Eduarda descia uma das vielas da favela, com a música alta tocando ao longe e a brisa quente do fim de tarde balançando seus cabelos. Usava um shorts curto e uma blusa justa, deixando um pouco de pele à mostra. Enquanto caminhava distraída, ela esbarra em Nego, que vinha na direção oposta.
— Opa! Olha por onde anda, princesa — ele diz, segurando-a pelo braço, com um sorriso malicioso.
Eduarda ergue o olhar para ele, sem tirar a expressão desafiadora do rosto.
— Relaxa, Nego. Eu tô só andando, ninguém aqui manda em mim.
Ele dá uma olhada para ela, passando os olhos pelo corpo dela com um misto de desejo e ciúmes.
— Cê não pode andar assim por aí, Eduarda. Tá quase pelada! — ele comenta, a voz carregada de frustração.
Ela cruza os braços, provocativa.
— E daí? Não tô pedindo opinião. Você não gosta do que vê, é isso?
Nego ri, um riso curto, mas claramente interessado.
— Gostar eu gosto. E muito — ele responde, aproximando-se mais dela, baixando a voz. — Mas eu não curto ver os outros te olhando como se fosse mercadoria. Aqui no morro, você sabe como é.
Eduarda arqueia uma sobrancelha, desafiando-o.
— Pois então acostuma. Eu me visto como eu quero, e ninguém manda no que eu faço — ela rebate, encarando-o de frente.
Nego suspira, um misto de admiração e frustração nos olhos. Ele sabia que Eduarda era teimosa e que, por mais que tentasse, não a controlaria. Mesmo assim, a atração entre eles sempre deixava tudo mais complicado.
— Um dia isso vai te trazer problemas — ele murmura, ainda sorrindo.
— Que venham os problemas, então — Eduarda responde, sem perder a pose.
Ela dá um passo para o lado e continua andando, sem olhar para trás, enquanto Nego a observa ir embora, sabendo que a atitude dela era uma das coisas que mais o atraía... e o deixava louco.
Eduarda estava encostada no balcão da pequena vendinha de Joana, uma senhora que conhecia desde criança. Elas conversavam animadamente, como sempre faziam quando Eduarda passava por ali.
— Menina, eu não sei como você aguenta viver no meio desse fogo cruzado — disse Joana, rindo, enquanto enrolava um pacote de pão para Eduarda. — Se eu fosse você, já tinha saído dessa favela faz tempo, ainda mais com o futuro que te espera.
Eduarda sorriu, sem muita empolgação.
— É, Joana, mas fugir daqui não resolve nada. E esse "futuro" que o meu pai arrumou pra mim… — ela faz uma careta, revirando os olhos. — Eu não tô nada animada com isso.
Joana dá um tapinha no braço de Eduarda, com uma risada afetuosa.
— Ah, menina, vai ver até que o rapaz não é tão ruim assim. Vai que você gosta dele!
Eduarda estava prestes a responder quando notou o olhar pesado vindo da esquina. Algumas das mulheres que ficavam por ali — as putas da favela, como eram conhecidas — a encaravam com desprezo. Elas se reuniam sempre naquele ponto, e algumas já tinham dado em cima até do pai de Eduarda, o que só aumentava a antipatia que ela sentia por elas.
Eduarda endireitou-se e lançou um olhar afiado na direção delas. Ela nunca abaixava a cabeça para ninguém, muito menos para aquelas mulheres. Seu pai era o dono do morro, e todos sabiam quem ela era. O respeito era imposto, e ela não deixaria aquelas olhares intimidarem.
Uma delas, Vanessa, se aproximou lentamente, com um sorriso venenoso nos lábios.
— E aí, princesa do morro? — Vanessa provocou, com a voz cheia de sarcasmo. — Tá se achando, né? Porque seu papai é o chefe daqui, acha que pode andar onde quiser?
Eduarda riu, sem demonstrar medo, cruzando os braços.
— Eu não me acho, Vanessa. Eu sou. E sim, posso andar onde eu quiser — ela respondeu, com a voz firme. — E você? Vai ficar aí tentando me provocar ou vai fazer algo mais útil hoje?
Vanessa estreitou os olhos, claramente irritada, mas sabia que mexer com a filha do dono do morro era pedir problemas.
— Cê acha que é melhor que a gente, só porque vive nessa bolha, né? — Vanessa resmungou, com amargura.
Eduarda deu de ombros, indiferente.
— Eu não acho nada, Vanessa. Eu simplesmente não ligo. Agora, se me der licença, tenho coisa melhor pra fazer do que perder meu tempo com você.
Ela pegou o pacote de pães que Joana entregou e saiu, passando pelo grupo de mulheres sem dar uma segunda olhada. A postura dela, confiante e desafiadora, deixava claro que ela não se curvava a ninguém.
Cena
Eduarda entrou em casa batendo a porta com força, ainda tomada pela raiva. O barulho ecoou pela sala, chamando a atenção de sua mãe, que estava na cozinha. Dona Souza, conhecida por seu temperamento forte, veio rapidamente até a sala, com as mãos na cintura e uma expressão curiosa.
— O que foi isso, Eduarda? Que cara é essa? — perguntou sua mãe, franzindo a testa. — O que aconteceu dessa vez?
Eduarda jogou a bolsa em cima do sofá e bufou, cruzando os braços.
— Foi aquelas vagabundas da favela, mãe — ela respondeu, ainda cheia de raiva. — Vanessa, aquela biscate, veio me provocar de novo, achando que pode falar qualquer coisa porque fica ali se esfregando nos caras. Tô cansada dessas mulheres!
Dona Souza apertou os lábios, a raiva começando a crescer nela também. Se havia uma coisa que a deixava furiosa, era qualquer uma se achando no direito de mexer com sua filha — ou, pior ainda, dando em cima de seu marido.
— Ah, mas eu vou ter uma conversa séria com seu pai! — ela disse, já vermelha de raiva. — Essas mulheres se acham demais, só porque ele dá espaço pra elas ficarem no morro. Agora, vir pra cima da minha filha? Não mesmo!
Eduarda soltou um sorriso amargo, sabendo que sua mãe não deixaria isso barato.
— E o pior, mãe, é que elas ficam rondando o pai também. Como se eu não soubesse! Aquelas nojentas…
Dona Souza estreitou os olhos, já começando a marchar de volta para a cozinha, mas não antes de lançar um olhar determinado para Eduarda.
— Deixa comigo, filha. Vou dar um jeito nisso. Seu pai que se prepare, porque eu vou colocar ordem nesse morro. E se ele quiser continuar com a cabeça no lugar, vai fazer o que eu mandar!
Eduarda sabia que, quando sua mãe ficava assim, nem seu pai — o chefe do morro — tinha coragem de enfrentar. Ela sorriu um pouco, aliviada por saber que sua mãe estava ao seu lado.
— Obrigada, mãe. Eu sabia que você ia entender — Eduarda disse, relaxando um pouco enquanto se jogava no sofá.
— Ah, filha — respondeu sua mãe, já de volta à cozinha, com a voz alta — quem mexe com você, mexe comigo. E isso eu não deixo!
Cena
Eduarda entrou em seu quarto, ainda com a raiva fervendo por conta do que aconteceu na favela. Ela se jogou na cama e pegou o celular, decidida a descobrir mais sobre Erick, seu futuro noivo.
Com uma expressão de concentração, começou a fazer uma busca online. Digitou “Erick Calmore” e se deparou com uma série de páginas sobre a máfia e histórias relacionadas à família Calmore. No entanto, o nome de Erick não aparecia em lugar nenhum, o que só aumentou sua frustração.
— Que diabos, por que não encontro nada sobre ele? — murmurou, passando a mão pelo rosto.
Frustrada, Eduarda decidiu buscar algo sobre o irmão de Erick, Derick. Ela digitou “Derick Calmore” e logo encontrou várias fotos e informações. As imagens mostravam um jovem extremamente atraente e com um olhar intenso. Eduarda navegou por diversas fotos, notando o charme e a confiança de Derick.
— Uau, ele é realmente muito bonito — disse ela para si mesma, um sorriso curioso surgindo em seus lábios. — E se Erick for parecido com ele?
Eduarda passou algum tempo analisando as fotos, imaginando como Erick poderia se parecer. Ela se lembrava vagamente de Erick quando eram crianças, mas não conseguia se recordar claramente de sua aparência.
— Se Erick for tão bonito quanto Derick, talvez eu não tenha muito do que reclamar — ela pensou, com um toque de curiosidade e expectativa. — Mas ainda assim, eu não quero ser forçada a casar com alguém só porque nossos pais decidiram isso.
Com uma sensação misturada de frustração e curiosidade, Eduarda se levantou da cama e começou a preparar seu look para a noite. Apesar de todas as questões, a ideia de finalmente conhecer Erick e ver se ele era tão atraente quanto seu irmão lhe dava uma leve sensação de animação.
Cena
Derick estava relaxado no quarto do hotel após uma noite agitada no bar. O calor do banho quente ainda envolvia seu corpo, e ele estava em toalha, com o celular na mão. Enquanto navegava pela internet, sua atenção foi atraída por uma notificação.
Mensagem de Luara: “Oi, Derick! Não te vi na balada ontem. Quando podemos nos ver de novo? 😉”
Derick sorriu ao ler a mensagem, reconhecendo o padrão de Luara. Ele se deitou na cama e começou a digitar a resposta.
— Olá, Luara. Fico feliz que esteja pensando em mim. Que tal nos encontrarmos hoje à noite? — respondeu, com um tom casual e sedutor.
Ele sabia que Luara era bastante acessível e estava acostumado a ver como ela se animava com facilidade. Isso a tornava uma opção conveniente, mas também previsível. Ele gostava de um desafio e procurava algo mais complicado.
— No início, eu até pensei em namorar a Luara — pensou Derick, enquanto digitava. — Mas ela é fácil demais. Eu quero alguém que não se entregue tão facilmente.
Com a mensagem enviada, Derick se levantou, vestiu-se e olhou para o espelho. Ele se sentia confortável e confiante, satisfeito com a forma como as coisas estavam indo.
— Vou me encontrar com ela hoje à noite e ver o que acontece. Mas, por enquanto, preciso encontrar alguém que realmente me desafie — refletiu, sorrindo para si mesmo.
Derick estava pronto para aproveitar a noite, mas sua mente ainda estava no desejo de encontrar um desafio real. Ele queria algo que lhe oferecesse mais do que apenas um relacionamento passageiro e fácil.
Cena
Derick encontrou Luara em um bar sofisticado, onde as luzes suaves e a música ambiente criavam uma atmosfera íntima. Ele a reconheceu de longe, sentada em uma mesa reservada, com um vestido que destacava sua beleza e curvas. O sorriso no rosto de Luara era um misto de sedução e expectativa, e ela parecia estar ansiosa para a chegada de Derick.
— Olá, Luara — cumprimentou Derick, aproximando-se com um sorriso seguro. — Como está?
— Olá, Derick. Estou ótima, agora que você chegou — respondeu Luara, com um tom doce e encantador. — Vamos brindar?
Eles se sentaram e fizeram um brinde, conversando sobre tópicos triviais. Derick, com seu QI elevado, manejava a conversa com habilidade, mantendo-a leve e divertida, mas sempre com uma intenção subjacente.
— Então, o que tem feito de interessante? — perguntou Derick, enquanto a olhava com um interesse genuíno.
— Ah, nada demais, apenas trabalho e vida social. — Luara sorriu, inclinando-se um pouco para frente. — E você? Como tem passado?
Derick riu e se inclinou para ela, o tom da conversa começava a se tornar mais pessoal e íntimo.
— Eu tenho me ocupado com várias coisas, mas sempre é bom encontrar um tempo para pessoas interessantes como você.
Luara sorriu, claramente satisfeita com o elogio. Derick sabia que Luara era bonita e inteligente, mas ele também era consciente de sua verdadeira natureza. Ele já sabia que ela se fingia de doce e gentil, mas era muito mais calculista e acessível do que aparentava.
Enquanto conversavam, Derick percebeu que Luara estava claramente atraída por ele. Ele a conduziu para um local mais reservado do bar, onde poderiam conversar sem interrupções. Com seu charme e inteligência, Derick sabia como manter a conversa envolvente e atrativa.
— Você é muito interessante, Luara. — Derick a olhou nos olhos, mantendo um tom sedutor. — Eu realmente gosto da sua companhia.
Ela sorriu, claramente impressionada. Derick sabia que estava perto de conseguir o que queria. Apesar de saber que sua irmã não gostava de Luara e das intenções dela, ele estava focado apenas em aproveitar a noite.
— E eu gosto muito de você, Derick — disse Luara, aproximando-se ainda mais. — O que você acha de continuarmos a noite em um lugar mais reservado?
Derick sorriu para ela, reconhecendo a abertura e o interesse.
— Vamos fazer isso. — Ele levantou, estendendo a mão para ela. — Vamos encontrar um lugar onde possamos conversar mais tranquilamente.
Enquanto saíam juntos, Derick estava satisfeito por ter conseguido o que desejava, mantendo a consciência de que suas intenções eram puramente para satisfação pessoal.
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Atualizado até capítulo 57
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