Os passos de Gabriel e Luca ecoavam pela floresta enquanto se afastavam da clareira. O mundo ao redor parecia mais denso e escuro a cada segundo, como se a própria natureza tentasse sufocá-los. A tensão entre eles era tão palpável quanto o perigo que sabiam estar próximo. O tempo estava contra eles, e a cada passo, Gabriel sentia como se as sombras ao redor se fechassem mais.
Depois de minutos em silêncio, Luca quebrou a quietude com sua voz firme. "Há um refúgio mais seguro além dessas árvores, perto de um rio. Podemos esperar lá até a madrugada."
Gabriel assentiu, sem questionar. Apesar de todas as dúvidas e temores, confiava cegamente em Luca. O olhar dele parecia constantemente dividido entre o foco absoluto e uma preocupação discreta, mas genuína. E, apesar de todas as barreiras que Luca colocava entre eles, Gabriel sentia que havia algo mais ali, uma verdade que ele escondia de todos, talvez até de si mesmo.
Após um tempo de caminhada cuidadosa, eles chegaram a uma pequena cabana de madeira, quase camuflada pela vegetação. Luca conferiu as redondezas, atento a qualquer sinal de intrusos, antes de acenar para Gabriel entrar. O interior era simples, com algumas mantas espalhadas, uma pequena lareira e estantes cheias de equipamentos.
“É aqui?” Gabriel perguntou, observando o espaço com curiosidade.
"Sim. Esse é um dos poucos lugares que ainda estão fora do radar," Luca respondeu, fechando a porta com cuidado.
O silêncio que se seguiu foi quase sufocante. Gabriel sentia a adrenalina ainda em seu corpo, mas algo mais o incomodava. Estava cansado de fugir, de se esconder; mais do que isso, estava cansado de ver Luca esconder o que realmente sentia.
“Você sabe que isso não vai durar, não sabe?” Gabriel quebrou o silêncio, a voz baixa e séria. “A gente pode correr o quanto quiser, mas, no final, eles sempre vão nos encontrar.”
Luca o encarou, e, por um momento, pareceu vulnerável. Mas logo se recompôs, seus olhos voltando ao semblante frio. "Eu sei. Mas enquanto eu puder, vou tentar manter você a salvo."
“Mas quem disse que eu quero ser salvo, Luca?” Gabriel deu um passo à frente, os olhos firmes. "O que eu quero é lutar. Ao seu lado."
Luca desviou o olhar, a mandíbula tensa. "Isso não é algo que você deveria querer, Gabriel. Minha vida… vai te destruir. Já destruiu pessoas melhores do que eu."
“Eu não sou elas.” Gabriel insistiu, aproximando-se até que estivesse próximo o suficiente para sentir a respiração de Luca. “E você sabe disso.”
Os olhos de Luca finalmente encontraram os de Gabriel, e naquele momento algo se rompeu entre eles. Todas as palavras não ditas, os toques contidos, a tensão que crescia a cada olhar se transformaram em algo impossível de conter. Luca segurou Gabriel pela nuca, puxando-o para um beijo feroz, intenso, como se fosse a última coisa que faria na vida.
Gabriel correspondeu com igual urgência, sentindo a força e a fragilidade de Luca ao mesmo tempo. Aquele momento era algo que ambos sabiam que poderia nunca se repetir, mas isso não importava. Luca o segurava com uma força quase possessiva, e Gabriel sentia que, por um breve instante, estavam verdadeiramente conectados, sem medo, sem máscaras.
Quando se afastaram, Luca ainda segurava Gabriel, seus olhos transmitindo uma mistura de desejo e hesitação. “Isso não vai mudar nada,” ele murmurou, a voz rouca.
“Eu sei,” Gabriel respondeu, sem soltar seu olhar. “Mas, pelo menos, agora temos algo pelo que lutar.”
A respiração de Luca estava pesada, como se cada palavra de Gabriel atingisse algo dentro dele que ele tentava ignorar. Mas, antes que pudesse responder, um som vindo do lado de fora chamou a atenção de ambos. Era o som de galhos quebrando e passos, pesados demais para serem animais.
Luca reagiu imediatamente, pegando uma das armas na estante. "Eles nos acharam."
Gabriel pegou outra arma e se posicionou ao lado de Luca, tentando lembrar tudo o que ele o havia ensinado nas últimas semanas. Seu coração batia acelerado, mas ele estava determinado a não recuar.
O primeiro invasor apareceu na porta, e Luca não hesitou. Um tiro certeiro e o homem caiu no chão. Gabriel mal teve tempo de processar antes que mais dois surgissem. Ele mirou e disparou, acertando um dos homens no ombro, o que foi o suficiente para derrubá-lo. Luca cuidou do outro com precisão, e, por um breve momento, o silêncio voltou.
"Mais estão por vir. Precisamos sair daqui agora," Luca disse, puxando Gabriel em direção à porta dos fundos.
Eles correram pela floresta, desviando dos galhos e tentando manter o ritmo. Os tiros ecoavam à distância, e Gabriel sentia que os inimigos estavam mais perto do que nunca. Por um segundo, perdeu o equilíbrio em uma raiz, mas Luca o segurou pelo braço, mantendo-o de pé.
"Não olhe para trás, apenas siga em frente," Luca murmurou, a voz firme.
Gabriel assentiu, tentando controlar a respiração. Não importava o quanto corressem, parecia que estavam sempre cercados. Mas ele não deixaria que o medo o dominasse; estava ao lado de Luca, e isso era o que importava.
Finalmente, chegaram a uma estrada deserta, onde um carro aguardava escondido entre as árvores. Luca abriu a porta rapidamente, empurrando Gabriel para dentro antes de entrar e arrancar o veículo em alta velocidade.
Quando estavam longe o suficiente, Luca relaxou minimamente, ainda mantendo o foco na estrada. Gabriel o observou em silêncio, sentindo-se exausto, mas também estranhamente vivo.
Após alguns minutos, Luca quebrou o silêncio. "Eles estão nos caçando com tudo que têm. Preciso que você saiba… isso não vai terminar bem."
Gabriel colocou a mão sobre a dele no volante, em um gesto inesperado de afeto. "Eu já aceitei isso, Luca. Mas, mesmo que o fim seja sombrio, prefiro enfrentá-lo com você."
Luca não respondeu, mas apertou a mão de Gabriel por um breve segundo, como uma promessa silenciosa.
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Atualizado até capítulo 51
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