Capítulo 05

...Eu posso conquistar tudo que eu quero...

...Mas foi tão fácil pra te controlar...

...Com jeito de menina brincalhona...

...A fórmula perfeita pra poder te comandar...

...— Meiga e abusada (Anitta)...

Fernanda:

Ajustei o cronômetro no meu smartwatch enquanto corria, quase como se estivesse em uma maratona. Desde os 17 anos, adotei a corrida como um hábito, que acabou se tornando meu hobby e estilo de vida. Foi nessa mesma época que comecei a frequentar a academia, o que me proporcionou um corpo considerado bonito, dentro dos padrões que a sociedade valoriza.

Sem falsa modéstia, eu sei que sou atraente. Após a corrida, sentei em um banco para recuperar o fôlego e tomar um gole d'água da minha garrafa. Domingos, para mim, costumam ser um tanto monótonos. Mais tarde, iria para a casa dos meus pais, mas até lá, aproveitaria o tempo livre para acompanhar a produção do novo lançamento da Ferli, a marca de roupas que eu e Camila criamos juntas.

Nossas peças são feitas à mão por costureiras habilidosas, utilizando algodão 100% natural. Camila é a diretora criativa, enquanto eu sou sua sócia. A Ferli começou como um sonho rabiscado no papel, mas ao completarmos 25 anos, conseguimos torná-lo realidade.

Agora, três anos depois, a Ferli é um sucesso nacional. Aliás, a camisa que estou vestindo neste momento é da nossa marca — uma regata branca de algodão, simples e confortável, exatamente como imaginamos nossas criações.

— Oi. Bom dia! – cumprimentei Zila, a moça que comanda as máquinas de costura.

— Bom dia chefinha, estamos dando forma ao seu próximo lançamento e está ficando do jeitinho que vocês querem.

Passei a mão pelo tecido macio e sorri. Exatamente o que queríamos. Oque queríamos: criar roupas bonitas, práticas e, acima de tudo, sustentáveis. Cada detalhe era pensado com carinho, desde a escolha do algodão até os acabamentos feitos por mãos habilidosas.

— Nanda vem cá, preciso de você para resolver umas coisinhas. – Camila literalmente saiu me puxando em direção ao escritório.

— Que foi?

— Temos um probleminha com o fornecedor dos tecidos recicláveis. Parece que o prazo de entrega vai atrasar e isso pode impactar o lançamento da nova coleção — explicou Camila, franzindo a testa.

Eu suspirei, já antecipando o estresse que isso traria. A Ferli cresceu rápido, e com esse crescimento vieram desafios maiores, mas nunca deixamos que esses obstáculos nos paralisassem. A questão agora era: como manter o ritmo de produção sem comprometer nossa promessa de sustentabilidade?

— Quanto tempo de atraso estamos falando? — perguntei, tentando manter a calma.

— Duas semanas, no mínimo — Camila respondeu, já pegando o celular para tentar outra ligação.

Pensei rapidamente em alternativas. Se adiantássemos outras partes da produção e deixássemos as peças com tecido reciclável por último, talvez conseguiríamos minimizar o impacto. Outra opção seria procurar um fornecedor secundário, mas isso sempre envolve riscos: qualidade comprometida ou custo mais alto.

— Podemos reordenar a linha de produção, começar com as peças feitas com algodão puro e adiar as de tecido reciclável. Enquanto isso, eu vou ver se consigo outro fornecedor que cumpra o prazo — sugeri.

Camila assentiu, os olhos fixos no telefone. Sabia que, quando as coisas apertavam, sempre encontrávamos uma solução juntas.

— É, boa ideia. Vou organizar o time pra começar isso agora mesmo.

Enquanto ela saía para coordenar as mudanças, fiquei um momento parada, pensando em como o sucesso traz responsabilidades cada vez maiores. Quando começamos, tudo parecia mais simples. Mas eu não trocaria essa loucura por nada.

Me sentei em frente ao computador, revisando os e-mails e conferindo a lista de fornecedores. A Ferli havia se tornado uma grande parte da minha vida, e cada detalhe era crucial para manter nosso padrão. Às vezes, me pergunto como seria se não tivéssemos crescido tão rápido. Mas a verdade é que não existe volta — nem quero. O que conquistamos é resultado de anos de dedicação.

Abri o e-mail de um fornecedor alternativo com quem havíamos trabalhado no início, antes de encontrarmos o atual parceiro para os tecidos recicláveis. Escrevi rapidamente uma mensagem, perguntando sobre a possibilidade de retomarmos uma parceria temporária e o prazo para a entrega de uma quantidade significativa de material. Minutos depois, o celular vibrou.

O resto da manhã passou voando, entre telefonemas, replanejamento de prazos e reuniões com a equipe. Apesar do contratempo, senti uma pequena onda de alívio ao perceber que estávamos conseguindo ajustar as coisas sem comprometer a qualidade ou a data de lançamento. Eu e Camila sempre nos orgulhamos disso — manter a essência da Ferli intacta, mesmo com a pressão do mercado.

— Nanda? — Camila surgiu na porta, uma expressão mais calma no rosto. — O fornecedor novo confirmou, e conseguimos negociar um prazo um pouco mais curto.

— Menos mal — respondi, sorrindo.

— E tem mais uma coisa. Recebemos uma proposta para uma colaboração com uma marca internacional. Parece que estão interessados na nossa abordagem sustentável.

Fiquei em silêncio por um momento, absorvendo a notícia. Uma parceria internacional seria um salto enorme para a Ferli, mas também um desafio maior ainda. Contudo, eu sabia que tínhamos a capacidade de encarar isso.

— Quando é a reunião? — perguntei, já me preparando mentalmente para o que viria.

— Sexta. Temos que pensar em uma apresentação matadora.

Camila sorriu, e eu sabia que, apesar de todos os percalços, estávamos exatamente onde queríamos estar: crescendo, inovando e levando a Ferli a um nível que nem imaginávamos quando começamos.

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Comments

Heloisa Guerrera

Heloisa Guerrera

Amando a história sem consegui parar de ler kkk

2024-11-25

1

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