Capítulo 5

Lorena Vitória

Acordei com um telefonema bem cedo e era do orfanato, nem pude acreditar no que ouvia, ela é finalmente minha, só tenho que assinar mais umas coisas, tratar dos seus documentos e pronto.

Esperei a ligação terminar e gritei bem alto pelo meu quarto de tão feliz que eu estava

— O que foi? Fomos assaltados?- o meu pai entra do nada no quarto, vagando os seus olhos por todo o quarto espantado.

— Não, quer dizer penso que não

— Então porquê gritou?

— Foi uma barata, estava ali no canto. - apontei para um lado do meu armário e ele olhou-me sem acreditar

— Você não tem medo de insetos, já a vi segurar uma barata com as mãos a uns 7 anos atrás

— Isso já faz muito tempo, agora eu tenho medo. - continuou me olhando desconfiado e saiu do quarto

É claro que não tenho medo de insetos, já limpei muitas casas pela vizinhança e o que mais eu encontrava eram baratas escondidas. Falei isso por ser a primeira coisa que me veio a cabeça.

Tratei de tomar banho, vestir uma roupa confortável e passei em uma loja para comprar apenas o básico para a bebé, pois pretendo ficar poucos dias na casa da minha tia e depois viajar para Nova Iorque e viver uma nova vida. Pretendo levar só uma bolsa e uma mala durante a viagem para facilitar as coisas.

Já se passaram 8 meses desde o dia que a encontrei, o tempo passou a voar e no orfanato me falaram que eu fui escolhida por ser a única candidata que morava mais perto. Então agora a minha vida será com a minha pequena bebé Milena.

Liguei para minha tia e ela ficou bastante feliz, só vamos buscar a Milena amanhã, mais eu vou hoje mesmo pegar umas coisas na casa dos meus pais e ficar na da minha tia.

Desde criança sempre foi meu sonho morar com ela, ela tem-me como uma filha, já chegou a brigar com os meus pais por causa disso, pois eu fui muito negligenciada durante a infância, e no final os meus pais não permitiram, alegando que iriam chamar a polícia para prender a Ana. Fiquei com tanto medo que passei depois a mentir para ela falando que as coisas mudaram com os meus pais. Devido ao tratamento diferenciado comigo, tentei entender as suspeitas do meu pai, mais eu as vezes penso que mesmo que eu não fosse sua filha de verdade, que a culpa disso nunca seria minha.

Passei a tarde toda com a Ana, conversamos bastante, ela deu-me bastantes conselhos e se ofereceu para me dar algum dinheiro, contudo não aceitei, pois ela trabalha muito, tem a sua família e eu tenho as minhas economias que serão o bastante para iniciar esse meu novo capítulo de vida. Contudo ela insistiu tanto que eu aceitei só o dinheiro das passagens.

Depois fui para casa às 20 horas da noite, ainda estou a pensar se conto ou não aos meus pais sobre a Milena. Chegando bati na porta e a Laura abriu poucos segundos depois que até estranhei.

— Boa noite. - falei e estranhamente ela não respondeu, apenas me encara com um olhar estranho, ignorei e fui a sala e encontrei o Carlos no sofá

— Senta aí. - ele falou quase gritando

— Ok. - sentei e a Laura se sentou ao seu lado

— Que história é essa de que você tem uma filha, está a esconder uma gravidez, pensa que somos tolos, ti suportei por todos esses anos e é assim que nos agradece? - falou o pai cheio de raiva

— Eu não estou grávida, só decidi adotar uma bebé, aliás como souberam disso?

— Vi uns papéis estranhos no seu quarto de um hospital. - respondeu o Carlos e logo a seguir minha mãe falou

— Filha não faça isso, eu tive o seu irmão com 16 anos e foi muito difícil, não estava preparada para a maternidade, fui expulsa da casa dos meus pais, tive de deixar os meus sonhos de lado e casei-me com o seu pai, mais é difícil, então não faça isso. -ela falou em um tom calmo e preocupada, é a primeira vez que ela se dirige a mim dessa forma ou que me conta essas coisas

— Eu já tomei a minha decisão e não estou a pedir permissão a vocês. - falei o mais neutra possível

— Por favor pense bem, tantas jovens tiveram os seus sonhos destruídos por causa disso e existe tantas famílias com condições melhores para adotar essa bebé e você decide simplesmente arruinar toda sua vida

— Mãe nem todos olham assim para as coisas, você pode ter desistido dos seus sonhos, mais a quem que tenha passado pelo menos que você e teve o seu filho como mais um motivo especial para lutar pelos seus sonhos, então não vou mudar de ideias, estou a seguir o meu coração e vocês nunca me orientaram em nada durante toda a minha vida, então não se cansem agora

— Eu falei para você Laura, que ela é teimosa, se quer tanto essa bebé, faça o que quiser, pois aqui você não fica com está loucura. Ti darei a escolha de ficar aqui e ti apoiaremos com tudo que precisar desde que desista de arruinar a sua vida e nos envergonhar dessa forma. - ele terminou de falar e eu dei de ombros não acreditando

— Então só agora decidiu fazer algo de verdade por mim, obrigado mais não, eu já ia sair daqui hoje mesmo, não precisa se preocupar comigo afinal tive de cuidar-me sozinha desde criança e agora está na hora de sair do ninho. - Falei já me levantando sem paciência com aquela conversa e percebi que no topo da escada, havia uma mala minha e olhei para eles

— Você não vai sair daqui, você foi expulsa e espero nunca mais ouvir uma notícia sua. Bem que os meus amigos me avisaram que cuidar de uma filha que claramente não é sua, dá nisso e você é uma grande ingrata. - peguei a mala e fui no quarto pegar o meu notebook que comprei com o meu próprio dinheiro, os meus documentos coloco tudo em uma bolsa e tratei de ir embora sem falar mais nada.

Peguei um táxi, cheguei na casa da Ana, lhe contei tudo o que aconteceu, e agora que estou deitada na cama, mal consigo dormir de tanto pensar em como será o dia de amanhã, saber que finalmente terei a minha Milena em meu colo e sentir que ela é minha, será sem dúvida inesquecível.

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