Gêmeos da Máfia
Em sua fuga pela floresta, ao pé da montanha, estavam Albert Stevan William e sua esposa, Larasati Wijaya, acompanhados por duas empregadas e pelo assistente pessoal de Albert. Larasati estava grávida e, apesar da dor e das cólicas que já sentia, continuava caminhando.
Albert tinha pena da esposa, mas eles precisavam fugir o mais rápido possível. A um quilômetro de distância, os inimigos de Albert estavam em seu encalço. Os cinco fugitivos não carregavam nada além de um pouco de pão e água.
Eles se embrenharam na mata para escapar da perseguição daqueles que queriam matar Albert por causa de seus negócios. Albert havia descoberto que seus inimigos estavam envolvidos em tráfico humano para os Estados Unidos e Europa.
Sua intenção era denunciar o esquema à polícia, mas seus inimigos descobriram seu plano. Antes que Albert pudesse fazer a denúncia, ele e sua família foram aterrorizados e se tornaram alvo de perseguição. Sua casa foi incendiada e reduzida a cinzas.
“Querido, espere um pouco. Podemos descansar um pouco?”, perguntou Larasati ao marido.
“Você está cansada? O bebê está inquieto aí dentro?”, perguntou Albert, preocupado.
“Sim, estou cansada. E estou tendo cólicas. Podemos descansar um pouco?”, implorou Larasati.
As duas empregadas ficaram com pena da patroa, e Maya, uma delas, começou a procurar um lugar confortável para que ela pudesse descansar. Stanley, o assistente de Albert, também ajudou seu chefe na busca por um local seguro e adequado para uma pausa.
“Senhora, a vinte passos daqui há uma cabana. A senhora pode descansar lá. Consegue caminhar mais vinte passos?”, perguntou Maya.
“Sim, mais um pouco não será problema”, respondeu Larasati.
Albert sentiu um alívio ao ouvir isso e guiou a esposa em direção à cabana que Maya havia indicado. Após darem apenas cinco passos, Larasati sentiu uma cólica intensa, como se precisasse evacuar. Então, sentiu o líquido amniótico escorrer por suas pernas e o pânico a dominou.
Com passos rápidos, Larasati se esforçou para chegar à cabana. Ao vê-la à sua frente, sentiu um alívio, mas a dor aumentava a cada passo que dava.
“Aaaai, querido, minha barriga!”, gritou Larasati, apertando o ventre com as mãos.
“O que foi, meu amor? Ele vai nascer?”, perguntou Albert, aflito.
“Acho que sim, sinto como se ele estivesse empurrando para sair. Aaai, que dor!”, respondeu Larasati, ainda segurando a barriga.
Maya, Stanley, Albert e Mirna correram para levar Larasati até a cabana. O pânico e a incerteza tomavam conta de todos. Nenhum deles sabia como lidar com um parto. Então, Mirna, a empregada mais velha, que já havia passado por um parto, tomou a iniciativa.
“Deixem-me ajudar a senhora no parto. Eu já vi como se faz”, disse Mirna.
“Mas você só viu, não é médica!”, exclamou Albert, cada vez mais preocupado.
“É uma emergência, senhor. A senhora precisa de ajuda para dar à luz”, argumentou Stanley.
Diante da gravidade da situação, Albert se calou e assentiu com a cabeça, concordando que Maya e Mirna auxiliassem sua esposa no parto. As duas empregadas se mantinham leais, mesmo com Albert e Larasati tendo que abandonar sua casa, incendiada por pessoas desconhecidas.
“Aaaaah, não aguento mais! Eles querem sair! Aaaaahh!”, gritou Larasati, sentindo uma dor lancinante.
Rapidamente, Mirna começou a ajudar sua patroa no parto. Abriram as malas, que continham apenas algumas peças de roupa, e improvisaram o que fosse necessário para o nascimento dos bebês. Mila segurava a cabeça de Larasati, que se agarrava a ela com força.
“Mila, não estou aguentando! Mirna, o que você está fazendo?!”, gritou Larasati.
“Estou pegando uma roupa para receber os bebês, senhora. Pronto! Agora faça força para o bebê sair, empurre!”, instruiu Mirna.
“Aaaaaah! Uh, uh, aaaaaah!”, gemia Larasati.
“Isso! Isso! Isso!”, incentivava Mirna.
Um bebê, um menino, veio ao mundo. Mirna continuou ajudando Larasati a dar à luz o segundo bebê, uma menina. Os dois bebês choravam em uníssono.
Larasati estava exausta e sem forças, mas Albert sentia um alívio imenso por seus filhos gêmeos terem nascido. Ele se aproximou e beijou os bebês, depois que Mirna os limpou com um pano, removendo o sangue.
Após cortarem o cordão umbilical com uma tesoura que Mila carregava, Larasati, com a ajuda de Mirna, expeliu os restos placentários. Ela levou cerca de uma hora para se limpar.
A noite chegou e Larasati dormia profundamente com seus bebês aninhados em seus braços. Albert permanecia acordado, velando pelo sono de sua esposa e filhos.
“Você já escolheu os nomes dos nossos filhos, querido?”, perguntou Larasati.
“Já, sim”, respondeu Albert.
“Quais são?”, indagou Larasati.
“Nosso filho se chamará Leonardo William, e nossa filha, Alea Albert Stevan. Vamos chamá-los de Lea e Leo, meu amor”, disse Albert.
“Por que os sobrenomes são diferentes?”, questionou Larasati.
“Não importa. O importante é que eles carregam o meu nome. Um dia, eles serão pessoas queridas por todos”, respondeu Albert.
Larasati não se opôs e demonstrou felicidade com os nomes escolhidos. Ela beijou os bebês com ternura. Envoltos em panos, sem roupas, a única preocupação era mantê-los aquecidos. Os poucos pertences que carregavam eram apenas o essencial.
Por sorte, Mirna havia trazido alguns itens para os bebês, como talco e óleo para cólicas. Tinham apenas duas mudas de roupa para cada um e esperavam conseguir mais agasalhos no dia seguinte.
A noite avançava e os cinco se acomodavam para dormir na pequena cabana de madeira. Um abrigo no meio da floresta, aberto nas laterais, com apenas um teto para protegê-los da chuva.
Stanley e Mila se revezavam na vigília, e Mirna e Albert fariam o mesmo mais tarde. O choro dos bebês, famintos, quebrava o silêncio da noite. Larasati, com a ajuda do marido, amamentou os filhos, oferecendo um seio a cada um.
Enquanto observava os filhos, Albert era tomado pela tristeza e compaixão. Como era possível que seus filhos tivessem que nascer em uma floresta, sem os cuidados necessários?
Ele olhou longamente para a esposa, com um pressentimento de que teria que deixá-la para sempre com seus filhos gêmeos. Então, Albert pegou um cordão, parecido com uma pulseira, que guardava em seu bolso, junto com um pequeno pedaço de papel, onde escreveu algo.
Ninguém sabia o que ele escrevia, mas, em seguida, Albert enrolou o papel e o inseriu em um pequeno compartimento na pulseira. Depois, cortou o cordão em duas partes. Em cada ponta do cordão, ele amarrou um pequeno pedaço de bambu, onde colocou o papel que havia escrito.
Larasati observava tudo sem entender, sem saber para que servia aquele cordão com um papel na ponta. Mas logo percebeu que os dois pedaços de cordão cortados foram transformados em duas pulseiras.
“O que você está fazendo?”, perguntou Larasati ao marido.
“Pulseiras para os nossos filhos”, respondeu Albert.
“Para quê?”, indagou Larasati.
“Para identificá-los. Um dia, isso será útil para você, meu amor”, disse Albert.
Larasati permaneceu em silêncio, observando cada movimento do marido. As pulseiras foram colocadas nos pulsos dos bebês, uma em cada um. Ela começava a entender, mas não disse nada.
“Isso os identificará como nossos filhos, meu amor. E o menino fará o que for preciso”, afirmou Albert.
Após colocar as pulseiras nos bebês, Albert sorriu, satisfeito. Beijou as mãos dos filhos demoradamente, acomodando-as em seguida com delicadeza. Ele pediu à esposa que dormisse, pois a noite já estava muito avançada.
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Atualizado até capítulo 77
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