intensos..

Já está muito tarde, eu nunca vim nessa parte da casa, a parte da piscina, eu nunca gostei muito de piscina mas principalmente pelo fato de eu nunca saber nadar, mas também pelo fato da piscina me trazer péssimas lembranças. Lembranças na qual não gosto de recordar.

Me sento numa espreguiçadeira e olho para o céu estrelado com algumas nuvens, e nesse momento sinto um pingo de água cair sobre meu rosto, e uma chuva começa, não me movo nem um centímetro, uma coisa que eu amo mais que correr é a chuva, adoro ficar parada debaixo da chuva. Quando eu era criança, eu e meu irmão sempre gostávamos de ficar brincando debaixo da chuva, adorávamos a chuva, ficar na chuva é como relembrar o passado com um pouquinho mais de alegria, tomar banho de chuva é como se ele ainda estivesse aqui comigo, é como se ele ainda estivesse me olhando sorrindo enquanto estávamos debaixo da chuva.

Meu corpo por inteiro já está ensopado, mas eu não estou nem um pouco incomodada.

Guilherme: o que você está fazendo debaixo de chuva Barbara Romantin? Abro os meus olhos e deparo-me com Guilherme me olhando bravo e intrigado.

- gosto de chuva, é reconfortante sentir a chuva cair no meu corpo. Mas pela sua cara você não deve gostar muito né. Falo voltando a fechar os olhos.

Guilherme: eu não gosto do fato de você pegar um resfriado ficando mais um minuto aqui.

- não se preocupe nem gripe me pega, sei correr dela muito bem. Falo sorrindo.

- você devia entrar, eu vou ficar mais um pouquinho aqui.

O silêncio paira no local, não ouço passos, só o barulho da chuva caindo.

Abro meus olhos e me deparo com Guilherme sentado do meu lado.

- por que você está aqui?

Guilherme: por que você está aqui?

- não vale devolver uma pergunta com outra.

Guilherme: não vou te deixar aqui sozinha, e você?

- gosto da chuva, adoro, na verdade, me lembra a minha infância com o meu irmão.

Guilherme: posso te fazer uma pergunta bem pessoal?

- claro, Gui. falo me virando de lado para olhá-lo

melhor.

Guilherme: como o seu irmão...

— morreu?

Guilherme: é.

Guilherme: a sociedade só ficou sabendo que ocorreu um acidente e ele não aguentou. Se não quiser responder, tudo bem.

- foi por minha causa que ele morreu.

Ele me olha intrigado. Eu volto a olhar para o céu, a chuva já estava diminuindo mas não tinha parado.

- eu nunca soube nadar, mas eu queria aprender, mas eu estava sozinha na piscina, eu comecei a me afogar, e meu irmão pulou na piscina para me salvar, mas o problema era que ele tinha alergia ao cloro, só deu tempo dele me tirar dali e ele morreu, não tinha nenhum adulto em casa então não deu tempo de ninguém o socorrer. Quando meus pais chegaram ele já estava morto, quase que morri junto, eu desmaiei quando ele me tirou da piscina. Quando acordei na cama de um hospital eu soube que ele tinha morrido, e esse foi o pior dia da minha vida.

As minhas lágrimas já tinham se misturado com a chuva, eu me levantei pronta para entrar e quando eu viro as minhas costas, Guilherme me puxa pelo pulso me fazendo virar para ele. Ele me abraça e eu abraço-o mais forte ainda deixando as lágrimas caírem.

Guilherme: não foi sua culpa, tá? Ele fala acariciando minha cabeça.

Guilherme: você não tem culpa de nada que aconteceu. Ele fala me encarando com as mãos em meu rosto. Ele me puxa novamente para um abraço e eu retribuo o apertando forte.

Lembrar do passado dói, eu nunca me abri tão abertamente assim para alguém, eu amo o jeito que Guilherme me faz me sentir confortável e única quando tô com ele.

Ele para de me abraçar e me olha intensamente, ele coloca a mão no meu rosto chegando mais perto de mim e assim colando os nossos lábios ao me beijar, eu retribuo e assim que faço isso ele me puxa aproximando os nossos corpos.

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