•Capítulo 3

...ADRIAN:...

A aula já começou e ela conduz tudo com uma calma segura, a voz desenhando explicações como quem pinta um quadro. Eu tento acompanhar, mas a atenção escapa fácil: o contorno do rosto dela, a forma como segura a caneta, o movimento dos cabelos presos deixam minha cabeça a mil. Mulher bonita viu, penso em silêncio, e a disciplina vira uma trilha sonora de fundo.

Ela fala, explica, enumera; e eu estou ali, flutuando entre frases soltas que chegam aos meus ouvidos como chuva distante. Não faço ideia do que está sendo dito até que, de repente, a caneta aponta para mim e o cômodo inteira parece puxar o freio de mão.

—Você, rapaz que chegou atrasado, consegue me responder essa pergunta?

O corpo volta à terra num só balanço. Que pergunta? Eu juro que não ouvi nada.

—É… desculpe, qual era a pergunta? — saio com cara de sonso, puxando o fio da conversa do nada.

—Não está prestando atenção na aula, Adrian?

O nome dela me soa melhor do que deveria. A palavra atravessa minha garganta com um gosto doce. Respondo sem pensar, mais pra bancar o natural do que por saber da resposta.

—Pode repetir a pergunta, por favor?

—Ok — ela suspira com paciência de quem já teve situações piores. — Vê se presta atenção, por favor. Pedi que falassem um pouco sobre a disciplina da física. Você pode me dizer?

Encaro-a, como se a coragem viesse dos olhos dela.

—A física é a área das ciências naturais que estuda os fenômenos que acontecem com a matéria no decorrer do espaço e do tempo.

—Exatamente. Muito obrigada por responder.

Um alívio quente cruza meu peito; acertei. Talvez eu não seja um completo burro. Ela volta ao quadro e retoma a fala, caminhando pela sala com passos medidos, caneta entre os dedos.

—Alguém pode me falar sobre Biologia?

Uma mão lá no fundo se levanta; ela aponta para uma garota e ouve a resposta. Enquanto outros falam, eu observo as mãos dela: sem aliança, unhas curtas, dedos precisos. Quando ela passa perto, o perfume doce chega no meu rosto e eu a sigo com os olhos de cima a baixo, mordendo a pergunta muda que insiste em crescer.

A aula segue e, confesso, prestei mais atenção nela do que nas definições. Quando todos saem, ela arruma os papéis na mesa com cuidado. Me aproximo, coração um tambor.

—Professora — chamo, tentando soar casual.

—Sim? Precisa de algo?

—Não, só queria dizer uma coisa.

—Pode dizer.

—Ainda bem que não tive você como professora na escola — solto, com meio sorriso.

Ela me encara, confusa; os olhos dela me lancinam. Quase sorri, mas se mantém séria.

—Por quê? — pergunta, a voz firme.

—Porque se tivesse, meus cadernos teriam só corações em vez de anotações.

Ela ergue uma sobrancelha, soluça em um quase sorriso e me devolve a tirada numa mistura de reprimenda e leveza.

—Tá de brincadeira, né? Você é um desses alunos engraçadinhos?

—Talvez.

—Hm. Muito engraçado. Espero que não chegue atrasado amanhã e que preste mais atenção.

—Com você como professora fica difícil — respondo, meio ousado, meio brincadeira.

Ela balança a cabeça, volta a guardar as coisas e deixa a sala com a seriedade de quem não cai em cantadas fáceis. Eu me sento de novo, satisfeito e com a certeza incômoda de que, por mim, aquela teria sido a melhor matéria do semestre. Alguns minutos depois, o próximo professor entra com cara de poucos amigos; e eu já estou contando os segundos para o intervalo.

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Comments

Vanessa Costa

Vanessa Costa

as cantadas são bregas🤣🤣🤣
e realmente, ele é imaturo, mas vamos ver se ele surpreende com atitudes

2025-03-07

2

Vanessa Costa

Vanessa Costa

🤣🤣🤣🤣🤣🤣

2025-03-06

0

Evy Machado

Evy Machado

eu quando respondo os professores e esta certo kakkaka

2025-02-17

4

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Atualizado até capítulo 68

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