A Revelação de Helena
Helena passou a noite deitada no chão frio de seu quarto, sem conseguir se mover. Cada músculo do seu corpo doía, cada respiração parecia uma luta. A lembrança dos socos de Raul ainda a atormentava. Seu pai, o homem que deveria protegê-la, havia cruzado a última linha. Mas, naquele momento, algo dentro de Helena quebrou — não era mais a menina que esperava por reconhecimento, mas uma mulher que sabia que o amor de seu pai nunca viria.
Quando o sol começou a nascer, ela se levantou com dificuldade, as dores ainda latejando em seu corpo. Olhou para o espelho mais uma vez, desta vez sem nenhuma esperança nos olhos. Tudo o que restava era uma determinação fria e dura.
Helena (para si mesma, em voz baixa): "Eu preciso sair daqui. Não posso mais viver dessa forma."
Enquanto descia as escadas naquela manhã, o cheiro de café fresco invadia a casa. Julia e Isabela já estavam na mesa de café, trocando sorrisos condescendentes enquanto ignoravam completamente a presença de Helena, como sempre faziam. Mas desta vez, algo estava diferente em Helena. Ela não se importava mais com o desprezo delas. Não havia mais nada para elas tirarem dela.
Julia (notando o rosto machucado de Helena e rindo): “Nossa, que cara é essa? Levou uma surra e nem me convidou para assistir?”
Isabela (com uma expressão de falsa compaixão): “Tsk, tsk, Helena. Sempre arrumando problemas. Quem sabe você deveria ser mais... cuidadosa.”
Helena sabia que elas sabiam o que Raul tinha feito, mas, como sempre, preferiam ignorar ou ridicularizar sua dor. Ela apertou os punhos, controlando a raiva que fervia dentro dela, mas decidiu manter a calma. Não adiantava confrontá-las agora.
Helena (fria, mas com firmeza): “Não se preocupem. Logo estarei fora de suas vidas.”
O silêncio que seguiu sua declaração foi quase palpável. Julia e Isabela trocaram olhares rápidos, como se tentassem decifrar se Helena estava falando sério. Mas antes que pudessem responder, um dos empregados entrou no salão, visivelmente nervoso.
Empregado: “Senhorita Helena, seu pai está lhe chamando no escritório.”
Helena sabia que aquele chamado não traria nada de bom, mas ela também sabia que precisava ir. Era o momento de encarar Raul após o que havia acontecido na noite anterior. Com um último olhar indiferente para Julia e Isabela, ela se levantou da mesa e seguiu em direção ao escritório.
No escritório de Raul Bernardi
Ao entrar no escritório, Helena encontrou Raul sentado à sua mesa, com um ar abatido, mas claramente ainda sentindo o peso da ressaca. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, e ele parecia exausto. No entanto, sua expressão estava diferente — mais severa, mais fria. Havia uma decisão sombria em seu olhar.
Raul (sem rodeios): “Sente-se.”
Helena se aproximou da cadeira à frente da mesa e se sentou, mantendo uma postura firme, apesar das dores que ainda latejavam em seu corpo.
Raul (sério, com a voz pesada): “A situação da família piorou. Estamos à beira da falência, Helena. A empresa... acabou. Estamos afundados em dívidas, e eu preciso tomar uma decisão para nos salvar.”
Helena manteve o silêncio, ouvindo atentamente. Sabia que algo terrível estava por vir, mas não tinha ideia do que seria.
Raul (desviando o olhar por um momento, depois voltando a encará-la): “Eu tentei todas as opções, conversei com todos os investidores. Mas ninguém quer nos ajudar. A única solução que me resta... envolve você.”
Helena sentiu um calafrio subir por sua espinha. Algo em seu instinto a alertava que Raul estava prestes a revelar algo devastador.
Helena (fria): “O que o senhor está querendo dizer?”
Raul (evitando o olhar dela): “Eu fiz um acordo. Matteo Dilmurat, um dos homens mais poderosos e influentes da China, concordou em nos ajudar. Ele tem os recursos para nos tirar dessa falência. Mas... em troca, ele quer algo.”
Helena podia sentir o desespero em cada palavra do pai. E então, a verdade atingiu-a como uma pancada.
Raul (num sussurro quase imperceptível): “Ele quer você.”
O coração de Helena acelerou. Sua respiração ficou pesada, e por um momento, ela achou que seu mundo estava desabando novamente.
Helena (atônita, tentando processar): “Você... me vendeu? Como se eu fosse um objeto?”
Raul (frio, sem emoção): “É o único jeito de salvar a família, Helena. Matteo Dilmurat pode nos tirar do buraco. Você só precisa fazer sua parte.”
Helena sentiu como se o ar tivesse sido arrancado de seus pulmões. A dor física das agressões da noite anterior parecia insignificante em comparação à dor emocional que agora rasgava seu coração. O próprio pai a estava entregando a um homem que ela sequer conhecia, em troca de dinheiro.
Helena (com uma voz fria e controlada): “Eu não sou um bem, pai. Eu sou sua filha.”
Raul a encarou, mas havia uma frieza assustadora em seu olhar. Ele estava tão consumido pela ganância e pelo desespero que já não via Helena como sua filha, mas apenas como uma solução para seus problemas.
Raul (impassível): “Isso não importa mais. Você vai fazer isso pela família.”
Helena se levantou, sentindo um misto de revolta e desespero. Ela sabia que não havia escapatória. Sabia que Matteo Dilmurat não era o tipo de homem que aceitava recusas. A partir daquele momento, sua vida não lhe pertencia mais.
Antes de sair do escritório, Helena se virou para Raul uma última vez. Seu coração doía, mas ela não permitiu que as lágrimas caíssem.
Helena (fria): “Eu nunca vou perdoar você por isso.”
Ela saiu do escritório sem olhar para trás, deixando Raul sozinho com seus demônios. Ao caminhar pelo corredor, Helena sentia uma mistura de raiva, tristeza e, acima de tudo, determinação. Ela sempre soube que não poderia contar com sua família, mas agora, mais do que nunca, sabia que estava verdadeiramente sozinha.
Mas Helena não seria uma vítima. Se Matteo Dilmurat queria comprá-la, ele descobriria que ela não seria uma prisioneira submissa. Ela encontraria uma maneira de sobreviver — e, eventualmente, de se libertar.
Ela nunca deixaria que ninguém a quebrasse novamente.
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Atualizado até capítulo 35
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