O Último Dia de 1799

...Pov's Kim Jin-wook...

Ao final da tarde ele ainda estava amarrado ao tronco. Sem água ou comida debaixo do sol fervente daquela região, com as costas machucadas, pele esfolada e sua única camisa totalmente rasgada. Um capataz saiu do escritório de meu pai e antes de passar por mim eu o parei vendo seu olhar em mim.

— O que meu pai queria? — perguntei com o olhar distante.

— Mandou eu soltar aquele bastardo e devolvê-lo a mãe dele — respondeu calmo.

Abri a porta do casarão saindo de lá apressado, sendo seguido pelo capataz.  A mãe ainda estava sentada um pouco distante do filho e algumas moças jovens seguravam folhas de palmeiras sobre ela para que não ardesse naquele sol. Fui o primeiro a ir soltando as amarras firmes do tronco, quase não conseguindo. Quando liberto, o garoto se encontrava sem força e o amparei em meus ombros.

— Senhorzinho... — O capataz pareceu incerto.

— Não ouse me interromper. — falei sério.

— Jin-wook, meu filho. — Minha mãe apareceu e segurou minha mão. — Deixe João ajudar, esse pobre garoto sofreu devido às interações daquele menor contigo. Se seu pai souber mais disso ele pode sofrer ainda mais. 

— I-isso é tudo culpa minha m-mamãe? — perguntei prendendo o choro. — Por quê?

— Eu não sei meu amor! Eu não sei! Mas seu pai te ama, apesar de tudo ele te ama com todas as forças do mundo — ela falou, quase chorando comigo.

Olhei João, que entendeu meu recado e apoiou o garoto em seu ombro, o arrastando para longe, logo mais a mãe grávida levantou e começou a apressar seu passo para encontrar e cuidar de seu filho. Depois de ficar completamente sozinho, aos pés do tronco, ajoelhei-me totalmente derrotado e devastado. Chorei em frente a minha mãe, que começou a chorar junto a mim, esta caminhou até mim e segurou em minha cabeça, fazendo um leve carinho, abracei suas pernas, me aconchegando sobre o colo dela como nos velhos tempos e, por momentos, quis esquecer tudo, não liguei para mais nada, me pondo a chorar, libertando todos aqueles sentimentos que tinham aqui dentro.  

...[...]...

...31 de Dezembro de 1799...

Já era um novo dia e ali estava eu, vendo as mesmas coisas de sempre, as mesmas torturas, os mesmos castigos injustos e os injustiçados. Ainda não tinha visto meu pai, e minha mãe já havia vindo me dar os parabéns, meus 18 anos finalmente, mas será que poderei ser livre e voar com minhas próprias asas algum dia?

31 de Dezembro e amanhã inicia-se um novo ano. 

Pela primeira vez eu saia da casa naquela manhã e por todos que eu andava, fossem empregadas, capatazes ou escravos, eles me desejam todas as felicidades do mundo, enquanto alguns não tinham algum motivo para sorrir. Meio-dia e o sol brilhou intensamente no céu, os preparativos para a minha festa estavam quase finalizados. Com todo o orgulho, minha mãe direcionava os empregados com enfeites, doces, salgados e bolos. Meu traje já estava em meu quarto e quando eu menos pude notar a noite chegou, eu via as carruagens chegando, pessoas das classes mais altas daquela cidade descendo e entrando na mansão para festejarem por mim.

Mas apenas eram um bando de mesquinhos interesseiros.

Alguém bateu em minha porta e, assim que permiti a entrada, vi minha segunda mãe entrando e ajeitando o resto do meu traje como se fosse a coisa mais valiosa do mundo.

— Está lindo, senhorzinho! — falou ela com um sorriso no rosto.

Peguei minha máscara que estava sobre a cama, caminhei até lá me sentando e estendendo para que minha ama a colocasse em mim. Assim que feito voltei a me encarar no espelho, vendo um Taehyung que não era eu, mas sim o que meu pai gostaria que tivesse nascido. 

Minha mãe entrou no quarto com um sorriso, olhou a senhora ao lado e em um tom rude falou:

— Saia daqui mucama! Não quero que meu filho acabe se sujando, este traje foi muito caro e feito especialmente para ele! 

A encarei com um olhar indignado, mas não disse nada e, com a cabeça abaixada, minha ama saiu, me deixando a sós com minha mãe, que sorriu fitando-me.

— Um verdadeiro duque! E um dia irá se tornar um! — falou ela orgulhosa. — Vamos querido, há muitas pessoas lhe esperando lá em baixo.

Assenti e, de braços entrelaçados com minha mãe, sai do quarto. Quando chegamos ao pé da escada vi todos parando seus afazeres e olhando em minha direção com um sorriso visível e olhares misteriosos. Comecei a descer as escadas de forma calma, vendo meu pai a nossa espera lá em baixo e assim que cheguei ainda tinha minha cabeça abaixada perante ele, mas em seus lábios um sorriso orgulhoso.*

— Parabéns meu filho! — disse sincero. — Você é meu maior orgulho! — Me abraçou e se virou para os convidados. — UM BRINDE AO MEU FILHO, JIN-WOOK FÉLIX DE SOUSA! — E palmas vieram em minha direção enquanto fechava meus olhos devido àquele sobrenome que eu não me orgulhava.

Por todos a qual eu passava eu recebia parabéns, elogios e a frase “como cresceu”. Minha mãe apareceu depois de um tempo, segurou em meu braço e me puxou para um lugar pouco distante, onde tinha duas mulheres e um homem que, quando nos fitaram, levantaram rapidamente.

Uma das mulheres tirou a máscara e não demorei muito a notar que ela era coreana, assim como eu e minha mãe, esta riu de nervoso dizendo baixinho:

— Prima, não pode tirar a máscara! É um baile de máscara, não tem sentido se não tiver uma não é mesmo?

— Se adaptou tanto por essas terras não é mesmo querida? — A mulher sorriu colocando a máscara novamente. — E você deve ser o filho da Naeun certo? Uau, é um belo rapaz! — Ela parecia bem simpática. — Eu sou prima de 2° grau de sua mãe, me chamo Choi Min-Jee e este é meu marido Choi Siwon! 

— Eu sou Kim Jin-wook! — Curvo-me educadamente.

— Olha Siwon ele usa o sobrenome coreano! — Sorriu a mulher parecendo se divertir.

— É o nome que me deram. Gosto muito dele — digo.

— Já que nos apresentou seu filho, Naeun, gostaríamos de apresentar a nossa filha — Siwon falou calmo e a moça que estava um tanto escondida atrás do mesmo foi revelada. — Está é…

Fomos todos interrompidos por dois capatazes que entraram em uma velocidade absurda no salão caminharam, até nós e seguraram no braço da moça com força a obrigando a se afastar de nós.

— O que está acontecendo?! — minha mãe perguntou em choque.

— DE ONDE ESSA ESCRAVA SURGIU?! ACHEI QUE A SENZALA ESTAVA TOTALMENTE TRANCADA! — Meu pai entrou naquele meio e apontou para a jovem vestida elegantemente, que ainda mantinha a calma. — LEVEM-NA!

— SOLTE-A SE NÃO QUISER SER MORTO AQUI E AGORA! — A voz grave e autoritária de Siwon se fez presente também e meu pai o encarou enraivecido. — Solte a minha filha — falou entre dentes de punhos fechados. — AGORA! — gritou, assustando todos ali. 

— Filha? — Meu pai parecia confuso. Com força e sem permissão ele arrancou a máscara da jovem fazendo o olhar dela abaixar. — Mas essa garota é uma-

— UMA CHOI! — falou o homem sério ainda de punhos fechados. — Solte minha filha agora! 

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