Capítulo 02

...Às vezes no silêncio da noite...

...Eu fico imaginando nós dois...

...Eu fico ali sonhando acordado...

...Juntando o antes, o agora e o depois...

...Por que você me deixa tão solto?...

...Por que você não cola em mim?...

...— Sozinho ( Caetano Veloso)...

Rodrigo:

Atualmente...

O tribunal estava em completo silêncio, exceto pelo som das teclas do juiz digitando suas anotações e o ocasional farfalhar de papéis. Eu deveria estar 100% focado no que importava: desmontar a defesa do réu, um homem acusado de matar a própria sobrinha, e garantir que ele fosse condenado. Mas, para minha infelicidade – ou sorte, dependendo do ponto de vista – Fernanda Milani estava sentada na bancada da defesa, e isso tornava as coisas... complicadas.

Ela estava linda. Claro que estava. Sempre está. Mas hoje havia algo mais, um tipo de elegância fria e impassível que combinava perfeitamente com o terno azul-marinho que ela vestia, perfeitamente ajustado ao corpo. Os cabelos estavam presos em um coque baixo, deixando à mostra o pescoço delicado. Simples, sofisticada, e letal na mesma medida. 

Eu tinha que me concentrar, mas cada vez que ela cruzava as pernas ou deslizava uma caneta entre os dedos, minha mente insistia em desviar para pensamentos que não tinham lugar ali. O jeito que seus lábios se comprimiam levemente enquanto ouvia meu argumento – como se avaliasse cada palavra que eu dizia, procurando uma falha. Ou o brilho em seus olhos castanhos, que eu já conhecia bem demais. Aquela mulher conseguia me tirar do sério mesmo sem dizer uma palavra. 

Ela levantou-se da cadeira, com a postura impecável de quem sabe que está no controle, e começou seu discurso de defesa. A voz dela era firme, clara, e cada frase parecia calculada para deixar uma brecha de dúvida na mente do juiz. Não era só um jogo de palavras; era quase uma obra de arte. 

E eu, ali na bancada da acusação, deveria estar pensando em como derrubar os pontos dela. Mas tudo que passava pela minha cabeça era o quão magnética ela era. Como diabos alguém conseguia ser tão irritantemente fascinante ao mesmo tempo? 

Ela sabia que eu estava olhando. Tenho certeza disso. Em determinado momento, enquanto falava sobre as supostas falhas na investigação, seus olhos encontraram os meus. Foi rápido, um segundo apenas, mas o suficiente para que um sorrisinho quase imperceptível surgisse no canto de sua boca. Aquele sorrisinho irritante, calculado para me tirar do eixo. E, como sempre, funcionou. 

"Concentre-se, Rodrigo", eu me repreendi mentalmente. "Você está aqui para garantir uma condenação, não para admirar uma mulher que vai fazer questão de arruinar o seu caso." 

Mas era impossível ignorar. Cada palavra dela era uma provocação disfarçada, cada gesto cuidadosamente controlado como se soubesse o quanto me afeta. E, droga, sabia. Fernanda Milani era um problema. Um problema lindo, inteligente e absolutamente perigoso. 

Assim que ela se sentou novamente, lancei-lhe um olhar que dizia: "Eu sei o que você está fazendo." Ela apenas ergueu a sobrancelha, como se respondesse: "E o que você vai fazer a respeito?"

A resposta, claro, era nada. Nada por enquanto. No tribunal, eu era profissional, e ela também. O jogo entre nós estava em andamento há meses, e ali, diante do juiz e do júri, nós éramos inimigos declarados. Mas fora dali... 

Bom, fora dali, ainda não decidi se quero acabar com ela ou beijá-la até ela perder a pose. E esse, definitivamente, é um problema maior do que qualquer julgamento. 

...[...]...

— 30 minutos de intervalo. – o juiz bate o martelo.

As testemunhas começaram a sair e os policiais levaram o réu. Ficou alguns guardas na pirta. Eu peguei minhas coisas e sair depois que ela saiu.

Fernanda caminhou como se fosse a porra de uma deusa, e talvez seja. Acompanhei com meus olhos cada movimento que ela dava. Cada passo e cada sorriso que ela distribuía para os seus conhecidos.

Falou um pouco com o seu cliente e só então voltou e se sentou quatro cadeiras longe de mim.

— Você é muito boa nisso. Quase me convenceu.

— E você é um idiota. — Respondeu sem emoção, arrumando seus papéis sem sequer me olhá-lo.

— Ah, Fernanda, não precisa ser tão fria. Se você sorrisse de vez em quando, talvez eu gostasse mais de perder para você.

— Sorrir é para momentos de vitória, Vasconcellos. E adivinha só? Ainda não perdi para você.

Dou um sorriso lento, como quem aceita o desafio.

— Ainda, doutora. Ainda.

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Comments

Ana Karol Campos

Ana Karol Campos

genteeeee amo essa dança de inimigos a grandes amores .... esses são os mais quentes 🔥🔥🥰🥰🥰🥰

2025-01-11

2

Roseane Tavares

Roseane Tavares

começando a esquentar 🔥🔥🔥

2024-12-30

1

Marcia Cristina

Marcia Cristina

👏👏👏👏👏👏 estou amando esse primeiro capítulo espero que continue assim

2024-12-13

1

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