capítulo 3

As coisas ainda estão um caos dentro de mim. Sinto-me perdida e sozinha no espaço escuro e vazio numa luta interna comigo mesma e a linha tênue entre a fantasia e a realidade se misturam deixando-me cada vez mais absorvida na escuridão das incertezas.

Sinto uma dor cruciante percorrendo todo meu corpo e um frio congelante e ardente ao mesmo tempo, de forma que não consigo explicar, e quando abro os olhos, vejo que a vida segue o seu curso tranquilamente.

O dia finalmente já raiou e a floresta antes escura e vazia já não é mais tão assustadora quanto na noite tempestuosa que findara, porém, a minha situação não está muito melhor do que antes, na verdade, está bem pior, eu diria.

Procuro com mais atenção tentando identificar aquele lugar e posso ver que estou numa espécie de galpão velho e abandonado, onde as folhas encharcadas que me serviram por cama nessa noite, devem-se devido aos vários buracos no seu teto.

Olhando para a direita vejo uma pequena parede quase caindo bem próxima de mim, e mais a esquerda, vejo uma porta aberta, por onde certamente passei enquanto me arrastava sem forças até desfalecer naquele monte de folhas.

Quero mais uma vez levantar-me e sair dali o quanto antes, pois agora que já é dia com certeza será mais fácil encontrar um lugar seguro, no entanto, não consigo. Avalio outra vez a ferida em minha perna, e vejo que, realmente está pior do que pensei.

A dor espalha-se por meu corpo inteiro e a febre alta parece queimar-me por dentro de modo a causar-me calafrios, e por mais que eu queira, não consigo mover-me para lugar nenhum.

Minha mente ainda está perdida tentando encontrar as respostas de como cheguei a essa situação, e as coisas parecem mais claras agora, pois lembro-me que fugia, mais uma vez, daquele maldito, que nos persegue a anos, por puro divertimento, e agora estou assim, prestes a encarar o fim, cada vez mais inevitável, pois começo a ouvir passos e vozes próximos aonde estou, o que só aumenta o desespero dentro de mim.

Deve ser ele que continua a me procurar. Não posso permitir que me encontre, mas não posso fazer nada para evitar.

Não pode ser.

__Por aqui senhor! Penso que vai gostar desse lugar. Está um pouco abandonado, mas, com uma reforma ficará perfeito!

Ouço alguém dizer entrando de repente no velho galpão, e logo tento reconhecer se são os mesmos que me perseguiam, no entanto, não consigo reconhecer essa voz. O que me deixa apreensiva, e um pouco aliviada.

Parece que não é ele afinal.

__Você tem razão Bento. Depois de alguns reparos esse lugar ficará ótimo!

Uma segunda voz é ouvida, e também não a reconheço, o que me traz mais alívio, porém tenho uma leve impressão de já tê-la ouvido antes.

__Tem certeza que vai ficar dessa vez, senhor? Aqueles malditos ainda vivem por essa região!

O homem da primeira voz pergunta ao encostar-se na parede que está próxima a mim.

O meu coração parece que vai saltar para fora do peito nesse momento, pois mesmo tendo certeza de que esses dois não fazem parte daqueles que me perseguiam, não posso deixar que me encontrem.

__Não posso fugir do passado para sempre, Bento, e se, eu encontrá--los... Talvez possa enfim, realizar o meu desejo!

O segundo homem afirma em um tom rancoroso.

Nesse momento tento mais uma vez sair dali, mas sei que não é possível.

Primeiro porque com certeza eles me veriam, e segundo, porque não tenho forças para mover-me sequer um único centímetro.

Por alguns instantes penso em pedir ajuda, pois é mais do que óbvio que preciso de ajuda, no entanto, não sei se posso confiar neles, por isso, encolho-me o quanto posso para mais próximo da parede, tentando evitar que me vejam.

__Fico feliz com a sua decisão senhor, e estou aqui para ajudá-lo no que for preciso!

Aquele homem da primeira voz afirma a surgir diante de mim. Ele é de pequena estatura, um tanto robusto, e não consigo ver o seu rosto, pois está de costas para mim, observando a paisagem de fora do velho galpão parado na porta, no entanto, sei que me verá no instante em que voltar-se para dentro novamente, e isso eu não poderei evitar.

__Saiba que todos na mansão estão...

Ele para de falar no istante em que me vê, imediatamente surpreso, ao virar-se e se deparar comigo ali, e o que eu mais temia acontece.

__O que houve Bento? Parece que viu um fantasma!l

O segundo homem caçoa, certamente estranhando a expressão espantada no rosto rechonchudo do tal Bento. Ele encara-me com os seus olhos estreitos ainda por uns instantes, como se não acreditasse no que vê, enquanto caminha alguns passos na minha direção.

__É que... Tem uma moça aqui senhor!

Ele responde após piscar algumas vezes, como se quisesse ter certeza de que, realmente não está vendo um fantasma.

__Como?

O segundo homem pergunta espantado, também dando a volta na parede que nos separara e surgindo diante de mim.

Tudo acontece tão rápido que mal tenho tempo de assimilar as coisas diante de mim, pois em uma fração de segundos, a imagem daquele homem baixinho e corpulento de barba grisalha no rosto, é substituída pela figura imponente de um senhor alto, alguns anos mais jovem, corpo atlético e olhar intenso, que me atinge como uma flecha.

__É ela Bento! É a moça do vilarejo!

Ele afirma surpreso assim que me vê e logo segue até mim, e até eu me espanto com o fato dele já me conhecer, pois, não me lembro de já tê-lo visto antes, e inutilmente tento manter-me longe encolhendo-me mais para o canto da parede.

__Mas o senhor a conhece?

Bento pergunta surpreso, tanto quanto eu.

__Depois eu explico. Ela está ferida. Vá buscar o médico depressa!

Ele afirma já me colocando nos seus braços e mesmo que eu queira relutar, não tenho forças para isso. Ainda tento lembrar-me de quando o vi, já que ele afirma conhecer-me, mas é inútil. A inconsciência novamente domina-me enquanto sinto o calor daqueles braços fortes que me seguram com firmeza, e mesmo não tendo certeza se posso confiar nele, não há melhor lugar do que esse agora.

...****************...

Continua...

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