Um olhar penetrante... 3

*Ava*...

Saio em disparada para o hospital, a minha pequena teve uma recaída na escola e infelizmente uma das supervisoras achou mais viável encaminha-la imediatamente para lá.

Estou cruzando um sinal, o peito batendo forte, os meus olhos estão ardendo, e minha cabeça está ainda mais atordoada depois do encontro com o Aslan, que depois de anos, reaparece na minha vida.

Deus, o que esse reencontro vai significar?

Continuo dirigindo, e estou há poucas quadras, no último sinal, não vejo se está fechado, ainda perdida em meus próprios pensamentos, apenas ouço um alto barulho de vidro estilhaçar, logo os meus olhos pesam e sei que estou girando, girando e girando.

Não consigo ver mais nada, não consigo falar para pedir socorro, apenas peço internamente que as minhas bebês estejam bem, e que o Aslan não me tire elas...

.

Entro na boate, está tudo lotado, a música está alta, o meu coração parece uma escola de samba, — estilo musical que uma das minhas amigas me apresentou certa vez — caminho até o balcão, e vejo ele, o dono do olhar mais marcante que já vi.

Peço um drink, e sei que estou sendo vigiada, continuo tomando a minha bebida, curtindo a música, mas o ambiente está com um cheiro estranho, não é o cheiro característico de uma boate, é... Diferente.

— Posso lhe pagar uma bebida?

Viro o meu rosto em direção a voz que tem os mais belos olhos. Castanhos... Tão castanhos quanto chocolate derretido. O seu rosto tão delineado que parece uma obra de arte, seus cabelos são castanhos, os fios grossos e a barba... Espessa...

— Por favor...

Ele fala algo com o barman e logo um drink colorido aparece em minha frente, o cheiro... Framboesa e amora, sorrio levando a taça aos meus lábios, o sabor é incrível, doce, leve...

— Obrigada pelo drink, estava uma delícia...

Falo brincando com o palito, ergo o meu olhar, o seu continua tão intenso que mal consigo olha-lo sem desviar.

— Dança uma música comigo?

Ele fala com a mão estendida, pego na sua mão, e o seu toque me faz arrepiar, sinto o meu coração bater mais forte, fazendo o cheiro que antes me era estranho, ser ainda mais incômodo, um bipe alto soa nos meus ouvidos.

Olho em seu rosto, mas agora a sua expressão está distorcida, seu corpo parece estar se desfazendo, a boate parece ruir ao meu redor. Aperto a sua mão com mais força, com medo do que pode acontecer a seguir.

Frozen toca ao fundo, sei que franzi a testa, sinto um toque na minha bochecha, minha garganta está seca, e não consigo abrir os olhos. Toda a boate já sumiu, restando apenas eu e esse homem desconhecido do olhar penetrante, e do toque que me acalma.

— Ava... Pode me ouvir?

Quero dizer que sim, mas que estou com medo, mas não consigo, então apenas assinto.

— Consegue abrir os olhos? — nego — Tudo bem... Não tenha medo, eu estou aqui, pode continuar apertando a minha mão.

Ele faz carinho no rosto outra vez, nos meus cabelos, ainda segurando a minha mão, sinto o meu coração acalmar aos poucos, os bipes diminuírem, e a escuridão que antes consumia tudo... Se tornar mais suave. Aperto a mão do homem mais uma vez, e ele faz carinho com o polegar, para que eu saiba que está aqui.

— Quer tentar abrir os olhos?

Assinto e aos poucos tento abrir, eles estão ardendo, secos, a claridade está absurda e não consigo manter eles abertos por mais do que alguns segundos.

— Diminua as luzes Julia. Pode abrir de novo, Ava...

Abro, e sigo a voz que falou, acredito que comigo, encontrando o mesmo olhar castanho e penetrante que estava comigo no meu sonho da boate, o mesmo cabelo, mesma barba... Mesmo rosto.

— Sabe onde está? — balanço a cabeça negando, e ele engole em seco — Está no hospital... Você sofreu um acidente alguns dias atrás... Lembra o seu nome? Idade... — nego novamente e dessa vez ele fecha os olhos — Tudo bem... Está tudo bem...

Ele se inclina até mim, e deixa um beijo na minha testa, faz carinho no meu rosto novamente, ajeitando alguns fios de cabelo, continuo sentindo a sua mão na minha.

— Vou precisar te examinar, tá bom? Consegue falar?

— S... Si... Sim.

— Shi... Não se esforce. Vou pedir a enfermeira que traga água, e que retire todos esses aparelhos de você. Preciso avisar a sua família que você acordou, e em seguida venho fazer alguns exames em você. Sou o doutor Aslan Shakir Yaman, estou responsável por você.

Assinto mais uma vez, pois, o esforço que fiz para falar o "sim" foi enorme e estou sentindo a minha garganta queimar como brasa. Ele solta a minha mão e sinto um vazio imenso no peito, como se faltasse uma parte de mim.

Logo uma enfermeira loira, peituda, entra, ela retira todos os equipamentos que estão conectados ao meu corpo, e me dá um copo de água com um canudo. Outra enfermeira aparece, essa, mais... "Normal", é morena, e tem os cabelos cacheados, me ajuda a trocar a camisola que estou vestida, pentear os meus cabelos e usar o banheiro.

Como não estou conseguindo falar direito, apenas dou um sorriso para elas, que é retribuído apenas pela morena, logo o doutor do olhar penetrante entra no quarto, as moças saem, e o meu peito acelera outra vez.

— Está sentindo alguma dor?

— Não...

— Ótimo. Consegue lembrar algo sobre você?

Fecho os olhos, mas a única coisa que me vem a mente é a música da Frozen, o gosto do drink de framboesa e amora, e o olhar dele naquela boate. Nego com a cabeça, sentindo uma tristeza, como se isso fosse a pior coisa que poderia me acontecer.

— O seu nome é Ava Lincoln Bianchi, tem 31 anos, é italiana, formada em engenharia civil e urbana, trabalha há seis anos numa das empresas mais famosas de arquitetura, engenharia e urbanismo de Chicago, as suas amigas mais próximas são Fanny, Karen e Malu, não fala com os seus pais desde os 18 anos, tem um irmão mais velho... E... Duas filhas.

Ele para, desvia o olhar, juntando os seus dedos longos e grossos, aos meus, o que faz uma descarga elétrica atravessar todo o meu corpo, disparando cada fibra do meu ser, me animando.

— Duas meninas lindas, Holy e Hope, comigo...

Os meus olhos ficam pesados, o bipe que antes era das máquinas conectadas a mim, agora está em meu ouvido, a escuridão de antes, que consumia tudo na boate... Está tomando tudo ao redor deste quarto de hospital, aperto os seus dedos mais uma, mas não consigo manter os meus olhos abertos e permito que eles fechem.

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Comments

LMCF

LMCF

não é Ethan. É Aslan .

2025-05-03

1

Irene Corrêa

Irene Corrêa

não creio, ela perdeu a memória 😯😯😮😮 ,nossa vai ser uma reconquista linda 😍😍😍😍👏👏👏👏🌹🌹🌹🌹

2025-05-07

1

Erlete Rodrigues

Erlete Rodrigues

perdeu a memória ⁉️ tadinha das meninas

2025-05-05

2

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