...Chris, sentindo a onda de energia e euforia crescendo dentro dele, subiu do porão com passos firmes. Assim que avistou sua esposa ainda adormecida no sofá, ele desviou o olhar, dirigindo-se para o quintal em silêncio. O ar fresco da noite tocou seu rosto, mas sua atenção estava totalmente voltada para seu novo poder....
...No quintal, ele encontrou um vaso de flores antigo. Observando-o por um instante, ele estendeu a mão lentamente, focando toda sua energia. A esfera azul, agora mais familiar, surgiu entre seus dedos. Com um movimento decidido, ele liberou a energia em direção ao vaso. O impacto foi imediato e devastador: o vaso se desfez em incontáveis pedaços, espalhando fragmentos pelo chão....
...Uma risada escapou de seus lábios – um riso carregado de satisfação e uma excitação quase infantil. Mas, então, um som abafado interrompeu sua alegria. Parecia algo úmido e pesado caindo ao chão. Ele parou de rir e olhou para baixo, notando algo estranho próximo ao pé....
...Ao se abaixar, o choque o atingiu com força. No chão, estava um pequeno pedaço de carne – um fragmento de seu próprio braço. Ele mal conseguia processar o que via, e quando finalmente olhou para seu braço, percebeu que parte de sua pele havia desaparecido, revelando uma superfície de tom azulado e textura incomum....
...Em meio à confusão, ele caiu no chão, o coração batendo rápido e a respiração descompassada. "P- o quê é isso?" sussurrou, a voz embargada pelo medo. Olhando fixamente para o braço, ele sentiu um calafrio correr pela espinha. A excitação inicial agora era substituída por uma angústia profunda, enquanto ele tentava entender o preço inesperado de seu experimento....
...Chris olhava para o braço, onde a pele azulada brilhava sutilmente sob a luz do quintal. Ele estava intrigado com a sensação: não havia dor, nem o mínimo desconforto. "Será que é a consequência do sangue Vitalis...?" pensou ele, observando a carne mole no chão, fragmentos de si mesmo que se desfizeram sem aviso....
...Examinando a mão de seu outro braço, ele sentiu um arrepio ao ver a carne macia e quase sem estrutura, como se estivesse perdendo a consistência. "Talvez eu devesse ter estudado o sangue antes?" pensou ele, refletindo sobre sua escolha impulsiva. Mas então, lembrou que a A.E.C. já havia analisado o sangue Vitalis inúmeras vezes e, nos estudos, o sangue deles parecia quase idêntico ao dos Nox....
...No meio de seus pensamentos, uma voz suave interrompeu sua concentração: "Amor...?" Ele se virou rapidamente, e seus olhos se arregalaram ao ver sua esposa parada na entrada do quintal. "Como ela acordou tão rápido?" pensou ele, antes de se lembrar: "Vitalis... é verdade." Ele havia se esquecido do fator de recuperação acelerada dos Vitalis, algo que ele próprio jamais experimentara....
...Ela olhou para ele com um olhar de preocupação e horror, notando a carne caída no chão e a pele azulada em seu braço. Sua expressão mudou enquanto ela percebia o furo no braço dele – evidências de que o próprio Chris havia causado aquilo. A voz dela, trêmula, quebrou o silêncio: "O quê você fez...?"...
...Chris ficou em silêncio, o olhar fixo, incapaz de responder. Ele viu sua esposa dar um passo hesitante para trás, e ela continuou, a voz se enchendo de incredulidade e dor: "Você... usou sua esposa... para um experimento?" Ele tentou articular alguma defesa, mas as palavras falharam, e ele abaixou a cabeça, incapaz de encará-la....
...Ela segurou o telefone, as mãos trêmulas, e disse a Chris com firmeza: "Eu vou ligar para o exército do Imperador, para que eles te prendam." Ele ergueu a cabeça, assustado. Ela, que sempre fora sua companheira, agora o olhava com o mesmo temor que ele via nas pessoas quando se deparavam com algo perigoso e desconhecido....
...Ela hesitou, a voz quebrada pela dor: "Eu não queria fazer isso... mas se você fez isso comigo, quem garante que não fará o mesmo com nosso filho?"...
...Chris tentou argumentar: "Eles não prendem Nox." Mas ela, com um olhar frio e distante, retrucou: "Não parece que você é um Nox... Não mais." Ela começou a discar o número, o dedo pressionando os botões lentamente, como se cada toque fosse um passo para longe dele....
...Chris sentiu seu coração apertar, e pensamentos turbulentos tomaram conta dele. Ela nunca soube do quanto ele invejava seu poder, do sonho que ele carregava de ter uma Essentia. Era algo que ele guardava em segredo, talvez até de si mesmo, até esse momento....
...Com o punho fechado, ele tremeu de angústia, e então, em um ato impulsivo, abriu a mão novamente. Lentamente, estendeu-a na direção dela, enquanto uma esfera azul começava a se formar. Sua esposa, percebendo o brilho intenso, parou de discar e olhou para ele, alarmada. "O que você está fazendo?" perguntou, a voz dela cheia de medo e incredulidade....
...Chris sentiu o peso de suas próprias palavras ao sussurrar: "Me desculpe..." A esfera disparou de sua mão, atravessando o espaço entre eles e acertando-a na barriga. Ela parou, o choque estampado em seus olhos enquanto a luz azul atravessava seu corpo, deixando uma trilha de energia que parecia devorar sua vitalidade....
..."Me perdoe..." murmurou Chris, sua voz falhando, enquanto via a luz nos olhos dela se apagar lentamente, como uma chama que se extingue. Ela caiu no chão, o corpo sem vida, enquanto Chris sentia o peso de seu ato se alojar em sua alma....
...Ele desabou de joelhos, a culpa e o horror consumindo-o, e pela primeira vez, o brilho azul de sua Essentia parecia frio e sem vida....
...Chris sentiu uma onda de desespero crescendo dentro de si, uma dor tão intensa que parecia consumir cada fibra de seu ser. Ele olhou para o corpo inerte de sua esposa, a figura que outrora era seu maior apoio, agora imóvel, destruída por suas próprias mãos. A realidade do que fizera tomou conta dele com força esmagadora, e foi como se uma barragem interna tivesse se rompido....
...Sua boca se abriu em um grito visceral, um som primal e profundo que rasgou o silêncio da noite. Era um grito que saía de um lugar muito além da garganta, vindo das profundezas de sua alma dilacerada. Seus olhos estavam arregalados, e lágrimas escorriam por seu rosto enquanto ele perdia qualquer controle sobre si mesmo. As veias em seu pescoço saltavam, seu rosto ficava vermelho, cada músculo do seu corpo tenso, pulsando com a força do desespero e da raiva por si mesmo....
...O grito ecoou pelo quintal, reverberando nas paredes da casa e se espalhando pela noite escura. O som era quase animal, misturando-se em ondas de dor e culpa insuportável. As mãos dele tremiam, e seus dedos se encravaram no chão, como se quisesse arrancar a própria angústia pela força. Cada nota do grito transmitia um tormento indescritível, como se cada lamento carregasse o peso de seu arrependimento e da destruição que ele mesmo causara....
...A intensidade era tanta que parecia que ele queria gritar o suficiente para apagar tudo, para expulsar o que sentia ou talvez para desfazer o irreversível. E quando o fôlego finalmente lhe escapou, ele parou, a boca entreaberta, com o peito arfando descontroladamente. O eco de seu próprio grito ainda pairava no ar, uma lembrança do momento em que ele perdeu....
...Chris ficou ajoelhado por horas, o peso da culpa e do arrependimento esmagando-o lentamente. Os olhos fixos, desfocados, encaravam o chão enquanto a escuridão da noite parecia absorver tudo ao redor, intensificando sua solidão. Em meio ao silêncio pesado, luzes vermelhas e amarelas começaram a iluminar a casa, os reflexos invadindo o ambiente. O exército do imperador chegava, alertado pelos vizinhos que ouviram seu grito devastador, e que denunciaram, temerosos pelo que poderia ter acontecido ali....
...Ele levantou o olhar e percebeu o brilho das luzes próximas da janela perto da porta de saída. Com os olhos cheios de arrependimento, murmurou para si mesmo, com a voz trêmula: “E se eu... só tivesse fugido?” As palavras saíram como uma confissão, carregadas de tristeza. Ele respirou fundo, os pensamentos tomados pelo arrependimento, sentindo o peito apertar com o peso do que jamais poderia ser desfeito. “Eu preferiria ser odiado do que…” – a frase morreu antes que ele conseguisse completar, sua voz se esvaindo no silêncio da casa....
...Enquanto pensava, sentia algo estranho em seu corpo. O sangue Vitalis de sua esposa, injetado de forma desesperada e insensata, estava se fundindo lentamente ao seu. Ele percebeu que, no início, esse sangue não havia se conectado ao dele, causando dor e um desconforto intenso. Mas agora, sentia que o sangue estava conseguindo se unir de maneira quase perfeita, avançando aos poucos, tentando completar uma ligação total. Ele sabia que a Essentia não era apenas poder físico; era a junção de alma, mente e coração. Ele sentiu um arrepio ao entender que aquela essência, aquela energia que tanto invejava, estava se moldando dentro dele....
...Com um esforço, ele se levantou devagar, o corpo ainda um pouco instável, mas os olhos cheios de uma nova determinação. “Se eu me render agora…” sussurrou, mas foi interrompido por uma lembrança distante, de quando ele e sua esposa eram apenas crianças, sonhando com um futuro impossível. Lembrava-se dela lhe dizendo, “E se eu e você formos imperadores?” Ele, ainda garoto, tinha respondido com um tom desanimado: “Isso é impossível... só pessoas com sangue da realeza podem. Desde que o terceiro imperador morreu é assim.” Mas ela, sempre determinada e sonhadora, havia segurado a mão dele e dito: “E se mudarmos isso?”...
...Essas palavras ecoaram em sua mente, renovando seu arrependimento e tristeza, mas também despertando uma força que ainda restava em seu coração. Ele ouvia, cada vez mais alto, o som de botas e passos firmes se aproximando da entrada da casa. Sabia que o exército estava prestes a invadir. Sussurrou em voz baixa, para si mesmo, “Não poderemos nos tornar imperadores.”...
...Sem perder tempo, ele se moveu rapidamente para o quintal, o corpo ainda ressentido pela recente transformação. Num salto, cruzou a parede do quintal e desapareceu na escuridão, fugindo dali enquanto o exército invadia sua casa. Os soldados entraram, vasculhando cada canto, procurando qualquer sinal do que havia acontecido. Ao encontrarem o corpo de sua esposa, um dos soldados murmurou: “O suspeito fugiu.”...
...Poucos minutos depois, dois homens – Jesse e Kane – entraram na casa. Kane, o mais velho dos dois, olhou em volta, observando o cenário de destruição e luto. Ele respirou fundo, e com um pesar em sua voz, murmurou: “O que você fez, Chris?”...
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Atualizado até capítulo 62
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