Um Presente Especial

...Pov's Kim Jin-wook ...

Com a permissão de meu pai, a jovem foi solta e puxada por Min-Jee, que a abraçou como se quisesse a proteger do mundo. Todos os convidados ali pareciam incrédulos com a situação, ainda mais com o fato de ter uma jovem negra de classe alta perante eles. Olhei os atos da prima de minha mãe com a garota e em um movimento rápido as duas mulheres saíram da casa, tendo meu olhar tentando as acompanhar.

Os capatazes se retiraram da casa também e uma música calma começou a tocar, tentando abafar todo o caso e fazer com que os convidados esquecessem o ocorrido. Meu pai abraçou minha mãe e a mim enquanto eu olhava Siwon abaixar-se e segurar a máscara de sua filha firme.

— Como? — Ele olhou meu pai confuso. — Como que aquela garota é filha de alguém importante? — perguntou parecendo ter farpas sobre a garganta por não conseguir falar do jeito que queria.

— Como ele é filho de vocês? — retrucou o homem, apontando para mim com a cabeça.

— Ele foi a criação de meu amor com Naeun. Formou-se, nasceu do ventre de minha esposa, cresceu com toda a educação que merece e com todos os cuidados que merece ser tratado — falou sério e orgulhoso meu pai.

— Pois bem, ela não formou-se e nem nasceu do ventre de minha esposa, mas cresceu com a mesma educação a qual eu recebi quando pequeno. Ela criou um laço comigo e com minha esposa, nasceu um amor puro e belo a partir do momento que ela entrou em nossas vidas, e vos digo com as palavras mais claras possíveis. Ela não é uma escrava ou um animal para ser tirada daqui daquele jeito, nem ela e nem ninguém merece aqueles atos brutos. Aquela jovem faz parte de tudo o que há de importante em minha vida e falo com todo o orgulho possível que a belíssima jovem negra lá fora se chama Madalena Choi, minha filha. — Meu pai estava quieto, sem saber o que rebater e, mesmo ao silêncio, seu olhar ainda era completamente julgador e inferior. — Jovem Kim — Endireitei minha postura, o encarando. — Seu presente está na carruagem, irei pedir para que busquem para você.

— Se me acompanhar, posso buscá-lo eu mesmo — digo e ele sorri para mim.

— Nem tive tempo de perguntar Siwon — minha mãe o interrompeu. — Ficará na cidade até quando?

— Eu estava a morar no exterior senhora Naeun, mas agora eu e minha família nos mudamos para a fazenda próxima a esta, eu sou o novo médico da cidade — Siwon respondeu elegante e neutro. — Vamos?

Assenti e saímos do casarão, ao estar diante da lua e das estrelas, aspirei o ar fresco com força, me sentindo liberto e ouvi um riso ao meu lado. Encarei Siwon, que descia as escadas sem cerimônia alguma, e caminhamos bastante até chegar em uma carruagem verde água, pude ver um cocheiro a postos e a porta da carruagem aberta.

— Meu amor. — Siwon entrou dentro da carruagem, vi o olhar do homem curioso e preocupado. — Onde está nossa filha?

— Aqui papai. — Prendi minha respiração tentando disfarçar o susto que tomei. A jovem que estava atrás de mim caminhou, ficando próxima da carruagem, um pouco mais a minha frente, seus olhos não me fitaram uma vez sequer e sentia que ela estava tentando ignorar minha presença ali.

— Entregue seu presente ao senhorzinho, minha filha. — Siwon estendeu o pequeno embrulho à jovem, que segurou e jogou em minha direção sem cerimônia alguma. — Mada — ele chamou a atenção da jovem.

— Aqui, senhorzinho — falou calma e educada, me estendendo o embrulho pequeno em um papel de presente azul escuro. — Espero que goste, minha mãe que fez.

— E minha filha me ajudou! Auxiliando-me — Min-Jee falou com um sorriso singelo em seus lábios. — E estes são biscoitos de cacau. — Ela estendeu um pote simples. — Estes Mada fez sozinha! — disse orgulhosa e a jovem a minha frente suspirou em negação.

Deixei meu presente na carruagem, abri o pequeno pote de biscoitos e peguei o pedaço de um, experimentando e sentindo o quão doce e deliciosos eles eram. Finalmente eu tive a atenção da dama para mim, seus olhos pareciam bem atentos.

— Preciso ir a um lugar — digo e os três me olham. — Posso convidar a filha de vocês para me acompanhar?

— O que acha, Mada? — Siwon perguntou calmo para a jovem.

— Aceite querida! Ele é o aniversariante hoje! — Min-Jee falou um pouco animada.

Madalena curvou-se, se afastou da carruagem e tive novamente seus olhos em minha direção. Estendi meu braço para que ela pudesse juntar-se a mim, mas a Choi apenas caminhou em minha frente, calma e só dando de ombros, comecei a segui-la. Em certo momento em meio ao plantio de cana ela parou e tombou a cabeça para o lado indagando:

— Qual o seu destino?

— Acompanhe-me — digo rouco e baixo. Começo a caminhar a sua frente enquanto ela me seguia mais atrás.

Encontrei a trilha de terra e comecei a segui-la com calma, depois de alguns minutos caminhando pude ver o lugar de terra e madeira, com pouca iluminação dentro e alguns capatazes do lado de fora fazendo ronda. Madalena estava distraída e por isso antes que aqueles homens a notassem, eu segurei em seu pulso, a puxando para baixo junto a mim, vendo seu olhar furioso em minha direção e rapidamente me desvinculou de si. Contornando a senzala e aqueles homens fui para o outro lado da casa que estava vazia e, mesmo bem desconfiada, Madalena ainda me seguia.

Ao ficar diante das portas de madeira no chão abro-as com força e bastante cuidado, estendi minha mão para ajudar a jovem a descer, mas esta o fez sozinha, com meus olhos atentos fechei as portas e descemos um pouco mais, até ficar diante de todos as pessoas ali dentro.

Alguns ficaram pasmos com minha presença, outros tinham sorrisos fracos e uma pequena parcela tinha medo e preocupação no rosto. Procurei o pequeno garoto e não demorei a achá-lo já que correu em minha direção abraçando-me.

— Senhorzinho! Feliz aniversário! — falou feliz.

— Feliz aniversário para você também — digo sorrindo para ele, logo mais tiro algo que estava atrás de mim. — Olhe o que eu trouxe de presente para você! — Mostrei o pote e os olhos do pequeno garoto brilharam.

— É tão bonito, senhorzinho! — disse encantado. — O que tem dentro? — Tombou a cabeça pro lado.

Destampei o pote com calma e não demorou muito para ele sentir o aroma delicioso daqueles biscoitos, pude ouvir a barriga dele roncar e logo mais sua risada. Estendi para ele que pegou um, mas diferente do que eu esperava, em vez de comer, ele correu até sua mãe estendendo para ela, que sorriu agradecida para o filho e comeu. O menino não demorou muito a parar em minha frente novamente com um olhar duvidoso.

— Senhorzinho, eu posso pegar mais um para dar para o meu irmão? Ou melhor, dois, um para mim também — falou baixinho, mexendo os dedos pequenos, incerto.

— Claro, claro que pode! Pegue seis! Dois para você, seu irmão e sua mãe — digo apontando para os dois ao fundo.

Ainda com um pouco de receio, ele fez, levou quatro biscoitos em direção a sua família e logo mais voltou para pegar os prometidos a ele.

— Mas antes — Tampei o pote vendo ele tombar a cabeça para o lado e abaixar o olhar —, eu quero saber de uma coisa! — digo. — Como é o seu nome?

Ele pareceu surpreso e confuso com minha pergunta, encarou sua mãe como se pedisse permissão com o olhar e, quando ela assentiu, ele respondeu com um sorriso sincero e feliz em seus lábios:

— Eu sou Isaac.

Abri novamente o pote, ele pegou os dois biscoitos e comeu-os com calma, saboreando o gosto e o sabor.

— Isto é tão bom! — falou, sorrindo completamente feliz. — O melhor presente de aniversário que eu poderia receber! Muito obrigado senhorzinho!

— Não agradeça a mim — respondo. — Estes maravilhosos biscoitos foram feitos por essa bela dama ao meu lado. — E então ele olhou a Choi, que estava um pouco distante apenas observando tudo. — Seu nome é Madalena. Ela parece durona assim, mas é bem legal! — digo olhando a jovem que tentava esconder um sorriso negando com a cabeça.

— Olá, sinhá! — Isaac a cumprimentou feliz. — Obrigado pelos biscoitos! Eles estão uma delícia! Nunca comi algo tão bom assim! Sabia que hoje é meu aniversário? Eu estou fazendo aniversário com o senhorzinho Jin-wook! Só que eu estou completando 10 anos ainda!

Pela primeira vez naquela noite, sem se importar com a minha presença, ouvi o riso de Madalena do jeito afobado do pequeno menino, ela tombou a cabeça para o lado, falando de forma doce:

— Não me chame de Sinhá! Apenas de Mada. E uau, 10 anos? Está crescendo muito bem! Continue assim!

Ela sorriu e então eu me levantei, sentindo uma câimbra de tanto ficar em uma só posição. Comecei a caminhar entre os escravos lhes oferecendo um ou dois biscoitos e, de todos pelos quais eu passei, ouvir a gratidão deles não era importante para mim, mas ver os sorrisos e sentir a alegria deles, aquilo bastava para mim. Madalena conversava alegremente com Isaac e estava junto à mãe do menino. Sentia que apesar da diferença de idade, elas poderiam se tornar ótimas amigas.

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Comments

Olímpia Eloi

Olímpia Eloi

começando agora já gostei

2024-07-24

1

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