O ar era denso e úmido quando Isabela desceu do avião no Aeroporto Internacional JFK. Seu coração batia acelerado, uma mistura de ansiedade e empolgação, como se cada batida ecoasse o início de algo novo. Ao sair pela porta do avião, a agitação de Nova York já parecia envolvê-la. O barulho dos aviões, os avisos automáticos soando pelos alto-falantes, o movimento apressado das pessoas ao seu redor. Tudo era um borrão de sons e imagens, um contraste gritante com a tranquilidade de sua cidade natal no Brasil.
Enquanto caminhava pelo terminal, o cheiro de café e gasolina misturado ao perfume doce de alguma loja próxima preencheu o ar. Isabela segurava sua bolsa com firmeza, suas mãos ligeiramente trêmulas. Mesmo com Clara esperando por ela, Isabela sentia um frio na barriga, uma sensação de estar sozinha no meio de uma multidão. **Nova York**, pensou, enquanto seus olhos capturavam as luzes que piscavam nas telas eletrônicas, anunciando voos e destinos. Tudo parecia grande demais, rápido demais.
Quando finalmente passou pela alfândega e entrou no saguão de desembarque, seu olhar procurou desesperadamente por Clara. Não demorou muito para que a visse — Clara estava lá, sorrindo de orelha a orelha, acenando animadamente no meio da multidão.
— **Isa! Aqui!** — Clara gritava, sua voz cortando o barulho ao redor.
Isabela sorriu, sentindo um alívio imediato. Correu em direção à amiga, jogando os braços ao redor dela em um abraço apertado.
— **Ai, que bom te ver, Clara!** — Isabela disse, enquanto sentia o perfume familiar de Clara, uma mistura de lavanda e frutas que sempre trazia uma sensação de casa. — **É tudo tão... diferente aqui.**
Clara a soltou, rindo.
— **Diferente? Isso é Nova York! É o centro do mundo!** — disse Clara, dando uma piscadela. — **Você vai se acostumar logo, logo.**
Isabela olhou ao redor, sentindo-se ainda um pouco sobrecarregada. As luzes fluorescentes, o som constante de passos, as vozes em línguas que ela mal reconhecia. Tudo parecia competir por sua atenção. Era como se o mundo ao redor não parasse nem por um segundo para respirar.
— **Eu só espero que eu consiga encontrar um lugar para ficar.** — Isabela confessou, sua voz carregada de incerteza.
Clara deu um tapinha no ombro de Isabela e sorriu, confiante.
— **Ah, isso não vai ser problema. Primeiro, você vai ficar lá em casa comigo. Já arrumei tudo. Depois, você vai encontrar seu próprio canto. Não se preocupe.** — Clara guiou Isabela em direção à saída do aeroporto, onde o ar da noite invadiu seus pulmões.
Do lado de fora, Nova York revelou sua face mais imponente. O som incessante de buzinas, o trânsito intenso de carros que avançavam lentamente em meio ao caos organizado da cidade, as luzes brilhando das janelas dos arranha-céus que se estendiam até onde os olhos podiam ver. O cheiro de comida de rua — cachorros-quentes, pretzels e alguma coisa apimentada que ela não conseguia identificar — misturava-se com o ar úmido de fim de verão.
— **Uau...** — Isabela murmurou, incapaz de esconder a admiração. — **Isso é... tudo tão grandioso.**
Clara riu novamente.
— **Bem-vinda à Big Apple, minha querida!** — Ela brincou, fazendo um gesto teatral. — **Aqui, ou você ama ou odeia. Mas eu aposto que você vai amar.**
O carro de Clara, um modelo pequeno e prático, estava estacionado não muito longe. Enquanto dirigiam pelas ruas de Nova York, Isabela não conseguia tirar os olhos das luzes que pareciam brilhar em cada esquina. A cidade era viva, pulsante, um organismo próprio. Havia algo de magnético em Nova York, uma energia que parecia correr pelas ruas como uma corrente elétrica.
— **Como foi o voo?** — Clara perguntou, seus olhos alternando entre a estrada e Isabela.
— **Foi tranquilo. Mas eu não conseguia parar de pensar no que estou fazendo.** — Isabela respondeu, olhando para as vitrines das lojas que passavam rapidamente. — **Sabe, é assustador deixar tudo para trás.**
Clara assentiu, seu sorriso suavizando.
— **Eu sei. Mas você precisava disso, Isa. Essa é a sua chance de recomeçar, de viver algo novo. Nova York é intensa, mas ela oferece tantas oportunidades. Você vai encontrar seu caminho, confie em mim.**
A confiança de Clara trouxe uma sensação de calma a Isabela. Ela sabia que não seria fácil, mas estar ali, ao lado da amiga, já era um grande passo. O carro se movimentava pelas ruas movimentadas, passando por prédios gigantescos e letreiros luminosos que piscavam incessantemente. Era quase surreal. Parecia que ela havia atravessado um portal para um novo mundo, e tudo o que conhecia estava a milhares de quilômetros de distância.
Depois de um tempo, o carro entrou em uma área mais tranquila. As ruas eram arborizadas e as construções, menores, mas ainda assim imponentes.
— **Aqui estamos!** — Clara anunciou, estacionando em frente a um prédio de tijolos vermelhos com uma fachada simples, mas charmosa. — **Esse é o meu cantinho. Espero que goste!**
Isabela saiu do carro, inspirando o ar fresco da noite, sentindo-se um pouco mais à vontade com o silêncio relativo daquela parte da cidade. A sensação de desconforto começava a diminuir, e a presença de Clara era como uma âncora que a mantinha firme no meio de toda a novidade.
Ao entrar no prédio, Isabela notou o cheiro familiar de madeira antiga e cera de limpeza. O corredor era estreito, mas acolhedor, com luzes amareladas que pendiam do teto. Elas subiram alguns lances de escada até o apartamento de Clara, que ficava no segundo andar.
— **Não é nada luxuoso, mas é confortável.** — Clara comentou enquanto destrancava a porta e empurrava-a suavemente.
O apartamento era pequeno, mas aconchegante. As paredes em tons claros, decoradas com quadros minimalistas, combinavam perfeitamente com os móveis modernos e práticos. A luz suave das luminárias de chão dava ao ambiente um ar acolhedor, quase íntimo. O cheiro de café fresco flutuava pelo ar, e uma pilha de revistas sobre moda e decoração estava cuidadosamente empilhada na mesinha de centro.
— **Uau, Clara, seu lugar é lindo!** — Isabela elogiou, sentindo-se imediatamente em casa.
Clara sorriu, satisfeita.
— **Obrigada! Vou te mostrar o seu quarto.** — Ela caminhou até um corredor estreito que levava a dois quartos pequenos. — **Esse aqui é o meu, e aquele é o seu. Eu tentei arrumar tudo para que você se sinta confortável.**
O quarto de Isabela era simples, mas bem decorado. Havia uma cama de solteiro com colchas brancas e macias, uma pequena escrivaninha ao lado da janela e uma cadeira confortável. As cortinas, em um tom suave de azul, ondulavam levemente com a brisa que entrava pela janela entreaberta.
Isabela suspirou aliviada, colocando sua mala no chão ao lado da cama.
— **Obrigada, Clara. Eu nem sei como agradecer por tudo isso.**
Clara se aproximou, envolvendo Isabela em outro abraço caloroso.
— **Você não precisa agradecer. Estamos nisso juntas. Agora, que tal você tomar um banho e depois a gente pede uma pizza?**
Isabela riu, sentindo o cansaço da viagem começar a se dissipar.
— **Pizza soa perfeito.**
Depois de tomar um banho quente e relaxante, Isabela se sentou na cama, olhando pela janela para a rua tranquila abaixo. O barulho distante da cidade ainda podia ser ouvido, mas agora parecia reconfortante, como um lembrete de que, apesar de estar em um lugar completamente novo, ela não estava sozinha.
Enquanto Clara encomendava a pizza, Isabela refletia sobre o que estava por vir. Nova York era assustadora, grandiosa, mas também cheia de promessas. Era um novo começo, uma chance de se redescobrir e de construir a vida que sempre quis. E, naquele momento, pela primeira vez em muito tempo, Isabela sentiu-se otimista sobre o futuro.
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Atualizado até capítulo 103
Comments
Silvania Balbino
A amizade sincera é santo remédio capaz de curar qualquer coisa. É muito sagrado e especial ter um amigo que te acolhe e dá colo quando necessário
2024-10-04
1
ANGELBRODROIX
Fiquei completamente cativada por essa trama, não pude parar de ler!
2024-09-26
2