Capítulo 12

Emanuelle ficou paralisada na entrada do apartamento de Henrique, tentando processar a cena à sua frente. O sorriso de Henrique se esvaiu quando seus olhos encontraram os dela. O silêncio que se seguiu foi insuportável. A mulher ao lado de Henrique, provavelmente sua noiva, olhou para Emanuelle com uma mistura de curiosidade e suspeita. E os pais de Henrique ficaram em silêncio, claramente desconfortáveis com a situação.

— Emanuelle... Henrique finalmente murmurou, mas sua voz soava distante, quase desprovida de emoção.

Emanuelle abriu a boca para falar, mas as palavras não vieram. O choque, a raiva e a tristeza se misturavam em seu peito, tornando impossível organizar seus pensamentos. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Santiago, que havia ficado na porta, entrou na sala com um olhar determinado.

— Você não precisa explicar nada para eles, Santiago disse, colocando uma mão protetora nas costas de Emanuelle. Sua presença ali, tão segura e imponente, a trouxe de volta à realidade. Santiago olhou diretamente para Henrique, seus olhos escurecendo com algo que Emanuelle não conseguia decifrar. Eu vou cuidar dela.

Henrique franziu a testa, confuso. — Quem é você?

Santiago deu um passo à frente, mantendo a postura firme e segura. — Não que deva satisfação, mas sou o homem que você não é, sou alguém que se importa com ela de verdade. Alguém que não vai deixá-la sozinha quando ela mais precisa.

A mulher ao lado de Henrique levantou-se, seus olhos cravados em Emanuelle. — Henrique, o que está acontecendo? Quem são essas pessoas? A tensão na sala era palpável.

Henrique olhou para Emanuelle e depois para Santiago, percebendo que algo muito sério estava acontecendo. — Emanuelle, o que está acontecendo aqui? Por que você está com ele?

Emanuelle finalmente encontrou sua voz. — Eu vim aqui para te contar algo importante, Henrique. Algo que mudou minha vida nas últimas semanas. Mas, aparentemente, eu não fazia ideia do que realmente estava acontecendo na sua vida.

Henrique deu um passo à frente, com um olhar confuso e ligeiramente preocupado. — O que você está querendo dizer?

Emanuelle respirou fundo, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. — Estou grávida, Henrique. E eu pensei que você gostaria de saber. Mas parece que cheguei em um momento muito inconveniente.

O choque tomou conta do rosto de Henrique, e a sala caiu em um silêncio mortal. A noiva de Henrique olhou para ele, esperando uma explicação, mas ele apenas ficou lá, sem palavras.

Santiago, observando tudo, deu um leve puxão no braço de Emanuelle. — Acho que não temos mais nada para discutir aqui, querida. Vamos embora. Sua voz era suave, mas firme, e sua mão nas costas de Emanuelle era um consolo que ela nem sabia que precisava.

— Emanuelle, espera... Henrique começou, mas Santiago o interrompeu.

— Não. Ela não precisa ouvir mais nada. Você claramente já fez as suas escolhas.

Emanuelle, ainda atordoada, deixou-se guiar por Santiago para fora do apartamento. Enquanto caminhavam pelo corredor, longe dos olhares chocados de todos, as lágrimas finalmente escaparam de seus olhos. Santiago a puxou para um abraço forte e protetor, permitindo que ela se soltasse.

— Por que ele não me disse nada? Emanuelle sussurrou contra o peito de Santiago. Por que ele não foi honesto comigo?

Santiago acariciou suavemente os seus cabelos, os seus olhos fechados como se estivesse a absorver a dor dela. — Porque ele é fraco, Emanuelle. Homens como ele não tem a coragem de enfrentar a verdade, nem de fazer as escolhas difíceis.

Eles pararam no elevador, e Santiago pressionou o botão para o andar térreo. Durante a descida, Emanuelle se afastou ligeiramente para olhar para ele, os olhos ainda marejados. — Por que você está fazendo isso, Santiago? Por que se importa tanto?

Ele sorriu, um sorriso triste mas cheio de afeto. — Porque, Emanuelle, desde o dia em que te conheci, soube que você era diferente. Você é forte, independente, mas, ao mesmo tempo, carrega um peso que poucas pessoas entenderiam. Eu também sei o que é carregar um fardo. E eu nunca consegui te esquecer.

Emanuelle ficou em silêncio, absorvendo suas palavras. Quando as portas do elevador se abriram, Santiago a guiou para fora e até seu carro, sempre mantendo um braço protetor ao seu redor.

Enquanto Santiago dirigia pelas ruas iluminadas pela noite, Emanuelle se sentiu mais segura e compreendida do que jamais se sentira com Henrique. Santiago era uma presença forte e constante, alguém que sabia o que queria e não tinha medo de lutar por isso.

— Emanuelle, você não precisa tomar nenhuma decisão agora, Santiago disse, quebrando o silêncio. Mas quero que saiba que estou aqui para você, o que quer que decida fazer.

Ela olhou para ele, sua voz cheia de gratidão. — Obrigada, Santiago. Eu... não sei o que fazer. Mas saber que você está aqui torna tudo um pouco mais fácil.

Ele sorriu e, por um momento, Emanuelle se permitiu imaginar uma vida diferente, uma vida onde ela não precisava lutar sozinha, onde alguém a apoiava incondicionalmente. Santiago não era o homem que ela esperava encontrar, mas talvez fosse exatamente o homem de que ela precisava.

Enquanto as luzes da cidade passavam pela janela do carro, Emanuelle sentiu uma pequena chama de esperança acender em seu coração. Talvez, apenas talvez, essa fosse a chance de recomeçar. E, desta vez, não estaria sozinha.

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