02 capítulo.

Ártemis Bennedetti.

Estou quase saindo do trabalho na casa do senhor nojento, é assim que eu o chamo, sem ofensa aos idosos, eu os amo, mas não ele, aqueles olhos de águia velha através dos óculos não me enganam, desde aquela vez que ele passou a mão em mim e disse que foi sem querer, que nojo.

Vivo fugindo dele pela casa, fazendo o meu trabalho de doméstica, os meus tios me obrigaram a trabalhar aqui e, além disso, todo salário que eu recebo eles querem, depois de um tempo dando tudo para eles, passei a guardar alguns, não em casa, pois eles revistam o sótão sempre e tiram as minhas coisas do lugar deixando uma bagunça.

Eu vivia feliz com os meus pais até os dez anos quando eles sofreram um acidente de carro, eu também estava naquele carro e infelizmente sobrevivi, fiquei em coma por um mês e depois fui entregue a única família que tinha, a irmã da minha mãe, a minha herança ficou em poder deles, nos não éramos pobres mas também não éramos ricos, vivíamos muito bem com o trabalho do papai até tudo acontecer.

Tenho direito a herança que eles deixaram só que depois que eu fizer vinte um anos e falta pouco, quando eu completar a maior idade pegar o dinheiro que juntei que também não é muito vou cair fora, não sei se ainda tem algum dinheiro na conta e nunca soube quanto era, a tia Madson sempre disse que era pouco dinheiro e por isso eu tinha que trabalhar para pagar os custos que eles tinham comigo, só não fiquei fora da escola porque uma assistente social foi até eles e disse que não poderia ficar sem ir às aulas ou eles perderiam o direito a minha guarda.

Eu também não gostava de ir à escola sofri muito bullying por conta da minha aparência uma menina rechonchuda que usava óculos bem grossos e ainda por cima me zoavam me chamando de deusa da guerra, a minha mãe amava os deuses gregos e colocou o meu nome de Ártemis porque dizia que era uma deusa forte e de sabedoria abundante isso nas palavras dela, eu amava tanto eles, a minha vida era perfeita e tudo virou um pesadelo, na escola só não foi pior porque encontrei a Dorothi, estudamos juntas dês que entrei no colégio aqui e então ela é a minha melhor amiga.

Ela e sua mãe dizem que quando eu for maior de idade vou poder ficar com elas, mas não quero mais ficar aqui. Sei que os meus tios não vão me deixar em paz, estou cansada de ser humilhada de todas as maneiras, me livrar dos meus tios e do senhor nojento e seguir a minha vida em paz.

Droga, deixo a colher cair no chão, sou uma desastrada mesmo, me abaixo para pegar e quando levanto, o senhor nojento está atrás de mim até roçar nas minhas costas.

— Pensei que já tivesse ido.— Fala próximo ao meu ouvido e eu me afasto nervosa, pego a colher e a coloco na pia.

— Já estou de saída, senhor Arnold. Ele segura o meu braço.

— Já disse que pode dormir aqui, não precisa voltar para os seus tios.

Me solto dele e tiro o avental colocando-o na cadeira, pegando a minha mochila.

— Até amanhã senhor.

Saio apressada com um arrepio de medo e pavor, saio pela porta, quando estou distante faço o sinal da cruz e respiro aliviada, caminhando para o ponto de ônibus. Pego o meu celular velhinho que a Dory me deu, só assim tive um telefone.

A minha tia diz que é fútil, mas ela não sai do dela, que é da última geração. O ônibus chega e entro pagando a passagem ao motorista quando ele para bruscamente e caio de joelhos no chão, uma mulher me ajuda a levantar.

— Tudo bem moça?

— Sim, obrigada.

— Vai com calma aí motorista. — Um outro grita, a moça me ajuda a levantar, tinha que ser você mesmo Ártemis passando vergonha no ônibus.

Como hoje foi dia de pagamento, passo primeiro na casa da Dory que me recebe com um abraço.

— Oi Mi entra.

— Acredita que cai dentro do ônibus.

— É a sua cara fazer isso. — Ela fala, fechando a porta. Tiro o dinheiro da mochila e entrego para ela.

— Pode guardar com os outros.

— Claro, não vejo a hora de você fazer vinte um logo e sair daquela casa.

— Eu também Dory, cadê a tia?

— A mãe ainda não chegou, quer limonada?

— Quero.— Vamos para a cozinha e ela nos serve a limonada, sentamos na bancada da cozinha.

— Acredita que aquele velho nojento encostou em mim outra vez? Só de falar sinto nojo, olha, estou toda arrepiada.

— Aquele velho asqueroso.— Diz.

— Falou que não precisava ir embora, era para dormir lá, Deus é mais.— Levanto as mãos.

— Mi, já falei para você tomar cuidado com ele, aquele velho, ele quer você e vai fazer qualquer coisa para isso, sabe que ele tem dinheiro e não sei não mais os seus tios comem na mão dele.

— Aí Dory agora fiquei com mais medo ainda.

— Fica de olho, qualquer coisa, dá uma joelhada nele e foge para cá, a gente dá um jeito.— Ela diz segurando a minha mão.

— Vou ficar atenta, agora preciso ir, se não já sabe, obrigada pela limonada.

— Vou estar sempre aqui pra você.

— Eu sei e agradeço por isso, te amo. — Nos abraçamos e eu vou embora, tenho que caminhar uns 40 minutos para chegar em casa, entro devagar pela porta da cozinha sem fazer barulho, não quero levar bronca porque demorei.

Estou no corredor quando ouço uma conversa entre os meus tios.

— Madson tem que ser hoje, o senhor Arnold já não aguenta mais esperar, acabou de ligar furioso nos ameaçando.

— Billy Cala a boca, ela está para chegar.— A minha tia olha a porta da sala e me escondo atrás da parede.

— Não podemos falhar, vender aquela garota para o senhor Arnold foi tudo de bom, nós nos livramos dela, ganhamos uma grana e depois dissemos que ela foi embora sem querer a herança, ninguém vai querer aquela gorda de quatro olhos mesmo, o senhor Arnold vai fazer um bom proveito daquela porca.

Coloco a mão na boca, sufocando um grito e lágrimas rolando dos meus olhos.

— Vamos fazer assim, deixá-la dormir e quando estiver quase amanhecendo, você pega o éter e desmaia ela, quando ela acordar, já vai estar com aquele velho babão.

— Ótimo, maravilha.— O meu tio diz animado.

Quando vou sair, esbarro no vaso da mesinha e ele cai no chão fazendo maior barulho, Ártemis desastrada.

— Quem está aí? Ártemis?

Saio e encontro o gato da vizinha no corredor, jogo uma bolinha de papel na direção da sala e ele sai atrás, aproveito para fugir e ouço eles dizerem.

— Desgraçado de gato da vizinha, essa peste só vive entrando aqui.

Saio pela mesma porta por onde entrei, chorando em desespero, me afasto dali. O que vou fazer agora meu Deus?

Eles me venderam para aquele velho nojento, não isso não vai acontecer, prefiro morrer do que ficar com aquele velho tarado.

Respira Ártemis, piso num buraco, droga, tiro os meus óculos e seco as minhas lágrimas, pensa no que se vai fazer, pensa caramba.

Bato o pé no chão, eu vou fugir, tenho que fugir, mas não tenho nada comigo, vou ter que voltar pra casa, fingir que tá tudo bem, quando eles dormirem, pego a mochila com as minhas coisas e fujo, é isso.

Vou pedir para Dory comprar uma passagem de ônibus para mim para longe, depois eu vejo o que eu faço quando chegar lá, isso vai ser isso.

Ligo para Dory e explico a situação, vou encontrá-la na rodovia às três da manhã, respiro fundo e volto para casa, agora entrando pela porta da sala aquela que eles estavam vigiando.

— Chegou tarde, o senhor Arnold disse que você saiu já faz tempo.

— O ônibus quebrou tia, sabe como é, demora até chamarem outro...

— Deixa para lá, estou morrendo de fome, pode preparar o jantar.

— Rápido pirralha inútil. — Meu tio fala como sempre.

— Está bem. — Saio para a cozinha para fazer o jantar, a Dory teve uma ideia, como sempre sou eu que faço o jantar, ela falou para eu colocar sonífero dentro para eles dormirem e quando acordarem eu já vou estar bem longe daqui e assim eu faço, coloco a mesa.

— O jantar está pronto.

Eles se sentam e se servem. — Não vai comer? — Minha tia pergunta.

— Não, estou cansada, eu vou me deitar para dormir.

— Que ótimo, é bom que sobra, agora vaza pirralha.

Aproveito a fala dele para subir, eles ficaram tão animados quando viram o jantar que nem lembraram que hoje foi dia de pagamento, espero em Deus que eles não lembrem, assim fico com mais esse dinheiro, o que tenho não é muito, mas acho que dá para me manter por uns dias até arrumar um emprego.

Pego minha mochila mais velha, que é maior, coloco as melhores peças que não são muitas, algumas que a Dory me deu, coloco o álbum de fotos dos meus pais, meus documentos, tudo que preciso, quando ouço um barulho na porta, jogo a mochila embaixo da cama e me sento.

— Tio, o que faz aqui?

— Que eu me lembre, essa casa é minha e posso andar por ela e entrar onde quiser.— Ele fecha a porta e se aproxima, pego o lençol e me cubro.

— Vim agradecer pelo jantar.

— Não precisa, é a minha obrigação.— Ele se aproxima de mim e segura o meu rosto com força.

— Apesar de estar acima do peso, você está bem gostosa com essas coxas grossas.— Diz se aproximando.

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Thaliaa Vieira

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Eu colocaria veneno, ou sonífero até matar

2025-04-03

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Ivana Braga

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dês que não existe é desde que

2025-04-14

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