Na segunda-feira, o céu estava nublado, e o dia começava com o ritmo acelerado de trabalho. Lavínia levantou cedo, como sempre, para ajudar sua mãe. Depois de levar o irmão mais novo para a escola, ela seguiu com sua mãe até o mercado para pegar as empadas e começar a venda.
A rua estava movimentada. Lavínia descia o morro carregando uma enorme caixa de empadas, cumprimentando as pessoas que a conheciam desde criança. Dona Margarida, uma senhora que morava na esquina, conversava com uma amiga e, ao ver Lavínia passando, comentou em voz alta:
– Essa menina é uma guerreira, viu? Não para nunca. Além de ajudar a mãe, faz faxina e tudo que aparece, ela pega.
Lavínia sorriu e acenou com a cabeça, agradecendo o elogio, mas não desacelerando o passo. Ela estava acostumada com a rotina e, embora cansada, sentia-se bem com o que estava fazendo. No trajeto, várias pessoas paravam para comprar as empadas e ela continuava seu trabalho com eficiência, entregando os salgados fresquinhos e conversando rapidamente com os clientes.
Já no fim da manhã, depois de horas percorrendo os ônibus e terminais, Lavínia finalmente teve um momento para descansar. Sentou-se sobre a caixa de empadas, aliviando os pés doloridos. Foi quando sua amiga Samila apareceu, radiante de felicidade, com um sorriso largo no rosto.
– E aí, Lavínia, como tá o dia? – Samila perguntou, agitando o celular nas mãos.
– Mais um dia, né? Vendendo essas empadas pelo mundo afora – Lavínia respondeu, puxando o cabelo para o lado.
Samilia, com um brilho nos olhos, começou a explicar sua empolgação.
– Ah, tô feliz, amiga! Ganhamos uma grana boa na aposta, vou aproveitar o final de semana pra fazer praia, cerveja e mais praia. Vai ser top!
Lavínia deu uma risada, balançando a cabeça em reprovação.
– Você é maluca, Samila! Isso é perigoso. Não é sempre que dá sorte, né?
Samilia deu de ombros, descontraída, e continuou.
– Ah, mas já ganhei várias vezes, amiga! Tô começando a me imaginar já no sol, com marquinha de biquíni e comprando uns cremes pro cabelo. Vai ser demais!
Enquanto a amiga falava, Lavínia abriu seu celular distraidamente, passando os dedos pela tela até parar em uma foto. Ela ficou observando um tempo, com um olhar pensativo. Samila, curiosa, percebeu e se aproximou, perguntando:
– Quem é esse loiro gostoso?
Lavínia sorriu, um pouco tímida, mas respondeu com ironia:
– Esse é meu futuro marido. Respeita, hein!
Samilia arregalou os olhos e tomou o celular das mãos de Lavínia.
– O quê?! Futuro marido? Que história é essa?
Lavínia riu e explicou, ainda sorrindo.
– Ah, é só um empresário que eu achei bonitão. Fiquei vendo as fotos dele na internet. Não é nada demais, não.
Samilia balançou a cabeça, rindo da amiga, sem conseguir parar de zombar.
– Você é uma iludida, Lavínia! Esse cara nem sabe que você existe.
As duas riram juntas, enquanto o sol começava a sair por trás das nuvens, refletindo a luz suave em seus rostos. Lavínia sabia que aquela fantasia era só um momento de distração, mas ela não se importava. Era bom sonhar um pouco em meio à dura realidade que vivia.
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Afonso Medrado dirigia seu carro de última geração pelas ruas movimentadas da capital. O veículo, de um brilho impecável, chamava atenção por onde passava. Os vidros escurecidos davam um ar de mistério ao empresário, que, com seus óculos escuros e expressão impassível, parecia intocável.
A mansão Medrado ficava a poucos quilômetros da sede da empresa, e o trajeto era familiar para Afonso. Enquanto ouvia uma música suave no rádio, sua mente começou a vagar, puxando memórias que ele pensava ter deixado para trás.
Um flashback se desenrolava: era o momento em que, ainda adolescente, Afonso acompanhava o pai nas reuniões da vinícola. Lembrava-se das conversas rígidas e da pressão constante para ser o herdeiro ideal. O pai, Afonso Medrado Alcântara, não aceitava erros, e cada decisão do filho era analisada com olhos críticos.
– Um dia tudo isso será seu – dizia o patriarca, apontando para os vinhedos que se estendiam até onde a vista alcançava. – Mas lembre-se, nada disso é dado. É conquistado.
Afonso apertou o volante ao lembrar-se dessas palavras. Seu pai nunca o via como suficiente, mesmo que ele seguisse cada regra, cada exigência. As expectativas sempre o esmagavam, e mesmo agora, após a morte do pai, sentia o peso de carregar o legado.
Outro flashback veio como um soco: a última discussão com Álvaro.
– Você só está no topo porque o papai te colocou lá! – Álvaro gritara, o rosto vermelho de raiva.
– E você acha que ele te colocaria? – Afonso retrucou, a voz baixa, mas cortante. – Não aguentaria um mês no meu lugar.
O som da buzina de um carro ao lado o trouxe de volta à realidade. Ele piscou, ajeitando os óculos e focando na estrada. Aproximava-se da entrada da Medrado Vinhos, um edifício moderno cercado por jardins impecáveis e decorado com o logotipo da família. Afonso estacionou em sua vaga exclusiva, saiu do carro e ajustou o terno.
Enquanto caminhava em direção à entrada principal, sua expressão era de determinação. O passado poderia persegui-lo, mas ele sabia que o presente exigia sua força. Ali, ele não era apenas Afonso Medrado. Ele era o líder da maior vinícola do país.
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Joicy Angelossi
Afonso carrega vários gatilhos
2025-03-16
1
Adryelle de jesus😍
Coitado do Afonso
2025-03-11
3
Claudia
Sonhar não paga imposto 🤭🤭🤭🤭♾🧿
2024-11-26
1