Depois de passar uma noite mal dormida, ainda pensando naquela moça que encontrei em São Martim, acordo cedo, pois preciso tomar algumas providências e por a vida em ordem, já que decidi retomar os negócios que estavam esquecidos nessa cidade.
Tenho uma vasta área de terras em boa parte dessa região e confesso que deixei tudo abandonado nos últimos dez anos, por isso, decidi sair bem cedo, com Bento, para fazer uma rápida avaliação, principalmente da área da Fazenda principal, pois muitos são os pontos que precisam de um cuidado urgentemente.
O clima está frio, pois foi uma noite de chuvas fortes até a madrugada, mesmo assim, decido sair bem cedo, pois preciso ocupar o meu tempo, se não, sinto que vou enlouquecer.
Ainda não consigo esquecer aquela moça de São Martim, e enquanto caminhamos em meio a mata, tentando encontrar os pontos que precisam de reparos, mal consigo concentrar-me no que Bento fala, pois, muito me incomoda não saber o que pode ter acontecido a ela.
Será que o comandante a encontrou?
Talvez eu devesse ir à delegacia tentar descobrir algo a esse respeito. Sim. Isso seria uma boa ideia, afinal, tenho mesmo assuntos pendentes por lá para resolver, assim poderia ficar mais tranquilo se soubesse algo dela, e até animo-me com tal ideia, que quero voltar o mais rápido que antes.
__Por aqui senhor! Penso que vai gostar desse lugar. Está um pouco...
Bento diz quando encontramos um grande galpão em ruínas, e na verdade nem presto muita atenção em suas palavras. Tudo o que mais quero, é voltar para casa o quanto antes, e seguir para o vilarejo rapidamente.
__Você tem razão Bento. Depois de alguns reparos esse lugar ficará ótimo!
Respondo sem muito entusiasmo, pois levando em conta o deplorável estado daquele galpão, qualquer reforma feita aqui, já seria uma grande mudança.
__Tem certeza que vai ficar dessa vez senhor? Aqueles malditos ainda vivem por essa região!
Essa pergunta atinge meu ser como uma lâmina, mas sei que ele não fez por mal.
Deve está curioso em saber se realmente ficarei depois de tudo que me aconteceu aqui. Ele sabe a dor que me acompanha, e quem são os principais responsáveis por ela, talvez por isso, tema que eu não consiga superar, caso encontre algum deles em meu caminho.
____Não posso fugir do passado para sempre, Bento, e se... O destino colocá-los em meu caminho...Enfim, conseguirei realizar o meu maior desejo!
Respondo com grande amargura, realmente desejando encontrar aqueles malditos o mais breve possivel, assim, realizariam logo um sonho que carrego comigo há tantos anos.
Bento caminha por todo galpão e para bem na porta oposta a que entramos, ele parece animado e bem disposto com todas as mudanças que nos propomos a fazer, principalmente porque negligenciei essas terras por muito tempo e agora tem esperanças de que tudo seja diferente.
__Saiba que todos na mansão estão...
Ele começa a dizer algo, mas a sua voz parece entalar-se por um breve segundo e quando olho para ele, o vejo olhando em minha direção, mas não para min, exatamente.
__O que houve Bento? Parece que viu um fantasma!
Cassou, pois ele realmente está pálido e olhando fixamente para uma ponto próximo à um pequeno balcão que está entre nós.
__É que__ele comeca a dizer, mas parece não acreditar no que vê __Tem, uma moça, aqui senhor!
Ao ouvir isso o meu coração dispara, e não dou tempo para que diga mais uma única palavra, pois pulo o balcão que está entre nós, e deparo-me exatamente com quem eu pensei que seria.
__É ela Bento! É a moça do vilarejo!
Afirmo assim que deparo-me com aquela moça das ruas em São Martim e o meu coração aperta-se ainda mais.
O estado dela é lastimável.
Está encharcada pela chuva da madrugada, que certamente passou pelo telhado destruido, e encolhida em um monte de folhas úmidas, que calor algum trazem ao seu corpo, parecendo assustada quando me vê, não sendo capaz de me reconhecer, o que deixa os seus belos olhos cor de mel, terrivelmente aterrorizados diante de mim.
__Mas o senhor a conhece?
Bento surpreende-se, pois eu não havia falado nada a ele sobre aquele diferente encontro na passeata na noite passada.
__Depois eu explico. Ela está ferida. Vá buscar o médico depressa!
Oderno, já apressando-me em socorrê-la, pois não posso deixá-la naquele estado nem mais um minuto.
Ela tenta resistir por alguns segundos tentado afastar-me com suas mãos, mas está tão fraca que nem mesmo consegue impedir que eu a pegue nos braços e a tire dali. Tento ser o mais delicado possível, pois não quero machucá-la ainda mais, por isso a ergo em meus braços enquanto ela encara-me ainda amedrontada antes de perder a consciência de vez aconchegada em meu peito.
Não posso acreditar que deixei isso acontecer. Eu devia saber que ela não ficaria bem. Estava ferida, fugindo numa noite de tempestade. Certamente acabaria dessa forma.
A levo o mais rápido possível para casa, pois o caminho até são Martim seria longo e ela precisa de cuidados imediatamente.
Ordenei que Bento buscasse o médico dali mesmo de onde estávamos e ao chegar em casa, pedi que uma das criadas cuidasse dela antes da chegada do médico, pois precisava de cuidados específicos que como homen, eu não estava apto a oferecer sem prejudicar sua honra, por isso, ausentei-me do seu lado apenas nesse momento para que a preparassem, e retornei imediatamente após as criadas darem-me permissão, com ela já devidademente limpa e agasalhada com roupas secas e quentinhas, embora ainda esteja descordada, o que deixa-me imensamente preocupado, por isso, não sairei mais do seu lado enquanto não vê-la completamente recuperada.
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Atualizado até capítulo 49
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