capítulo 13

~ Ana ~

Desde pequena, eu sempre tive inveja dela, apesar de sermos iguais fisicamente, também somos diferentes em várias coisas.

Eu sempre sonhei mais alto, sempre quis o melhor da vida, e ela não, sempre se contentou com a vidinha simples que a gente vivia.

Durante anos eu tentei encontrar algo que me tirasse do buraco em que eu me encontrava, e quando eu soube que ela havia se casado com um homem rico, importante na sociedade, eu não pensei duas vezes, e resolvi roubar a vida dela.

Eu sabia da vontade que eles dois tinham de ter um filho, e que isso estava demorando a acontecer, então, eu fui envolvendo o Levy, fui tentando de todas as maneiras possíveis, até que um dia, eu conseguir colocar algo em sua bebida, pensei que ele iria me confundir com ela, nossa relação não havia passado de olhares e alguns beijos, e somente isso, então, eu o levei para cama, tirei a sua roupa e simulei que havíamos transado naquela noite.

Esse bebê que eu espero não é dele, mas isso não anula o fato de que, querendo ou não, ele traiu a minha irmã quando trocava mensagens comigo, quando pedia para nós nos encontrarmos para beber juntos, quando nos beijamos no bar.

Ele só se recusava a ir para cama comigo, mas isso não é o menos importante.

Eu pensei que dessa maneira eu conseguiria ficar com aquela casa linda! Com o dinheiro dela, com as roupas, com tudo! Mas o idiota se recusou a mim assumir, e ainda por cima deu a ela tudo que deveria ser meu! Deu a ela a casa, parte das ações da empresa, e metade da sua fortuna!

Agora eu estou grávida de um idiota qualquer! E morando de favor na casa de uma velha insuportável! céus! até os meus pais viraram as costas para mim, eu sabia que ficariam com raiva, mas, não imaginei que me abandonariam.

E mais uma vez, eu cheguei aqui para me humilhar, para implorar que me aceitem de volta até eu resolver a minha vida com o Levy, isso não vai ficar assim, ele querendo ou não vai assumir essa criança, eu falsifico o exame de DNA, faço o que for preciso, mas ele não vai me abandonar!

Talvez seja o momento de eu me fazer de santa, de arrependida, para depois dar o bote, ela tem o coração mole e vai acabar me perdoando.

Eu olhei para o William, já sei que esse é o nome dele, eu o vi lá na empresa, na sala que era do Levy.

É um homem bonito, atraente, e provavelmente tem muito dinheiro! Talvez eu consiga algo com ele, afinal de contas, se ele está com a minha irmã, se está apaixonado por ela, também pode se apaixonar por mim.

Mas, às vezes eu me pergunto, o que será que eles viram nela? Eu sou muito mais bonita, atraente, e ela é tão sem graça!

- eu não estou aqui para brigar, por favor - forcei o máximo que pude para chorar - eu estou arrependida de tudo o que fiz a você! - olhei para ela - eu não sou a única culpada na história, o Levy me envolveu! ele brincou comigo da mesma maneira que brincou com você.

- o que você está falando? - minha mãe se aproximou curiosa - não era isso que parecia há poucos dias atrás!

- ele pediu que eu mentisse, ele disse que isso poderia prejudicar a imagem da empresa - passei as mãos no rosto - ele pediu para que assumisse toda a culpa sozinha, mas foi ele quem me envolveu! ele disse que o casamento não estava indo bem, que vocês estavam em crise!

- isso não era verdade! - ela negou - nós estávamos indo muito bem, até você aparecer!

- ele disse que iria deixar você para ficar comigo, que juntos iríamos criar esse bebê! Mas ele me enganou, e agora eu estou sozinha! não tenho onde morar, não consegui um trabalho e não sei o que fazer com essa criança! - segurei sua mão - eu sei que está com raiva de mim, que está magoada e eu não tiro você da razão, mas eu também fui enganada! E se eu pudesse voltar atrás, eu jamais teria me envolvido com ele, jamais teria feito você sofrer tanto.

Eu soltei sua mão de forma lenta, e fui me afastando esperando as minhas palavras fazerem efeito.

- espera, Ana - eu parei de andar, e me virei para poder encará-la novamente - você acha mesmo que eu acreditei em uma só palavra do que disse? - ela se aproximou de mim de forma lenta - você é sonsa, sínica e não sente amor nem por você mesma! Eu tenho pena dessa criança, ela não merecia uma mãe feito você - ela sorriu enquanto falava - eu sempre soube o tipo de pessoa que você era, mas por amar você, eu me negava a acreditar, Camila, e até mesmo o Levy, acredita nisso? Tentou abrir os meus olhos sobre você, mas, felizmente você acabou me livrando de um casamento que provavelmente, não iria para frente, e você acabou tirando de mim, o mais importante, que era o bebê que eu carregava, eu o amei desde o primeiro momento, e ainda o amo - ela deixou uma lágrima cair pelo seu rosto - você merece estar exatamente onde está agora, na rua, vivendo de restos e migalhas dos outros, talvez assim, você aprenda a ter amor pelas pessoas, talvez assim, você tenha um pingo de compaixão nesse coração frio e duro que você tem.

- Jai...

- você deveria se envergonhar, acha mesmo que uma pessoa como você vai longe? - ela negou - tente mudar enquanto é tempo, não por mim, e muito menos por você, mas pela criança que carrega, ela é um ser inocente e não tem culpa dos seus erros.

- eu vou provar que eu não sou essa pessoa fria e ruim que você fala! - enxuguei uma lágrima que caiu pelo meu rosto - que tipo de pessoa acha que eu sou? É pecado querer ter uma vida melhor?

- pecado é você ter vergonha da vida que os seus pais tanto lutaram para te proporcionar - minha mãe se aproximou de mim com lágrimas nos olhos - pecado, Ana, é você ter inveja da sua irmã, que estudou, trabalhou, e tudo que ela tem hoje, é consequência da boa índole que ela carrega no coração, talvez, se você tivesse estudado, corrido atrás dos seus sonhos de forma digna, talvez tivesse tido o mesmo futuro que o dela.

- querer o que é dos outros, não vai te levar a lugar nenhum, e por favor, não quero ter que te colocar para fora novamente - meu pai me olhou de forma séria, e apontou em direção a porta - saia da minha casa, não quero te ver aqui, não quero ouvir falar de você novamente, está morta para mim, Ana.

Eu enxuguei as lágrimas que estavam escorrendo pelo meu rosto, e sai de casa jurando que eles vão se arrepender de cada palavras que me disseram, eu juro que vão se arrepender.

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