Capítulo 5 – A Decisão Fatal

A Decisão Fatal

A noite passou lentamente na mansão Dilmurat. Helena estava deitada em uma cama grande e luxuosa no quarto de hóspedes, mas o conforto físico não correspondia ao turbilhão de emoções que invadiam sua mente. O teto parecia se fechar sobre ela, e o silêncio da madrugada era cortado apenas pelos sons de seus próprios pensamentos. Aquela mansão, que a princípio parecia imponente, agora era uma prisão dourada. Matteo, Dilraba, e todos ao redor não a viam como uma pessoa — ela era apenas parte de um acordo, uma peça no jogo deles.

Helena virou-se na cama, abraçando o travesseiro enquanto lágrimas silenciosas corriam por seu rosto. Tudo que havia acontecido até agora a levava a uma encruzilhada. E, no fundo, ela sabia que precisava tomar uma decisão. Deixar-se ser controlada e moldada pelas mãos da máfia, ou lutar contra esse destino, mesmo que isso significasse arriscar a própria vida.

Ao amanhecer, os primeiros raios de sol atravessaram as cortinas, trazendo uma leveza momentânea ao quarto. Helena abriu os olhos lentamente, tentando organizar seus pensamentos e se preparar para o dia que Matteo havia anunciado como o começo de sua “nova vida”. O medo e a incerteza ainda a perseguiam, mas havia algo mais crescendo dentro dela: uma raiva latente, uma chama que começava a reacender sua vontade de sobreviver.

A Mesa do Café da Manhã

Quando Helena desceu para o café da manhã, o ambiente era imponente, como sempre. Dilraba estava sentada à mesa, elegante e controlada como uma rainha que observava seu reino. Matteo chegou logo depois, sua presença, como sempre, dominando o espaço. Ele se sentou à cabeceira da mesa, sem dizer uma palavra, mas sua simples presença já bastava para deixar claro que ele estava no controle.

Helena caminhou até a mesa com passos firmes, recusando-se a deixar que o medo a consumisse. Ela sabia que precisava manter a cabeça erguida, mesmo que sentisse o peso da submissão prestes a ser exigida dela.

Dilraba (com um sorriso calculado): “Helena, querida, espero que tenha descansado bem. Hoje é um dia importante.”

Helena não respondeu imediatamente. Ela sabia que cada palavra dita naquele ambiente seria usada contra ela de alguma forma. Matteo observava atentamente, sem falar, mas seus olhos estavam cravados nela.

Helena (calmamente, mas com firmeza): “Descansar é difícil quando você sabe que não pertence a um lugar.”

Dilraba levantou uma sobrancelha, um sorriso quase irônico se formando em seus lábios. A força de Helena parecia intrigá-la.

Dilraba: “Ainda está se acostumando, eu entendo. Mas logo verá que este é o melhor lugar para você.”

Matteo interrompeu a troca de palavras com sua voz baixa, porém carregada de autoridade.

Matteo (direto): “Hoje, você vai aprender as regras. E a primeira é: não há espaço para fraqueza aqui.”

Helena apertou as mãos embaixo da mesa, tentando conter a raiva que crescia dentro dela. A humilhação silenciosa que sentia era como uma faca cravada em seu coração, mas ela não podia se dar ao luxo de explodir ali. Não ainda.

O Encontro Privado

Após o café da manhã, Matteo levou Helena para uma sala isolada no andar superior da mansão. Era um escritório luxuoso, com paredes revestidas de madeira escura e estantes cheias de livros antigos. Matteo fechou a porta atrás de si, deixando-os a sós. O ambiente estava carregado de tensão.

Helena o observava atentamente, esperando que ele explicasse o que estava por vir. Ela sabia que, para ele, aquele não era um encontro pessoal. Era uma lição, um aviso.

Matteo (cruzando os braços, sua voz fria como gelo): “A partir de hoje, você faz parte da minha vida. E isso significa que você seguirá minhas ordens sem questionar. Entendeu?”

Helena sentiu sua respiração acelerar, mas se recusava a mostrar fraqueza. Ela sabia que sua liberdade havia sido roubada naquela sala, mas isso não significava que sua alma estava perdida.

Helena (olhando diretamente nos olhos de Matteo): “Entendi. Mas isso não significa que vou aceitar tudo passivamente.”

Matteo estreitou os olhos, sua expressão se endurecendo. Ele não estava acostumado com resistência, especialmente não de alguém como Helena, uma mulher que ele considerava parte de uma transação. Ele deu um passo à frente, aproximando-se dela.

Matteo (em um tom ameaçador): “Você não tem escolha, Helena. A vida que você conhecia acabou. Agora, é minha vida que você seguirá.”

Helena sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas se manteve firme. A proximidade de Matteo era sufocante, mas havia uma chama de coragem dentro dela que não podia ser apagada.

Helena (sem recuar): “Eu posso ter sido vendida, Matteo, mas eu ainda sou dona de mim. Se você acha que pode me quebrar, está subestimando quem eu sou.”

O silêncio que se seguiu foi intenso. Matteo a olhou com uma mistura de curiosidade e frustração. Ele não estava acostumado a ser desafiado, e Helena, mesmo em sua posição vulnerável, se recusava a se curvar completamente à sua vontade.

A Decisão

Depois do encontro, Helena foi deixada sozinha em seu quarto. Ela andava de um lado para o outro, com o coração batendo forte, seus pensamentos a mil. Matteo havia deixado claro suas intenções, mas Helena sabia que não poderia simplesmente se resignar. Era hora de tomar uma decisão. Ficar ali, viver como uma prisioneira dourada, ou arriscar tudo para tentar escapar daquele pesadelo.

Sua mente girava com cenários de fuga. Não seria fácil, mas ela tinha suas habilidades, e sua determinação. Ela havia aprendido a lutar, era fluente em línguas, e conhecia a força que possuía. Matteo podia ser poderoso, mas Helena sabia que tinha uma força interior que ele ainda não havia visto.

Ao cair da noite, Helena se levantou decidida. Ela olhou para o espelho uma última vez, seus olhos castanhos brilhando com uma determinação renovada. Ela sabia que a escolha que faria a seguir seria fatal — não apenas para seu futuro, mas também para sua alma.

Helena (para si mesma): “Eu não vou ficar presa aqui. Nem que isso me custe tudo.”

E com essa decisão, Helena estava pronta para enfrentar o maior desafio de sua vida. O desespero que sentia agora havia se transformado em ação. Matteo podia achar que estava no controle, mas Helena estava prestes a provar que ele havia subestimado sua verdadeira força.

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