Elina
A cada dia que passava, sentia como se uma nova luz estivesse se acendendo dentro de mim. As mensagens e áudios de James se tornaram a parte mais aguardada do meu dia. Havia algo reconfortante em saber que, ao final do dia, eu poderia contar com a presença virtual de alguém que parecia genuinamente interessado em mim.
Heitor, por outro lado, estava cada vez mais presente em minha vida de maneira opressiva. Sua atenção se tornou um peso constante sobre meus ombros. Ele parecia monitorar cada movimento meu, cada sorriso que eu dava, cada vez que saía de casa. Não era apenas a constante vigilância que me incomodava, mas o fato de que ele parecia perceber qualquer mudança em meu comportamento. Recentemente, comecei a perceber uma pequena mudança no seu comportamento também. Ele estava mais controlador, cada vez mais exigente.
Um sábado ensolarado, enquanto me preparava para mais um dia em casa, recebi uma mensagem de James:
Oi Elina! Estou planejando um passeio pelo parque florestal da cidade hoje à tarde. Gostaria de vir comigo? Acho que você vai gostar.
Sorri ao ler a mensagem. Era uma oferta simples, mas com uma sinceridade que eu precisava naquele momento. Respondi rapidamente:
Oi, James! Adoraria ir. Que horas você pensa em sair?
A partir das 15h, se estiver bom para você. Te encontro na entrada principal?
Perfeito. Nos vemos lá!
A ansiedade misturada com a empolgação me acompanharam até o parque. A caminhada ao ar livre, longe dos olhares atentos e das exigências de Heitor, era exatamente o que eu precisava. Quando cheguei, James estava lá, de pé perto da entrada, um sorriso caloroso no rosto.
— Oi, Elina! — ele cumprimentou, oferecendo-me um abraço amigável que aceitei com um suspiro de alívio.
— Oi, James! Muito obrigada por me convidar. Estava precisando mesmo de um tempo fora de casa.
— Imaginava que sim. Vamos, o parque é lindo nessa época do ano.
Enquanto caminhávamos, o som dos pássaros e o aroma das flores criavam uma atmosfera relaxante. James e eu conversamos sobre várias coisas: livros que gostaríamos de ler, filmes que adorávamos, até mesmo sobre sonhos e medos. As conversas foram fluindo de forma natural, e eu comecei a me sentir mais à vontade com ele.
— É engraçado como a gente acaba descobrindo coisas em comum com as pessoas, não é? — James comentou, enquanto caminhávamos por um trilho sombreado.
— É verdade. Eu não esperava encontrar alguém tão... compreensivo — respondi, pensando em como ele havia se mostrado tão atento e gentil. James sorriu.
— Acho que todos nós precisamos de alguém que nos entenda sem julgamentos. A vida é complicada, e ter alguém com quem podemos falar sobre isso faz toda a diferença.
O tempo passou rapidamente, e a conversa foi se tornando cada vez mais pessoal. Eu contei a ele sobre meus dias, sobre a pressão de viver com Heitor e como havia me sentido sufocada e presa. James ouviu atentamente, sem interromper, apenas demonstrando sua empatia e compreensão.
— Parece que você está realmente passando por um momento difícil — ele disse, com um tom de voz suave. — É bom encontrar alguém que possa ser uma âncora em meio ao caos.
A resposta de James me fez sentir uma onda de alívio, e decidi abrir um pouco mais.
— Eu não sei como teria conseguido passar por tudo isso sem esses momentos de escapismo. Às vezes sinto que estou perdida.
James me observava com uma atenção gentil. Eu conseguia sentir o turbilhão de emoções em seus olhos enquanto ele via o quanto eu me esforçava para lidar com a minha situação. Ele notava a tristeza que eu tentava esconder, a dificuldade em enfrentar a realidade opressiva em que vivia. Havia uma compreensão silenciosa que ele transmitia, e isso me dava uma sensação de conforto. Eu sabia que ele enxergava esses pequenos momentos de liberdade que eu agarrava como uma forma de escape.
Eu podia perceber que James entendia o que esses encontros significavam para mim — um refúgio temporário, uma pausa da minha vida sufocante. Ele admirava minha força, mas também parecia se perguntar até onde poderia ir sem invadir o espaço que eu tanto precisava. Era como se ele estivesse cauteloso, tentando equilibrar suas próprias emoções enquanto respeitava as minhas.
— Eu realmente aprecio esses momentos. Às vezes, parece que estou vivendo em um conto de fadas com um final infeliz, — desabafei, sentindo a necessidade de expressar o quanto essas horas longe de casa me faziam bem.
— Espero que um dia você consiga mudar essa história. — ele respondeu, a voz cheia de sinceridade. Eu sabia que aquilo não era apenas gentileza. — Todos merecem ser felizes e viver uma vida que os faça sentir completos.
Enquanto o parque ia se esvaziando com o fim do dia, eu me sentia mais leve, mais próxima de James, que vinha se tornando um amigo de verdade. Pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia segura, longe das pressões e expectativas de Heitor.
— Obrigada por hoje, James. Foi exatamente o que eu precisava. — disse, enquanto caminhávamos de volta para a entrada do parque.
— Foi um prazer. Podemos fazer isso mais vezes, se você quiser. — ele sugeriu.
— Eu adoraria.
O dia terminou com um sentimento de renovação e esperança. Apesar de tudo o que estava acontecendo, eu sentia que estava construindo algo positivo e verdadeiro com James durante esses poucos meses.
Quando voltei para casa, encontrei Heitor na sala, inquieto.
— Você está bem? Demorou um pouco. — ele comentou, com aquela mistura habitual de preocupação e controle na voz.
— Sim, só aproveitei o dia no parque — respondi, tentando soar casual.
Heitor se aproximou, e sua expressão ficou mais séria.
— Já pensou em começar a pensar em termos filhos? Acho que é o momento certo.
Fiquei paralisada. A ideia de ter um filho com alguém por quem eu não sentia mais nada me atingiu como um balde de água fria.
— Eu... não tinha pensado nisso ainda. Acho que precisamos conversar mais sobre isso.
Ele assentiu, mas havia um brilho de determinação em seus olhos.
— Vamos ver como você se sente a respeito. Não quero pressionar, mas é algo que precisamos começar a considerar.
Depois da conversa, fiquei tomada por uma sensação de desesperança. Eu precisava de uma saída, uma solução para evitar essa situação. Assim que ele se trancou no escritório, peguei o telefone e liguei para Laura.
— Laura, precisamos conversar. — disse, assim que ela atendeu. — Estou passando por algo complicado com o Heitor e preciso da sua ajuda.
— Claro, Elina. Onde você quer se encontrar? — ela perguntou, preocupada.
— Na cafeteria perto do meu apartamento. Estou indo para lá agora.
Enquanto me preparava para sair, o pensamento sobre o futuro me consumia. A ideia de ter um filho com Heitor me aterrorizava, e eu precisava encontrar uma solução antes que fosse tarde demais.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 43
Comments
Ruby Rose
Eita, agora apertou kkkk
2024-10-21
1
Ruby Rose
Sim, faz muita diferença!
2024-10-21
1
Ruby Rose
Vejo o começo de algo aí hein kkkkkk
2024-10-21
1