Elina
A casa estava em constante silêncio, refletindo minha própria sensação de estagnação. O som dos passos ecoava pelos corredores vazios, e eu frequentemente me perdia em pensamentos, buscando algum sentido no vazio ao meu redor.
Meu pai sempre foi um homem de negócios, muito dedicado. Sua presença dominava nossa casa e a empresa que ele havia construído com tanto esforço. A morte dele foi um golpe devastador. A empresa, que deveria ter sido um símbolo de sucesso, estava agora à beira da falência. Ele sempre sonhou em deixá-la em boas mãos, mas o que restou foi um legado sombrio, cercado por dívidas e problemas financeiros que pareciam insuperáveis.
A situação piorou quando Heitor entrou em cena. Ele se apresentou como uma solução para os meus problemas, oferecendo ajuda em um momento de desespero. Mas logo ficou claro que sua proposta não era movida por altruísmo. Ele estava interessado na empresa e em mim, não por quem éramos, mas pelo que podíamos oferecer.
O casamento parecia ser uma maneira de resolver os problemas de ambos. Para ele, era uma forma de garantir uma posição estratégica e se beneficiar da empresa. Para mim, era uma forma de assegurar a sobrevivência da empresa e encontrar algum consolo em meio à dor da perda. A aliança que deveria ter sido um símbolo de esperança tornou-se um peso adicional.
Tentava encontrar algum propósito no dia a dia, mas a sensação de estagnação era esmagadora. A casa, que deveria ser um lar, parecia um espaço frio e impessoal. O ambiente carecia de calor humano, e eu passava os dias em uma rotina sem sentido, preenchendo o tempo com tarefas que não levavam a lugar algum.
Heitor era uma presença constante, mas distante. Ele passava a maior parte do tempo fora, envolvido em seus próprios compromissos e aventuras extraconjugais. Sua ausência frequente intensificava o vazio que eu sentia. Quando estava em casa, sua presença era mais um peso do que um alívio.
Frequentemente me encontrava em uma posição de desconforto e desamparo. Ele parecia não notar, ou talvez não se importasse, com o impacto emocional de suas ações. As interações entre nós eram breves e insatisfatórias, marcadas por um desinteresse que se tornara rotineiro. Cada encontro era um lembrete de quão desconectados estávamos, e cada palavra não dita apenas aprofundava o abismo entre nós.
Nessa rotina monótona, meus pensamentos vagavam para a vida que poderia ter sido. As manhãs começavam com resignação, e eu passava os dias tentando encontrar algum sentido em meio ao caos. Meus esforços para lidar com a empresa e suas dificuldades pareciam em vão, e a perspectiva de mudança se tornava cada vez mais distante.
O ambiente da casa refletia meu estado emocional. A biblioteca, uma vez um lugar de conforto, agora representava minha frustração. Os livros empoeirados nas prateleiras eram um lembrete de um mundo que parecia estar fora do meu alcance. Eu passava horas lá, tentando escapar da realidade, mas a sensação de estar em uma prisão emocional tornava qualquer esforço fútil.
As conversas com Heitor eram superficiais. Ele estava mais interessado em seus próprios desejos do que em qualquer forma de conexão real. Em nossos diálogos, eu sentia a falta de empatia e respeito, e cada palavra era um lembrete de nossa desconexão. Tentava manter uma aparência de normalidade, mas a pressão constante para manter a fachada me desgastava.
Passava as noites em introspecção silenciosa, tentando encontrar respostas para as questões que me atormentavam. A solidão se tornava uma companhia constante, e a sensação de estar presa em uma situação sem saída era esmagadora. O desejo de mudar minha vida era forte, mas a falta de direção e a sensação de impotência tornavam qualquer ação quase impossível.
Em uma manhã particularmente fria, o sol ainda não havia aquecido o ambiente quando eu me encontrava na cozinha, tentando encontrar algum propósito nas tarefas diárias. Preparar o café da manhã parecia um esforço desnecessário, uma rotina que cumpria apenas para manter uma sensação de normalidade. As paredes frias da casa refletiam a minha apatia.
Naquele dia, enquanto caminhava pela casa, refletia sobre as promessas que foram feitas e como se revelaram vazias. O que deveria ter sido uma solução para meus problemas tornava-se um novo conjunto de desafios. A esperança de encontrar conforto em meio à mudança parecia uma miragem, e eu me via lutando para encontrar significado em um cenário desolador. Eu esperei um amor que nunca veio, e a minha paixão, aos poucos, foi se desvanecendo.
A vida continuava, e eu desempenhava meu papel, mesmo que relutantemente. A sensação de estar em um ciclo interminável de desilusão era constante. Tentava manter a esperança de que um dia as circunstâncias mudariam, mas a realidade parecia teimosa e implacável.
Cada dia era uma batalha silenciosa, uma luta para encontrar algum propósito em meio à rotina cansativa. A perspectiva de mudança parecia cada vez mais distante, e o desejo de escapar dessa prisão emocional tornou-se uma necessidade urgente. Mas, por enquanto, eu continuava tentando encontrar sentido nas sombras do passado.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Eloi Silva
porque ela não toma a frete da empresa ou vende ela ou coloca um sosio pra ajudar a erguer o Heitor só está afundando mais os negócio dela
2024-12-03
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Ruby Rose
Nossa situação complicada a da Elina, é horrível viver dessa forma, com alguém assim/Frown/
2024-10-21
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Brennda Germany's
teclado ruim, na verdade eu quis dizer que ela encontre o prazer de viver
2024-10-09
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