capítulo 5

......Algumas horas antes......

Correr entre as ruas de São Martim no meio da noite, enquanto fujo do comandande Ivo Malta e seus guardas, não é nada fácil nesse momento, mas preciso prosseguir sem desanimar.

Mais uma vez ele foi desumano e cruel ao atacar nosso acampamento sem nenhum motivo e muitos dos meus irmão já perderam suas vidas, por causa dele, mas preciso seguir confiante. Sei que seu maior sonho é, finalmente poder me capturar, porém, jamais darei esse gostinho a ele.

Não está sendo fácil fugir, pois estou ferida e eles cada vez mais próximos, mas prefiro a morte à deixar que ele ponha suas mãos em mim, por isso, sigo desesperada pelas ruas do vilarejo, sem nem mesmo dar- me conta do rumo que segui, e agora, me vejo em um beco sem saída.

À minha frente está o fim da rua dando em um muro de pedras, e, antes mesmo que eu possa voltar por onde vim, às minhas costas, o comandante e mais dois de seus guardas aproximam-se pela única entrada daquela viela estreita.

__Desista Kaila! Você não tem para onde fugir agora!

Ele diz caminhando lentamente após fazer sinal para os outros dois ficarem mais afastados.

Ivo Malta é um homem alto, de corpo atlético. Os seus olhos verdes possuem um brilho intenso de pura satisfação, diante da realização de ver-me encurralada sem ter para onde escapar, embora ele saiba que, desde que se tornou comandante de polícia de São Martim, confrontos como o de hoje se tornou rotineiro entre nós. Ele sempre tenta capturar-me enquanto eu, sempre encontro um jeito de fugir das suas garras malignas.

E hoje não será diferente. Ainda não sei como, mas ele não vai conseguir o que quer.

Ivo Malta, 33 anos. Comandante de polícia de São Martim

__Vamos Kaila, não seja estúpida!__ele insiste se aproximando à medida que dou passos para trás até chegar bem perto do muro atrás de mim__ Você está ferida e não vai conseguir escalar essa parede! Se renda, e eu prometo não machucá-la!

Ele afirma já sabendo que tal possibilidade passou por minha mente, e minha constatação também foi a mesma. Mesmo que eu consiga escalar essa parede, o ferimento em minha perna, não me deixaria ser rápida o bastante para evitar que me alcance.

__Se você me quer, venha me pegar, Ivo Malta! Se bem que, eu duvido muito que seja capaz!

Grito de modo desafiador a fim de insultá-lo, pois já o conheço a tempo suficiente para saber que seu ego arrogante não aceita ser desafiado, muito menos por mim, ainda mais diante dos seus subordinados, pois é um homem que gosta de manter o brio do seu orgulho.

Assim que termino minha palavras, sinto que usei a tática certa, pois ele avança sobre mim com tanta rapidez, que mal tenho tempo de desviar-me e empurrá-lo com força contra a parede que está logo atrás de mim.

Bem, o enfeito que consigo não é bem o que eu esperava, pois ele apenas cambaleou por alguns instantes, um pouco tonto com a pancada contra o muro, mas ao menos, tive o tempo necessário para escapar das suas mãos, porém, sem poder comemorar muito por isso, pois um dos guardas que estavam com ele, o seguia logo atrás, atento a tudo que acontece, já agarrando-me fortemente assim que tento escapar.

Lutar não está sendo fácil, mas é a única maneira de sobreviver, e sem pensar duas vezes, acerto-lhe um soco no rosto, e um chute certeiro entre as pernas, já o empurrando contra Ivo que, recuperado do esmbarrão contra a parede, já vinha em minha direção, de modo que os dois caem ao chão quando chocam-se um contra o outro.

Mais uma vez não tenho tempo para comemorar, pois ainda preciso preocupar-me com o terceiro guarda que está na única saída daquele pequeno beco, e ainda sem saber ao certo o que fazer para passar por ele, sigo tão rápido quanto posso, afim de evitar que os dois que deixei para trás consigam me alcançar.

Meus Deus, será mesmo que não vou conseguir dessa vez?

Ivo já está de pé novamente e esbraveja furioso atrás de mim, enquanto o guarda da saída posiciona-se bem no meio da única passagem e de braços abertos, como quem quisesse garantir que por ali, eu não passaria, porém eu não vou desistir.

Sigo o mais rápido que posso caminhando bem próximo à parede do lado esquerdo, dando a entender que tentaria escapar naquela direção, e somente quando estou perto o bastante para ser alcançada, e que o guarda avança sobre mim, desvio-me para o outro lado, sentindo somente a suas mãos agarrando-se em meus cabelos, mas não me importo, puxo com força para que me solte e corro para longe daquela viela, no exato momento em que uma verdadeira multidão passa por ali, deixando-os para trás, com apenas alguns fios dos meus cabelos em suas mãos, e só agora lembro-me que o vilarejo está em festa.

Todos os anos, as pessoas se juntam com suas fantasias, tochas e velas em uma passeata em comemoração ao aniversário do vilarejo, e esse ano não foi diferente, no entanto, não me recordava que fosse exatamente hoje, porém o surgimento daquelas pessoas realmente fora providencial para mim.

Confesso que não está sendo fácil esgueirar-me por entre elas, pois estou cansada e ferida, mas a multidão também ajuda-me e esconder-me dos meus perseguidores.

As pessoas pouco se importam com o estado lastimável em que me encontro, pois estão distraídas em suas comemorações, e a cada lugar que passamos há grupos reunidos, festejando, no entanto, não tenho tempo a perder com distrações e festas nesse momento. Preciso continuar em frente e encontrar uma maneira de escapar desse lugar antes que o comandante me encontre.

Volta e meia, enquanto ainda escondo-me neste turbilhão de pessoas, olho para trás afim de saber qual minha vantagem ante os meus perseguidores, e vejo que não estão muito longe. Ivo Malta é persistente, e já se tornou uma questão de honra para ele, conseguir me capturar, por isso, sei que não desistiria facilmente. Ainda consigo ouvir sua voz a esbravejar com seus guardas para que me encontrem, e mesmo estando sem forças, preciso seguir em frente.

A passeata segue o sentido à praça central do vilarejo, e eu só preciso resistir até lá, pois sei de um lugar por onde conseguirei escapar com mais facilidade, no entanto, sinto que não vou conseguir. Por várias vezes olho para trás novamente, ainda buscando saber onde está o comandante, o que me faz perder a visão do caminho a minha frente por alguns segundos, e, por conta disso, esbarro fortemente contra alguém diante de mim, o que me faria cair ao chão, se não sentisse braços fortes amparando-me rapidamente mantendo-me em segurança.

Por uma rápida fração de segundos o meu coração dispara ao imaginar que Ivo tenha me alcançado e agora eu esteja presa em seus braços, no entanto, quando ergo os olhos, para ver melhor quem me segura, sinto-me verdadeiramente aprisionada, mas não pelas mãos sujas de Ivo, e sim, pela intensidade de um olhar ardente e surpreso.

Por alguns segundos não tenho reação. Aquele homem mantém-me bem junto ao seu corpo e a sua expressão é tão surpresa quanto a minha. O brilho azul dos seus olhos, refletidos pelas chamas das tochas, dão-lhes um ar misterioso, e enquanto observo o seu rosto milimetricamente perfeito, sinto como se uma força mágica mantivesse-me aprisionada nas profundezas daquele olhar enigmático.

__ A senhorita está bem?

Ele pergunta ainda encarando-me intensamente e embora sua voz seja firme, demonstra um tom de preocupação.

Tento responder, mas as palavras não saem, mesmo quando tento verbalizá-las.

Com extrema cautela ele enfim asfasta-me de si, e posiciona-me ainda a sua frente, segurando-me agora pelos ombros, como se quisesse garantir que ficarei segura.

__Se machucou? Por favor, me perdoe!

Ele insiste parecendo preocupado, e por mais que eu queira ainda não consigo respondê-lo.

O azul marcante dos seus olhos ainda encaram-me com intensidade, enquanto observo absorta, a sua fisionomia escultural, que até chego a esquecer qual é a minha realidade, nesse momento.

__Venham seus palermas... Ela não deve está longe!

A voz irritada de Ivo, não muito longe de onde estou, ecoam em minha mente, obrigando-me a quebrar a magia que me unia a esse estranho diante de mim, pois dou-me conta de que, se continuar ali, imóvel como estou agora, serei alvo fácil para aquele maldito, e isso eu não posso permitir.

Mesmo que uma força inespelicável agisse sobre mim, fazendo-me querer permanecer ali, sou obrigada a quebrar o encanto desse encontro, e reunindo o pouco de lucidez que me resta, afasto-me daquele estranho sem dizer uma única palavra, mas sem entender porque essa ruptura brusca fora tão dolorosa de repente.

Ainda ouço sua voz aflita me pedir para esperar, como se estivesse preocupado, mas não tenho tempo para tranquilizá-lo, pois se não sair daqui o quanto antes, Ivo me encontrará muito em breve. Por isso sigo o meu caminho sem relutância, porém, antes preciso vê-lo, nem que seja uma ultima vez.

A visão daquele homem alto, de corpo másculo com certeza é algo que jamais sairá da minha memória, e embora eu saiba que dificilmente o encontrarei outra vez, quero guardar na lembrança, as feições do seu rosto anguloso e o seu olhar intenso, por isso, olho para trás mais uma vez com um leve sorriso no rosto em sinal de despedida, e sigo o meu caminho certa de que, esse, tenha sido o nosso primeiro e último encontro.

...****************...

Continua...

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