Capítulo 6 Chegada

Eu dormi a maior parte da viagem. Quando o avião pousou no aeroporto Internacional de Roma, Eu desci maravilhada. As pessoas transitavam alegres numa mistura de idiomas.

Vi um senhor grisalho com uma placa com o meu nome. Fui até ele sorrindo.

_ Olá, sou Eloá Marselle.

_ Boa tarde senhorita. Seja bem vinda. Acompanhe-me por gentileza.

Ele se encarregou da minha bagagem e fomos para o carro. Era um carro de luxo e obviamente ele era o motorista.

Eu fiquei observando a paisagem de Roma. Era tudo lindo. Queria que ele fosse mais devagar. Mas logo ele parou e com a educação de um cavalheiro abriu a porta para mim.

_ O Senhor Bellini instruiu- me a dizer-lhe que descanse da viagem nesse hotel. É só fazer o check-in. Amanhã a senhorita o encontrará para as formalidades necessárias.

_ Obrigada. Eu gostaria de saber se posso escolher passear hoje.

_Claro que sim. Tome cuidado. Peça orientações no hotel que eles indicarão algum local agradável. Tenha uma tarde prazerosa.

_ Obrigada senhor, desculpe mas não disse o seu nome.

_ Desculpe- me por isso. Eu sou Oto.

_Obrigada Oto.

Fui até o balcão e dei sorte de encontrar alguém que falasse o meu idioma. Depois de fazer o check-in, subi para o quarto que era fantástico. A vista da varanda convidava a ficar horas admirando a paisagem.

Dava para ver uma praça linda, ornamentada com esculturas de mulheres e anjos reproduzindo as obras de Michelangelo. Milhares de pombos à procura de migalhas oferecidas por idosos sentados nos bancos.

Resolvi tomar um banho e sair. Estava faminta. Escolhi um macacão preto simples. Não queria olhares sobre mim. Queria apenas passear. Perguntei ao recepcionista sobre lugares onde poderia conhecer sem me distanciar muito. Ele me deu um guia, depois de sublinhar uns locais. Agradeci com um sorriso e fui até a praça.

Era tudo tão lindo que só lembrei de sair quando ouvi o ronco do meu estômago. Fui até um bistrô atraente que estava no guia. Era perto da praça.

A atendente veio com um sorriso.

_ Buon pomeriggio, mancara.

_ Buon pomeriggio.

A atendente percebeu o sotaque e rapidamente falou no meu idioma.

_ É americana, si?

_ Sou.

_ Seja bem vinda. Gostaria de ver o cardápio?

_Por favor. Mas acho melhor aceitar a sua sugestão.

_ É vero. Um espaguete à carbonara. É o nosso prato do dia.

_ Ótimo.

_ Quer escolher o vinho?

_ Aceito um chadorney.

Ela saiu sorrindo. Fiquei observando tudo. Tirei muitas fotos. Queria registrar os meus momentos na minha nova jornada.

A refeição estava uma delícia e a sobremesa veio de brinde. Um tiramisu de comer rezando, como a minha mãe diz.

Agradeci e saí para a minha excursão. Tirei inúmeras fotos da praça Barberinni, que era próxima do hotel.

Estava eufórica e passeei por muitos lugares. Arrisquei a ir no "coliseu ". Era incrível. Fui corajosa e visitei as catacumbas romanas.

Estava ficando tarde. Resolvi voltar para o hotel. O passeio foi muito bom, mas fiquei cansada e resolvi jantar no restaurante do hotel. Escolhi o prato "cacio e pepe" feito com queijo e pimenta, comida que tem a origem antiga, feita para os pastores que precisavam de um prato simples e recheado.

O vinho escolhi o chadorney que é o meu preferido. A sobremesa foi um delicioso

canolli.

Eu fiquei observando os casais e não pude impedir lembranças.

💭lembranças on

Depois que perdi o bebê fiquei deprimida e não conseguia me levantar da cama. No início, Karl teve paciência e demonstrou todo tipo de romantismo.

Mas não durou muito. E comecei a ficar sozinha nas noites, depois que ele insistia para sair e recebia um não.

Um dia, entendi que eu não poderia passar o resto da vida deitada. Com muita força de vontade, levantei e comecei a arrumar a casa. Fui colocar as roupas para lavar. O meu olhar foi direcionado para uma mancha de batom no colarinho da camisa de Karl. Levei a camisa ao nariz e senti o cheiro de um perfume. E não era um barato. Eu sou muito boa em distinguir cheiro de perfume barato.

Esperei Karl chegar e ele me entregou um lindo buquê de rosas vermelhas.

_Que bom que se levantou, meu bem. Que tal um jantar bem romântico no restaurante mais chique, só para comemorar esse esforço?

_ Pode me explicar o que é isso, Karl?_ Joguei a camisa nele, que mostrou um lampejo de fúria nos olhos _ é assim que passa as suas noites?

_ Eu posso explicar. Foi uma cliente que ficou muito entusiasmada com o meu projeto e me abraçou impulsivamente.

_Sério? É a marca de um beijo. Não de um esbarrão .

_ Se quer pensar bobagens, eu não posso fazer nada. Estou dizendo a verdade.

_ Essa cliente é muito preguenta, pois o perfume se entranhou no tecido da sua camisa.

_ Olha aqui, você não tem o direito de reclamar. Há dias que a chamo para sair e você prefere a cama.

_ Se não se lembra eu tive um aborto. Perdi o nosso bebê. É perfeitamente normal queeu fique triste.

_ E daí? Nem nasceu. Eu estou vivo querida. E não me culpe se buscar carinho em outros braços. Não estou tendo aqui.

_ No que devo acreditar? No esbarrão ou num abraço inocente de alguma oferecida que percebeu a sua carência?

_ Acredite no que quiser. Eu já vi que não quer sair mesmo, então eu vou.

Ele passou por mim furioso e quase me derrubou. Não teve a mínima decência de se desculpar.

No dia seguinte, levou o café da manhã para mim numa bandeja linda com um presente, um colar de safiras.

_Desculpe amor. Eu ando nervoso. Estou sobrecarregado com a viagem do meu sócio. A partir de hoje irei compensar você.

Fizemos amor apaixonadamente. Mas algo dentro de mim despertou. E não foi bom.

Naquela noite, saímos para jantar. Karl se mostrou o homem de antes. Sedutor e muito feliz. Dançamos coladinhos e terminamos a noite numa suíte decorada no meu hotel preferido.

💭lembranças off

Vendo aqueles casais, a tristeza tomou conta de de mim. Resolvi subir, mas pedi uma garrafa de chadorney.

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