...No sábado, Serena acordou cedo, ansiosa para ir à casa de Aurora. Assim que chegou, bateu na porta e foi recebida pela tia dele, que a cumprimentou com um sorriso caloroso. Após uma breve troca de palavras, a tia a convidou para entrar, e Serena respondeu educadamente, agradecendo enquanto atravessava a entrada....
...A tia de Aurora, carinhosa como sempre, chamou pelo sobrinho em um tom gentil: "Aurora, sua amiga está aqui." Do corredor, veio a resposta de Aurora, calma e direta, convidando Serena a se juntar a ele: "Pode vir, Serena." Serena agradeceu a tia mais uma vez com um leve aceno de cabeça, dizendo "com licença" enquanto se dirigia ao quarto....
...Ao entrar, Serena encontrou Aurora já concentrado no trabalho da escola. Ele estava com alguns papéis sobre a mesa, analisando com atenção as anotações e esboçando ideias para o projeto que tinham que criar juntos. Ela olhou para a mesa, surpresa ao perceber que ele já havia começado. Com uma expressão de leve indignação brincalhona, disse: "Você já começou sem mim... que injusto." Aurora levantou o olhar rapidamente, um sorriso discreto aparecendo em seu rosto, mas ele nada disse, mantendo o foco no trabalho....
...Serena se acomodou ao lado dele, tirando seus próprios materiais da mochila e abrindo cadernos e canetas sobre a mesa. Logo, ela entrou no ritmo e começou a contribuir com suas ideias e sugestões. Aurora e Serena conversavam enquanto analisavam os detalhes do projeto, ajustando e aprimorando cada parte....
...Durante o processo, Aurora se mostrava concentrado e prático, abordando cada ponto de forma metódica, enquanto Serena trazia uma leveza para o ambiente, fazendo perguntas e oferecendo novas ideias. Eles complementavam as habilidades um do outro, tornando o trabalho não apenas produtivo, mas também agradável....
...Duas horas se passaram e o silêncio do quarto só era quebrado pelo som suave da caneta de Aurora riscando o papel enquanto ele se concentrava no trabalho. Serena, após um longo período de dedicação, acabou adormecendo com a cabeça apoiada na mesa, seu corpo exausto cedendo ao cansaço. Aurora, imerso em suas anotações, nem percebeu de imediato que a amiga havia sucumbido ao sono....
...Mais alguns minutos se passaram, e Aurora finalmente completou o trabalho. Ele se esticou, aliviando a tensão nos músculos, quando o movimento fez Serena despertar. Ao abrir os olhos, ela rapidamente percebeu onde estava e, com um pingo de confusão, exclamou: "E-eu dormi?!"...
...Aurora acenou levemente, ainda se recuperando do susto que a despertada dela havia causado. Ela então virou o olhar para o lado, corando ao perceber que não estava em seu próprio quarto....
..."E você não me acordou??!!!" perguntou, um misto de surpresa e indignação na voz....
...Aurora, levantando-se e começando a guardar suas coisas no guarda-roupa, respondeu de forma descontraída: "Eu até pensei nisso..."...
...Serena cruzou os braços, parecendo ainda mais irritada. "E aí? Decidiu só não me acordar?"...
...Aurora olhou para ela, agora fechando o guarda-roupa, e respondeu com sinceridade: "Você dormiu tão profundamente que pensei que você não tivesse dormido direito esta noite..."...
...Serena o observava, sem saber se deveria estar brava ou envergonhada. Então, Aurora fez um comentário que o deixou um pouco sem jeito....
..."E você estava dormindo.. tão bela, parecia um sonho em forma de luz... simplesmente deixei assim mesmo."...
...Ele se virou para ver a reação dela e notou que ela estava corada, olhando para o lado. Percebendo que havia falado algo que poderia ser mal interpretado, Aurora apressou-se em corrigir-se. "A-Desculpe, acho que não pensei direito antes de falar."...
...Serena ainda estava corada, desviando o olhar para o chão, enquanto um silêncio constrangedor se instalava entre os dois. O momento era leve, mas cheio de pequenas emoções que apenas amigos íntimos poderiam entender....
...Serena, ainda corada, levantou-se rapidamente da cadeira e, com a voz trêmula, disparou: “N-n-n-nos vemos amanhã!!!!” Em um piscar de olhos, ela saiu do quarto, seus passos apressados ecoando pelo corredor. Antes de se retirar, parou na sala e agradeceu à tia de Aurora, sorrindo nervosamente: “Obrigada pela recepção!”...
...Assim que ela saiu, Aurora entrou na sala, encontrando sua tia Vanessa acomodada no sofá. Ele olhou para ela com uma expressão confusa e disse: “Acho que fiz alguma coisa errada.”...
...No dia seguinte, Aurora caminhava pela calçada, indo para a escola com seu trabalho em mãos, quando passou por um pequeno beco. De repente, o som de uma lata de lixo caindo chamou sua atenção. Ele virou a cabeça e viu um garoto de cabelos azuis escuros levando uma surra de três rapazes. Aurora fixou o olhar na cena, notando que o único que estava apanhando era um Vitalis....
...“Aurora!!” A voz de Serena o fez virar rapidamente. Ele a viu se aproximando e, sem pensar duas vezes, correu até ela....
...“Leva o trabalho para a escola, já já eu chego lá!” ele disse, entregando o papel para ela....
...Serena olhou para ele, confusa. “Por quê? O que aconteceu?”...
...“Tem três Nox batendo em um Vitalis naquele beco…” Aurora respondeu, com um tom de urgência....
...“Não, não faça isso!” Serena protestou, sua expressão se tornando séria. “Se te pegarem batendo em algum Nox, você vai ser punido…”...
...Aurora balançou a cabeça, determinado. “Eu não vou ser visto.”...
...“E o que você vai fazer, matar eles?” Serena perguntou, exasperada....
...Aurora franziu a testa, não entendendo bem a reação dela. “Não, eu só—”...
...“Se você bater nos Nox, independente de irem ao hospital ou não, eles vão contar a alguém do exército do Imperador sobre você. Não faz isso, ignora e vamos para a escola.”...
...Aurora parou, pensativo. Ele olhou para baixo, sentindo a raiva crescer dentro de si, enquanto fechava os punhos. “Eu te encontro depois.” Ele começou a andar em direção ao beco....
...“Não, Aurora…” Serena tentou segurá-lo, mas ele se soltou....
...“Eu preciso fazer isso, Serena.”...
...Serena o seguiu com o olhar, preocupada. “Por favor, não faça nada imprudente!”...
...Mas Aurora estava decidido, e seu coração pulsava forte com a necessidade de ajudar....
...Aurora chegou ao beco, seu coração disparando enquanto ele se aproximava da cena. “EI, vocês!!” ele gritou, a voz ecoando entre as paredes apertadas. Os três Nox pararam de bater no garoto de cabelos azuis e se voltaram para ele, suas expressões de surpresa e confusão logo se transformando em desprezo....
...“O quê você quer?” um deles perguntou, avançando junto com os outros em direção a Aurora. Eles tinham um olhar de desdém, mas Aurora sentiu uma mistura de determinação e medo crescendo dentro dele....
...Ele pensou rapidamente: “O que faço? Talvez se eu bater neles e disser que sou Nox, eles não me denunciem…” Mas, à medida que os três se aproximavam, a dúvida começou a se instalar. “Não… isso não vai dar certo. Um Nox normalmente ignoraria o que estava acontecendo aqui… e se isso acontecer, eles poderiam dizer que sou um Vitalis por estar tentando proteger um Vitalis... droga…” O pensamento o atormentava....
...Os Nox estavam agora bem perto dele, um deles, com um olhar desdenhoso, perguntou: “Vou perguntar de novo: O quê você quer?"...
...“Nox ou Vitalis?” outro deles desafiou, inclinando-se levemente para a frente, como se esperasse que Aurora se intimidasse....
...Aurora olhou para o segundo Nox, seu corpo tenso e seus punhos cerrados. Com a voz firme, ele disse: “Vitalis.”...
...Os dois Nox riram, o som escandaloso e cruel se espalhando pelo beco. “Entendi. Você está querendo proteger o outro Vitalis, não é mesmo?” um deles zombou, sua expressão misturando curiosidade e desprezo....
...Aurora cerrou os punhos com força, um sorriso desafiador surgindo em seu rosto. “Eu só vim aqui bater em três bostinhas."...
...Mal teve tempo de terminar a frase quando um dos Nox, com um movimento rápido, desferiu um soco direto em seu rosto. A dor explodiu em sua mandíbula e Aurora cambaleou para o lado, tentando se recompor....
...“Bostinha? Você perdeu a noção do perigo, não é mesmo?” o agressor zombou, um sorriso malicioso nos lábios. Ele se aproximou ainda mais, aproveitando a confusão de Aurora, e, com um movimento rápido, socou seu estômago com toda a força....
...A dor foi insuportável, e Aurora se curvou, o ar sendo expelido de seus pulmões como se fosse arrancado. “Os únicos bostas são vocês Vitalis.” O terceiro Nox, que até então observava, agora se juntava à diversão, preparando-se para mais um ataque....
...A sensação de impotência invadiu Aurora, mas ele se esforçou para se levantar. No entanto, enquanto ele tentava se recompor, um dos Nox, com um movimento brutal, desferiu outro chute em suas costas, fazendo-o desabar completamente no chão frio do beco....
...O garoto de cabelos azuis ainda estava ali, assistindo em silêncio, com um olhar de gratidão e tristeza. Aurora, caído no chão, estava em um mar de dor. Ele respirava pesadamente, o gosto de sangue em sua boca misturando-se com a amargura da derrota....
...Os três Nox cercaram Aurora, rindo e trocando provocações. “Vamos lá, acabem logo com isso!” um deles gritou, seu olhar repleto de desdém, enquanto o grupo se afastava lentamente, deixando Aurora para trás, com o corpo dolorido e a mente confusa....
...“Vai ficar de bico calado agora, Vitalis?” um deles lançou antes de sair, seu riso ecoando enquanto se afastavam, deixando Aurora sozinho, sentindo a frustração e a dor queimarem em seu interior....
...Ele permaneceu ali por um momento, o beco se tornando um lugar de solidão, enquanto a raiva e a tristeza se misturavam em seu coração....
...Aurora, ainda tremendo de dor e frustração, se esforçou para se levantar lentamente. O mundo ao seu redor estava embaçado, mas ele podia ouvir passos se aproximando. Era Serena. “Aurora!” ela exclamou, correndo em sua direção....
...Com um esforço, ela o ajudou a ficar em pé, sua mão firme no braço dele. Aurora apontou vagamente para o garoto que ainda estava no chão. “Ele...” foi tudo o que conseguiu dizer, sua voz embargada pela dor....
...Serena acenou com a cabeça, compreendendo a situação. Sem hesitar, ela se afastou de Aurora e foi até o garoto caído. Ao se agachar ao seu lado, seu olhar se suavizou ao ver o rosto dele todo machucado, as marcas da agressão visíveis em sua pele....
...“Você vai ficar bem." ela disse com um sorriso encorajador, tentando acalmar o garoto. Ela o ajudou a se levantar, colocando o braço dele sobre seus ombros e apoiando seu peso. Aurora observou enquanto Serena, com um gesto gentil e determinado, o carregava e o fazia sentar-se perto dele, onde ele estava encostado na parede....
...“Aqui perto tem uma farmácia.” ela disse, seu tom urgente contrastando com seu sorriso. “E-eu volto logo.” E sem esperar por resposta, ela saiu correndo, seus passos ecoando no beco enquanto se dirigia para a farmácia mais próxima....
...Aurora permaneceu ali, encostado na parede, seu corpo ainda tremendo, mas agora com a presença do garoto ao seu lado. Ele sentiu um misto de alívio e preocupação, sabendo que Serena estava indo buscar ajuda. As feridas e as dores físicas ainda estavam presentes, mas a determinação dela para ajudar o garoto trouxe um pouco de conforto em meio à confusão que ainda o cercava....
...O garoto olhou para Aurora, sua voz fraca e trêmula: “Eu só estava tentando ativar minha Essentia...”...
...Aurora franziu a testa, sentindo a gravidade da situação. “Não deveria ter feito isso fora de casa... como vai explicar isso aos seus pais?” O garoto não respondeu, seu olhar perdido no chão. Aurora então perguntou, com curiosidade: “Você não tem sua Essentia ativa?”...
...“Mais ou menos...” O garoto respondeu, sua voz ainda baça. “Eu consigo ativar... mas, não sempre. Parece que tem vida própria, e só quer ser ativa quando deseja.”...
...Aurora ponderou por um momento, sentindo a dor aguda em seu corpo. “T-talvez com algum treinamento você consiga controlar sempre que quiser,” sugeriu, tentando encorajá-lo. O garoto olhou para ele, seus olhos cheios de incerteza. “Talvez...” disse ele, quase como um suspiro. Depois, ele perguntou: “Por que você... me... ajudou?”...
...Aurora hesitou, suas palavras saindo em um murmúrio: “Para ser s-sincero, não sei. Talvez eu só odeie injustiças e preconceito... quem s-sabe?” O garoto franziu a testa, confuso, mas ao mesmo tempo grato. “Obrigado...”...
...Aurora não teve tempo para responder, pois logo ouviu os passos apressados de Serena se aproximando. Ela chegou ofegante, o rosto corado pela corrida: “Pronto.”...
...Um tempo passou enquanto eles estavam ali, os dois com alguns curativos e ataduras em seus corpos, tentando se recuperar da situação. Aurora, ainda encostado na parede, ouviu o sinal da escola tocar. “Serena, o sinal.”...
...Ela olhou para ele, determinada: “Não posso deixar você aqui. Faltar um dia não tem problema.”...
...Aurora insistiu: “O trabalho. Eu quero que você entregue por mim, tá?”...
...Serena fez uma careta de chateação, claramente relutante em deixar Aurora sozinho, mas, sem reclamar, ela finalmente saiu dali em direção à escola. Enquanto caminhava, pensou consigo mesma: “Nem pra dizer 'por nós'... que sem graça.”...
...Aurora assistiu enquanto ela se afastava, sentindo-se um pouco culpado por deixá-la levar a responsabilidade sozinha. Ele ainda estava ali, preocupado, mas esperançoso de que, de alguma forma, tudo ficaria bem....
...O garoto, com uma expressão tímida, finalmente se apresentou: “Me chamo Luca.” Aurora olhou para ele e respondeu: “Aurora.” A conversa fluiu naturalmente, mas Aurora logo se preocupou com a condição de Luca. “Consegue andar?”...
...Luca se levantou lentamente, mas logo sentiu a cabeça girar. “N-não muito...” Ele hesitou, apoiando-se em Aurora para se equilibrar. Aurora, percebendo que o garoto estava mais ferido do que ele mesmo, decidiu ajudá-lo. “Aonde você mora?”...
...“Do outro lado da cidade...” Luca respondeu, e Aurora fez uma careta, sabendo que seria uma longa caminhada....
...Com cuidado, Aurora começou a levar Luca para casa. A cada passo, ele se esforçava para não cair, e Aurora mantinha-se firme ao seu lado, ajudando-o. Finalmente, chegaram à casa de Luca. Assim que entraram, Aurora notou que o ambiente estava extremamente escuro e vazio, o silêncio ecoando ao redor deles....
...Ele ajudou Luca a se acomodar na poltrona e perguntou: “Bom, aonde estão seus familiares?” Luca olhou ao redor, a expressão se tornando mais pesada. Com a cabeça abaixada, ele respondeu: “Eles não estão...”...
...Aurora franziu a testa. “Hm. Então, irei esperar.”...
...Luca hesitou, seu olhar carregando uma tristeza profunda. “Isso não é...” Ele começou, mas a voz falhou. Aurora o olhou com mais atenção e percebeu as lágrimas se formando nos olhos de Luca. Enquanto ele se lembrava da dor que sofreu antes, aquelas lágrimas pareciam ser de uma dor mais profunda. Aurora notou como os punhos de Luca se fecharam e tremeram, e, pela expressão em seu rosto, ele deduziu que a família do garoto não estava mais com ele....
...Com um gesto de compreensão, Aurora colocou a mão no ombro de Luca e disse: “Vamos ser amigos?”...
...Luca olhou para Aurora, confuso, ainda com lágrimas nos olhos. Mas, para a surpresa de Aurora, um sorriso tímido começou a surgir em seu rosto. Após alguns momentos de hesitação, Luca finalmente retribuiu o sorriso....
...A partir desse dia, a amizade deles começou a florescer. Aurora contou tudo a Serena sobre o que havia acontecido, já que ela insistiu tanto que ele não teve como escapar. Ele deixou claro que não aceitava a amizade por dó, explicando que não queria que a relação deles fosse baseada na pena que ela poderia sentir por Luca....
...Com o tempo, Aurora e Serena visitavam Luca todos os dias, e a intimidade entre os três crescia a cada novo encontro. Conversas, risos e pequenas aventuras tornaram-se a rotina deles, e, mesmo em meio à dor e às dificuldades, a amizade que formaram trouxe luz e esperança para as vidas que antes estavam tão escuras....
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Atualizado até capítulo 62
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