Em um dia comum de outono, Junho Han atravessava as movimentadas ruas de Seul, imerso em pensamentos. A notícia sobre sua saúde ainda ecoava em sua mente como um sussurro incômodo, uma lembrança constante da fragilidade que agora o definia. Ele, dono da maior empresa da cidade, acostumado ao sucesso e à admiração, agora se via desarmado diante de um diagnóstico que desafiava todas as certezas de sua vida. Por fora, mantinha a postura impecável, o ar carismático que sempre fora sua marca, mas por dentro, cada passo era um peso, cada suspiro, uma luta silenciosa contra o medo.
Naquele dia, sua rotina o levou a um bairro antigo de Seul, onde a tradição ainda resistia ao frenesi moderno da cidade. Ele caminhava sem rumo, deixando o movimento da cidade guiar seus passos até que, de repente, algo inusitado chamou sua atenção. Em meio às barracas coloridas e cheias de vida da feira local, uma figura se destacava. Era uma jovem, com o rosto suavemente iluminado pelo sol, seu olhar atento às frutas e verduras que organizava com cuidado. Havia algo nela — uma delicadeza que contrastava com a correria ao redor, uma serenidade que parecia resistir ao tempo.
Junho se viu cativado por aquela cena inesperada. Ela era Soo-ah, uma estudante de artes que trabalhava na feira para ajudar nas despesas da casa e pagar seus estudos. Enquanto ele observava de longe, sem se dar conta, um sorriso discreto surgia em seus lábios. Ele não estava ali para se envolver, nem para se distrair; sua visita ao bairro era apenas uma pausa no caos de sua rotina. No entanto, algo na simplicidade dela o tocou profundamente, como se, por um breve momento, ele pudesse se permitir sentir algo além de preocupações e responsabilidades.
Ele se aproximou, disfarçando o interesse com uma pergunta casual sobre o preço das maçãs. Soo-ah, sem reconhecer quem ele era, respondeu com simpatia, seu sorriso iluminando o ambiente. A naturalidade dela o desconcertou. Ele, que estava acostumado a ser tratado com formalidade e reverência, encontrou nela uma simplicidade genuína, algo que ele quase havia esquecido que existia. Era como se, naquele momento, ele tivesse saído de seu pedestal invisível e se tornado apenas mais uma pessoa comum, trocando palavras banais com uma jovem encantadora.
A conversa foi breve, mas para Junho, foi como um respiro de ar fresco. Havia uma suavidade nas palavras dela, uma leveza que fazia com que ele, por instantes, esquecesse as sombras que o acompanhavam. Quando se despediu, algo dentro dele se inquietou. Ele sabia que, de alguma forma, aquele encontro aparentemente trivial ficaria gravado em sua memória. A presença de Soo-ah, tão singela e despretensiosa, havia deixado uma marca que ele ainda não compreendia, mas que, de algum modo, já parecia o impulsionar a querer voltar àquela feira, a vê-la novamente.
Enquanto caminhava de volta ao carro, Junho percebeu que aquela garota tinha conseguido, sem ao menos saber, roubar seus pensamentos, despertar nele uma curiosidade que há muito não sentia. No meio do caos de sua vida, da doença, das responsabilidades, ele encontrara algo tão simples e, ao mesmo tempo, tão raro: a possibilidade de se conectar com alguém de verdade, sem máscaras ou aparências. E foi assim que, sem perceber, um jovem marcado por um destino incerto e uma garota com sonhos de artista deram início a uma história que mudaria suas vidas para sempre.
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Atualizado até capítulo 58
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