Maria
chego em casa e vou me arrumar, tomo banho e lavo o cabelo
visto essa roupa
calço um salto e já está na hora de ir.
Saio pela porta da frente mesmo, com a Elisa e a nicolly na sala. A Elisa não fala nada, nem sei por que eu ainda dou bola pra ela.
assim que chegamos na boate...
Aquela noite tinha um cheiro diferente. Luxo, perfume caro e promessas não ditas no ar. A entrada da boate parecia coisa de filme: fachada espelhada, carros importados, seguranças que olhavam como se lessem a alma de cada um.
A Heloísa tinha conseguido dois ingressos com o tio dela e, sinceramente, eu nem sabia que lugares assim existiam fora da TV.
Meu vestido vermelho grudava no corpo como se tivesse sido desenhado só pra mim. Decote na perna, decote no busto... eu tava ousada. Me sentia meio fora de lugar, mas ao mesmo tempo... poderosa. Como se por uma noite, eu pudesse ser qualquer coisa menos a menina esquecida de sempre.
Heloísa: Viu? Eu disse que ia valer a pena.
Ela olhava encantada com a boate.
Maria: Tô me sentindo invadindo território que não é meu.
Heloísa: Hoje é seu território também. Se joga, Maria. Você tá incrível.
A música lá dentro parecia bater dentro do peito. Um som grave, envolvente. As luzes dançavam com a multidão, douradas e azuladas. Tinha algo de mágico, de proibido, de irresistível.
Heloísa: Vou no banheiro rapidinho. Se comporta!
Maria: Eu sempre me comporto...
Heloísa: se comporta até demais - diz rindo
Fui até o bar, pedi um uísque. Forte, gelado. Me encostei no balcão, observando tudo, tentando parecer mais confiante do que eu realmente estava.
Foi quando ele chegou. Não ele, ainda. Outro. Um garçom. Aquele tipo que acha que tem charme só por estar com uma bandeja na mão.
Garçom: Sozinha, linda? Com esse vestido, você devia estar com alguém que te protegesse dos olhares perigosos.
Maria: Talvez eu goste dos olhares perigosos.
Garçom: Então deixa eu ser perigoso pra você essa noite...
Maria:por que eu deixaria?
Garçom: te conquisto só com uma cantada.
Foi quando eu senti.
Sabe aquela sensação de que tem alguém te olhando? Arrepio na nuca, o tipo de coisa que o corpo sente antes da mente entender? Virei o rosto, quase em câmera lenta. E foi aí que eu vi.
Um homem atravessando a multidão. Alto, elegante, como se o terno caro fizesse parte dele não era só roupa, era uma extensão da própria presença. Ele não andava, ele deslizava. Como se o mundo abrisse caminho só pra ele passar. Os olhos dele encontraram os meus, e juro, eu parei de respirar por dois segundos. Talvez três.
O garçom ainda falava alguma coisa idiota do meu lado, mas a voz dele virou ruído. O homem parou bem na minha frente.
***: Esse cara tá te incomodando? — ele perguntou, a voz baixa, rouca, como um trovão controlado.
Eu sorri, de leve. Não por educação por provocação.
Maria: Nada que eu não consiga resolver sozinha.
Ele arqueou a sobrancelha, e aquele micro sorriso no canto da boca me fez esquecer como se pensa. O garçom sumiu dali com o rabinho entre as pernas, e o homem pegou o copo da minha mão, levou até a boca e bebeu o que restava como se o uísque tivesse sido feito pra ele.
Maria: Você tem nome? — perguntei, tentando manter o controle da situação. Mentira. Eu já tinha perdido o controle no momento que ele entrou.
***: Não hoje.
Maria: Que conveniente.
Ele riu de canto. Olhou meu vestido como se o tecido não existisse. Mas não foi nojento. Foi possessivo. Como se o corpo fosse dele. Como se ele soubesse que eu já estava entregue mesmo sem ter me tocado.
***: Esse vestido vai dar problema — ele sussurrou.
Maria: Eu gosto de problemas — respondi.
Ele se aproximou. E meu corpo respondeu como se conhecesse o dele. A mão dele tocou minha cintura, firme. E antes que eu pudesse respirar de novo, a boca dele estava na minha.
Foi um beijo selvagem, urgente, como se a gente tivesse sido feito só pra aquele momento. A língua dele sabia exatamente onde ir, como provocar, como incendiar cada parte de mim. Eu agarrei a nuca dele e me perdi. Ali. No meio da balada. No meio de todo mundo.
E quando o beijo acabou, ele me encarou como se quisesse dizer alguma coisa. Mas não disse.
Só se afastou.
Virou de costas. E sumiu na multidão.
Literalmente.
Como se tivesse evaporado.
Olhei ao redor. Nada. Ninguém.
A taça ainda na minha mão. Os lábios ainda ardendo. O corpo ainda em chamas.
Ele tinha ido embora.
Sem nome. Sem explicação.
Como se nunca tivesse estado ali.
Mas eu sabia. Aquilo não tinha sido normal. Ele tinha deixado alguma coisa em mim e não era só o gosto do uísque.
Era a promessa de que ele ia voltar.
E, quando voltasse, minha vida nunca mais seria a mesma.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Maria Isabel Souza
um garoto ela diz que é um homem 🙄
2024-11-20
1
Anonymous
Nós tem que ir?
2024-08-08
4
Heloisa Andrade
Cuida da sua vida fofoqueira
2024-07-26
1