concordo — Zick completou, rindo.

— O quê?! Vocês não podem achar ela bonita, seus traidores! — Maya nos fuzilou com o olhar.

— Por que você não gosta dela? — perguntei, curioso.

— Estudamos medicina juntas. Ela decidiu ser paramédica, e a mãe dela quase surtou. Éramos melhores amigas nos primeiros períodos, mas brigamos no terceiro ano. Depois disso, começamos a espalhar mentiras uma sobre a outra na universidade.

— Por que brigaram? — Zick perguntou, mordendo a pipoca, claramente se divertindo.

— Porque ela decidiu não me convidar para o aniversário de 20 anos dela. Melhores amigas, e ela não me chamaria? Então, liguei para a polícia e denunciei a festa. Bom, ela acabou indo parar na delegacia porque tinha drogas no local.

Encarei a mulher, agora sentada algumas fileiras à nossa frente. Ela parecia alheia à confusão que sua presença causava. Enquanto isso, Maya continuava resmungando, enumerando os defeitos de sua antiga melhor amiga e detalhando como ela era "manipuladora" e "egoísta". Tentei conter um sorriso. A tensão no ar prometia um dia interessante.

— Bem-vindos a todos e muito obrigado por estarem aqui hoje. Meu nome é Fred Simmons. Meu avô fundou este hospital e o quartel de Chicago com o objetivo de melhorar a vida dos cidadãos e proporcionar excelência aos profissionais que atuam nessas áreas — declarou Fred, com a segurança de quem estava acostumado a discursar. — Hoje, temos a honra de contar com a presença de três dos nossos melhores bombeiros: Edward, Nathaniel e Elisa, nossa talentosa paramédica.

O auditório irrompeu em aplausos enquanto os três bombeiros se levantavam para cumprimentar o público. Meu olhar se prendeu na loira. Ela tinha um sorriso impressionante, que parecia iluminar o ambiente. Por um breve instante, nossos olhos se encontraram, e senti uma pontada de familiaridade. Já tinha visto aquela mulher antes, mas onde?

— Sinto que conheço essa donzela — comentou Zick, também fixando os olhos nela.

— Provavelmente já ouviu falar dela. É filha de Zeneide Parker, a estilista e professora de passarela mais famosa do momento. Além disso, o pai dela, Hermes Parker, foi um nadador lendário, com doze medalhas de ouro olímpicas no currículo — explicou Maya, com um tom ácido que entregava sua aversão.

Quando Elisa voltou a se sentar, lançou um olhar para trás, exatamente na minha direção. Tentei decifrar aquele gesto, mas logo percebi um homem ao lado dela que passou o braço casualmente por suas costas. Será que estavam juntos?

— Ah, é verdade! Agora lembrei dela — Zick falou, estalando os dedos. — Hermes Parker era uma lenda!

Maya apenas assentiu, sem demonstrar interesse em prolongar o assunto.

A apresentação continuou por mais meia hora antes de sermos dispensados. Peguei meu jaleco branco, que estava pendurado no braço da cadeira, e segui para a saída.

Do lado de fora, me deparei com Elisa mexendo no celular. Decidi me aproximar e, de propósito, esbarrei levemente nela.

— Olha por onde anda, idiota! — ela reclamou, sem tirar os olhos do telefone.

— Com uma beldade como você no caminho, é impossível prestar atenção por onde andar — respondi, com um sorriso despreocupado.

Ela ergueu os olhos e me encarou. Seu sorriso de canto era puro deboche, e seus olhos verdes pareciam vasculhar minha alma. De perto, era ainda mais bonita, se é que isso era possível.

— Não caio em joguinhos como o seu — respondeu, com firmeza.

— Não pedi pra cair — retruquei, mantendo o tom descontraído.

— Tenta outra cantada da próxima vez — disparou, começando a se afastar.

— Pode deixar — falei, observando-a sair pelo corredor.

Não resisti e deixei meus olhos seguirem o movimento dela. A calça jeans realçava sua silhueta de uma forma quase hipnotizante.

— Você não tem vergonha na cara, né? — Maya me cutucou no braço, me olhando como se eu tivesse cometido um crime.

Apenas sorri, dando de ombros. Conhecer Elisa de perto tinha sido um "acidente" muito bem planejado.

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Comments

Veranice Zimmer Ferst

Veranice Zimmer Ferst

Não entendi nada na foto ela é morena linda e autora falou que ela é loira alta magra como assim não entendi nada puvor né 😔 prefiro ela morena linda da foto!????

2024-12-19

1

Claudia Teixeira

Claudia Teixeira

já estou gostando autora...bora pra mais uma história linda

2024-12-03

2

Dulce Gama

Dulce Gama

KKK essa história vai dá

2024-12-03

1

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