Ártemis Bennedetti.
Abro os meus olhos quando o ônibus para na rodoviária da pequena cidade, ela está praticamente vazia devido ao horário pego a minha mochila e desço do ônibus, está frio vou ao banheiro e pego o meu casaco de moletom cinza com capuz, ele é bem largo e confortável, olho para o celular desligado na minha mão, não posso ligar ele, tenho medo que eles de alguma maneira me achem, abro o compartilhamento do chip e o tiro dali jogando no vaso e dando descarga.
Saio do banheiro e compro uma água na barraquinha da rodoviária esperando a partida para a próxima cidade de lá não sei o que vou fazer, cidade pequena é ruim, pois quase todo mundo se conhece.
Com o olhar distraído, vejo uma mulher sentada chorando e falando ao telefone desesperada, algo sobre uma passagem trocada. Após desligar o telefone, suas lágrimas se intensificam e, querendo ajudar de alguma forma, me aproximo.
— Oi! — Digo estendendo um guardanapo, ela o pega e enxuga as lágrimas.
— Oi. — Fala fungando pelo choro.
— Posso ajudar de alguma maneira? — Ela sorri triste e fala.
— Ou eu sou muito desastrada, ou azarada demais porque as coisas só acontecem comigo.— Diz de cabeça baixa, à se ela soubesse que não é a única azarada e desastrada aqui.
— Será que somos irmãs? — Sorrio.
— Porque sou desatrada e azarada numa proporção que a senhora nem imagina.— Me sento ao seu lado.
— A minha mãe vai operar, uma operação difícil sabe e prometi a ela que estaria lá antes dela entrar para cirurgia, eu nunca quebro uma promessa, tipo juramento de dedinho, mas pedi uma amiga para comprar a passagem para mim porque estava trabalhando, ela comprou e me deu, não olhei nem conferi e vendo agora ela não é para a cidade que a minha mãe está internada, ela é para New hels, a minha mãe está internada na New thear, entretanto o guichê para trocar a passagem só abre às quinze horas e a minha mãe entra na cirurgia as quatorze, o que faço agora?— Ela diz olhando para mim, uma promessa é sempre uma promessa não importa o que aconteça cumpra, parece que estou escutando a minha mãe falar comigo, ela infelizmente não pode cumprir a dela que era me proteger por toda vida, porém ela fez o que pode até na hora de sua morte quando ela me disse para eu ser forte, que ela sempre estaria ao meu lado independente de onde estivesse.
Olhando para as minhas mãos e justamente a passagem que a Dory comprou para mim, é para New thear, o ônibus sairá em trinta minutos.
Mãe, isso é um sinal que você está cuidando de mim aí de cima? Estendo a minha passagem para ela.
— Troque comigo, tenho exatamente o que você precisa. — Ela me olha assustada.
— Mas você não pode fazer isso e, como você fica, eu lhe dou a minha passagem se quiser e puder esperar, e só trocá-la quando o guichê abrir.
— Não se preocupe, a sua mãe precisa de você e como dizia a minha mãe, uma promessa é sempre uma promessa cumpra. — Sorrio para ela, que me abraça emocionada.
— Muito obrigada, que você tenha muita sorte nessa vida. — Ela diz, pegando a passagem e entregando a dela para mim.
— Agora vá, se apresse, o ônibus daqui a pouco sai e melhoras para a sua mãe. — Digo, me levantando, ela também se levanta, me abraça outra vez e sai carregando uma pequena mala para o outro lado da rodoviária.
Eu com aquela passagem na mão me questiono se foi a melhor escolha, New hels não é uma cidade pequena ao contrário cresceu muito nos últimos anos e se tornou grande com prédios enormes e gente apressada para todo o lado, será que lá conseguirei trabalhar de doméstica, preciso me esconder bem até completar a maioridade depois disso ninguém vai poder me prender de novo, não vai poder me humilhar, nem tocar em mim eu finalmente vou ser livre.
Entro naquele ônibus com uma esperança renovada que tudo vai dar certo e que os meus pais estão me protegendo lá de cima de onde quer que estejam eles estão sempre comigo, carrego no pescoço o colar que eles me deram quando fiz dez anos, é uma foto nossa no jardim da nossa casa que eu amava tanto, estávamos felizes e sorrindo num dia de sol, depois de alguns meses tudo virou treva, escuridão eu gostaria de ter ido com eles, pois não vive depois de tudo eu apenas sobrevivi.
Depois de cinco horas de viagem, estou nas ruas da grande cidade, encantada e, ao mesmo tempo, apavorada, o barulho da cidade grande é ensurdecedor, buzinas, carro passando, pessoas perdidas em seu próprio pensamento correndo de um lado para o outro com pressa, fico tão perdida naquilo tudo não vi um carro se aproximar, buzinando até por fim me dar conta que estava indo atravessar com o sinal aberto e como não poderia ser eu a Ártemis de sempre quando corro para a calçada tropeço quase caindo, por sorte uma senhora simpática me estende a mão antes que eu caísse no chão.
— Cuidado criança. — Ela diz com um olhar gentil.
— Obrigada. — Digo sem graça, depois do vexame, a minha barriga ronca alto e ela percebe.
— Acho que alguém está com fome? — Ela ri. — A minha pensão fica a uns quarenta minutos daqui, se quiser uma comida quentinha, a hora é essa.
Sorrio para ela, nem bem cheguei e já encontrei anjos, espero que não seja caro o aluguel, pois não tenho muito dinheiro e preciso arrumar um emprego urgente.
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Atualizado até capítulo 117
Comments
Cristiane F silva
Espero que ela esteja em um lugar seguro e que só ache pessoas boas
2025-03-14
3
Amélia Rabelo
espero que ela consiga logo um emprego legal
2025-03-16
0
Marli Batista
Ainda bem que ela encontrou alguém bom
2025-03-25
0