O carro avançava pela estrada deserta, e o silêncio entre eles parecia mais denso que nunca. Gabriel observava a paisagem escura passar, mas sua mente estava presa ao momento que compartilharam na cabana e ao toque silencioso de Luca, como uma promessa que ele nunca ousaria dizer em voz alta.
Depois de algum tempo, o horizonte começou a clarear, revelando que o amanhecer estava próximo. Luca fez uma curva em direção a uma estrada de terra, escondendo o carro entre árvores densas. Assim que estacionou, desligou o motor e suspirou profundamente.
"Vamos esperar aqui até o dia amanhecer totalmente," Luca disse, ainda focado no entorno. "É mais seguro."
Gabriel assentiu, observando o perfil de Luca iluminado pela luz fraca do amanhecer. Ele sabia que, por trás de toda aquela frieza, Luca carregava algo mais profundo — uma dor que tentava sufocar. O silêncio entre eles agora parecia cheio de perguntas que Gabriel desejava fazer, mas não sabia como.
"Você sempre foi assim... sozinho?" Gabriel perguntou, quebrando a quietude.
Luca desviou o olhar, hesitante. "Foi uma escolha," ele respondeu, quase como se estivesse convencendo a si mesmo. "Nessa vida, se você se conecta a alguém, transforma essa pessoa em um alvo. Então, é mais seguro não ter ninguém."
Gabriel respirou fundo, a voz baixa. "Mas e agora? Você ainda acredita nisso?"
Luca fechou os olhos, e por um momento Gabriel pensou que ele não responderia. "Às vezes é inevitável," ele murmurou. "Mas o medo nunca desaparece. É como um veneno… sempre esperando o momento certo para destruir o que você ama."
Gabriel aproximou-se, tocando o ombro de Luca, querendo romper aquela barreira invisível. "Eu não tenho medo, Luca. Não do jeito que você pensa."
Luca finalmente o encarou, seu olhar intenso e cheio de uma vulnerabilidade que Gabriel raramente via. "Eu sei que não tem," ele disse, sua voz quase um sussurro. "Mas isso não torna as coisas mais fáceis."
O sol começava a se erguer no horizonte, lançando uma luz suave sobre os dois. Gabriel percebeu que aquele momento era raro — uma pausa breve e íntima em meio ao caos que os cercava. Luca o observava, e Gabriel sentiu uma conexão quase dolorosa entre eles, como se aquele instante pudesse significar tudo que nunca disseram.
Depois de um tempo, Luca quebrou o contato visual e limpou a garganta. "Assim que amanhecer, precisamos seguir para o próximo ponto seguro. Vamos ter um intervalo de descanso, mas quero que fique atento a qualquer movimento estranho. Eles ainda estão nos rastreando."
Gabriel assentiu, entendendo que aquele momento, por mais precioso que fosse, seria efêmero. Mas não importava. Ele sabia que, apesar das barreiras de Luca, algo entre eles havia mudado. Estavam conectados de uma forma que ia além das palavras, e, por mais que tentassem ignorar, essa verdade parecia mais inescapável a cada dia.
Enquanto o amanhecer iluminava o céu, Gabriel prometeu a si mesmo que não recuaria. Estava pronto para enfrentar qualquer escuridão ao lado de Luca, mesmo que o futuro fosse incerto.
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Atualizado até capítulo 51
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