A Desintegração da Família
O silêncio que pairava sobre a mansão Bernardi naquela manhã parecia pesar mais do que o normal. Helena caminhava pelos corredores como se estivesse presa em uma névoa, seu coração apertado pela dor, mas sua mente afiada com a determinação de resistir. Ela não seria derrotada pela traição de seu pai. Matteo Dilmurat podia até tentar comprá-la, mas nunca possuiria sua alma.
No entanto, enquanto a mansão parecia desmoronar ao seu redor, Helena sabia que não era a única que sentia o impacto das decisões destrutivas de Raul. A desintegração da família Bernardi estava apenas começando, e Helena podia sentir o colapso iminente em cada canto daquela casa.
No quarto de Helena
Helena se trancou em seu quarto, tentando processar os eventos que acabara de enfrentar. Tudo parecia tão surreal, como se estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Seus pensamentos giravam em torno de um único nome: Matteo Dilmurat. Quem era esse homem, e por que ele a queria? O que ele esperava ganhar ao comprá-la como se fosse uma mercadoria?
As perguntas rodopiavam em sua mente, mas a raiva e o ressentimento por sua própria família logo tomaram conta. Não era só o fato de ter sido vendida que a atormentava, mas o quanto sua família a via como algo descartável. Raul, seu próprio pai, havia sacrificado sua dignidade sem sequer hesitar.
Helena (para si mesma, com raiva contida): "Eu não sou uma moeda de troca... Não sou a solução dos problemas deles."
Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela as enxugou rapidamente, recusando-se a ser vista como fraca. De repente, uma batida suave na porta a trouxe de volta ao presente.
Entrada de Julia
A porta do quarto de Helena se abriu lentamente, e Julia entrou sem pedir permissão, como sempre fazia. O rosto de Julia carregava aquele mesmo sorriso debochado que Helena tanto desprezava, mas havia algo diferente nela agora — uma satisfação cruel em seus olhos.
Julia (cruzando os braços, com uma risada baixa): “Então, nossa querida Helena finalmente vai deixar a casa. Quem diria? Até que enfim vai ser útil para alguma coisa.”
Helena olhou para a irmã com desprezo, mas não respondeu imediatamente. Ela sabia que Julia estava ali para provocar, para se deliciar com o sofrimento dela. Mesmo assim, Helena se recusava a dar a ela esse prazer.
Helena (calma, mas firme): “Isso não é da sua conta, Julia. Nunca foi.”
Julia se aproximou lentamente, como uma predadora que saboreia cada momento antes de atacar sua presa. Ela sabia que Helena estava ferida e aproveitaria cada oportunidade para aumentar a dor da irmã.
Julia (com um sorriso perverso): “Ah, claro que é da minha conta. Afinal, você vai sair daqui e quem sabe o que aquele homem vai fazer com você? Talvez ele te trate pior do que você foi tratada aqui.”
Helena sentiu o veneno nas palavras de Julia, mas se manteve firme. Sua vida naquela casa já era insuportável, e o que quer que Matteo Dilmurat tivesse planejado para ela, não poderia ser pior do que viver sob o controle de sua madrasta e irmã.
Helena (com frieza): “Eu aguento mais do que você imagina, Julia. E, um dia, eu vou sair dessa vida. Enquanto você... vai continuar aqui, aprisionada nessa casa.”
Julia arregalou os olhos, surpresa pela ousadia de Helena, mas logo se recompôs com um sorriso forçado.
Julia (com um sorriso sarcástico): “Veremos, Helena. Veremos.”
Sem outra palavra, Julia saiu do quarto, batendo a porta atrás de si. Helena suspirou, exausta emocionalmente, mas sabia que não poderia perder tempo. Precisava se preparar para o que estava por vir. Seu destino estava fora do controle naquele momento, mas ela não deixaria que isso a quebrasse.
No escritório de Raul Bernardi
Enquanto Helena lidava com sua própria raiva e dor, no escritório, Raul estava prestes a enfrentar a realidade cruel de suas ações. Ele se sentou à sua mesa, olhando para os papéis espalhados diante dele — documentos de dívidas, contratos inacabados, e um acordo que ele jamais pensou que teria que aceitar. Mas agora, ele estava nas mãos de Matteo Dilmurat.
Uma batida pesada ecoou pela porta.
Raul (nervoso): “Entre.”
A porta se abriu revelando um dos capangas de Matteo, um homem robusto e silencioso, vestido em um terno preto impecável. Sua presença irradiava uma autoridade fria e calculista, como um prenúncio do próprio Matteo.
Capanga (com uma voz firme e sem emoção): “O senhor Dilmurat estará aqui em uma hora. Ele espera que tudo esteja em ordem.”
Raul assentiu com a cabeça, sentindo o peso de suas próprias decisões esmagá-lo. Ele sabia que estava prestes a entregar sua filha a um homem perigoso, mas, para ele, a salvação de sua fortuna justificava qualquer sacrifício.
Raul (para si mesmo, em voz baixa): “Não tenho escolha...”
O capanga o encarou por um momento, como se julgasse o homem à sua frente, antes de sair sem mais uma palavra. Raul se afundou em sua cadeira, respirando pesadamente. Ele sabia que o confronto com Matteo estava próximo, e isso o aterrorizava.
Na sala de jantar
Enquanto Raul enfrentava seus próprios demônios, Isabela estava sentada à mesa de jantar, tomando chá, fingindo que nada de anormal estava acontecendo. Ela sempre fora uma mulher calculista, que priorizava seus próprios interesses acima de tudo, e o destino de Helena não era algo que a preocupava.
Helena desceu as escadas lentamente, observando Isabela com frieza. Sabia que sua madrasta estava por trás de muitas das decisões destrutivas de seu pai, mas não esperava mais nenhum tipo de compaixão ou decência da parte dela.
Isabela (sem olhar para Helena): “Então, está pronta para a mudança? Acho que você vai se adaptar bem à sua nova vida. É mais do que merece.”
Helena cerrou os dentes, controlando a raiva crescente dentro dela. As palavras de Isabela eram como facas afiadas, mas Helena já estava farta de ser ferida.
Helena (com firmeza): “Espero que um dia você colha o que plantou, Isabela. Essa casa... essa vida que vocês construíram, tudo vai desmoronar. E eu não estarei aqui para ver.”
Isabela, finalmente olhando para Helena, deu um sorriso frio.
Isabela: “Ah, querida, eu estarei bem. Não se preocupe comigo. Mas você... será apenas mais uma peça no jogo.”
Helena não respondeu. Não valia mais a pena discutir. Ela sabia que o fim da família Bernardi estava próximo, e quando isso acontecesse, ela já estaria longe dali. Sua mente estava focada agora em uma única coisa: sobreviver a Matteo Dilmurat.
A chegada de Matteo
Enquanto a tensão aumentava dentro da mansão, os portões da propriedade se abriram para um carro preto que entrou silenciosamente. Era o prenúncio do próximo capítulo da vida de Helena — um capítulo que ela não escolheu, mas que estava determinada a enfrentar.
O carro parou na entrada principal, e a porta se abriu. Helena observou da janela enquanto Matteo Dilmurat, um homem alto e imponente, saía do carro, com uma expressão séria e fria no rosto. Seu olhar penetrante era de alguém que estava acostumado a obter o que queria.
E, naquele momento, ele veio buscar o que lhe fora prometido: Helena.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Marta Monteiro
espero que ele não há faça sofrer como a família dele fez 🤔
2024-10-19
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