capítulo 4

Eu não quis escutar mais nada e bati o telefone em seu rosto, eu olhei para Camila e ela me abraçou enquanto a dor dilacerava o meu coração.

Eu chorei, gritei de desespero, gritei sentindo a raiva e angústia tomar conta de mim, gritei por ter sido enganada pela minha irmã, pelo homem que eu amava.

Foram longos minutos abraçadas, depois eu me calei, engoli todas as minhas lágrimas e subi para o meu quarto.

Tomei um banho, e deitei na cama desejando que tudo isso passasse apenas de um pesadelo.

(...)

Eu não dormi durante toda a noite, levantei, fiz minha higiene matinal e me arrumei para o trabalho.

Não estou com vontade de tomar café, estou sentindo uma pequena cólica, mas segundo o meu médico, é normal sentir certas coisas no começo da gestação.

Eu saí antes de Camila levantar e já estou na empresa, fiz uma maquiagem para disfarçar um pouco as minhas olheiras, a minha cara abatida e cá estou eu, para mais um dia de trabalho.

Minha mesa fica dentro da sala do senhor Grey, ele já estava quando cheguei, percebi ele me olhando de relance, mas eu apenas dei " bom dia ", e sentei na mesa me preparando para atender as ligações e anotar recados.

- você está bem? - eu levantei a cabeça para olhá-lo - quer dizer, você me parece meio estranha.

- eu estou bem - não consegui disfarçar e acabei caindo no choro novamente.

Ele parecia não saber como agir, mas levantou da sua mesa, puxou uma cadeira para sentar ao meu lado e segurou a minha mão de maneira inesperada.

- eu era casada, era feliz! - apertei sua mão - descobri há poucas semanas que estou grávida, sempre quisemos construir uma família, desejamos muito esse bebê - solucei - eu iria fazer uma surpresa, fui na empresa com a minha amiga, e quando eu cheguei lá, ele estava aos beijos com a minha irmã!

Lembra daquele dia é fazer toda dor voltar novamente.

- somos gêmeas, ela morava fora e chegou há poucos meses, somos tão diferentes! Ela é ambiciosa, sonha alto, e a minha amiga já tinha me alertado sobre isso - funguei e olhei para ele - mas eu nunca maldei, eu sou uma idiota! - eu deveria ter percebido, deveria ter notado da mesma maneira que a Família notou.

- Mas, como eu iria imaginar que a minha irmã e o homem que eu amava me enganaram dessa maneira? - neguei com a cabeça - eu estava disposta a perdoar e voltar para casa se ele me falasse que tudo não passou de um engano, mas ontem a noite, quando eu liguei para ele e pedi para ser sincero, ele me revelou que ela está grávida, que ficaram juntos uma noite e estava arrependido! - sorri sem graça - ele nem sabe que eu espero um bebê, não tive oportunidade de falar - tentei enxugar minhas lágrimas - ele é um homem rico, importante, é dono de uma empresa de carros além de outras empresas que tem, eu sou dona de uma editora, ele me deu de presente de casamento, éramos felizes até ela chegar e destruir minha vida! - fechei os olhos tentando controlar a minha respiração - eu nunca me importei com nada disso, se Levy fosse um homem Simples, comum e só tivesse amor para me oferecer, eu o amaria da mesma maneira, meus pais sempre nos ensinaram que devemos correr atrás do que queremos, mas de maneira honesta! - soltei sua mão com delicadeza - eu fugi para cá sem ele saber, comprei aquela casa no intuito de ser o nosso refúgio, de ser um lugar onde iríamos reunir as nossas famílias em tempo de festas, mas acabou sendo o meu esconderijo.

- eu não sei o que te dizer - ele me ofereceu um lenço - eu também fui casado, mas ela morreu durante o parto, eu perdi ela e o nosso filho - ele ficou sério por alguns minutos - eu jamais vou entender esses homens que ferem as pessoas que amam por uma noite de prazer, eu juro que não consigo entender - ele suspirou pesado - eu daria tudo o que tenho para ter uma família completa, para ter uma mulher linda, que me ama e que possamos juntos construir uma vida inteira de alegria e felicidade - ele negou com a cabeça - ele com certeza é um idiota, eu jamais machucaria ou trocaria uma mulher feito você, pode se notar de longe o quão especial é.

Ficamos conversando por longas horas, quase não trabalhamos, e sem falar que estou com uma dor que já está me deixando super preocupada.

- senhor Gray, desculpe pedir isso no meu segundo dia de trabalho, mas pode me liberar agora à tarde?

- você está bem? - ele me olhou preocupado - está pálida!

- eu estou com uma dor horrível! - me curvei ao sentir a dor piorar, e logo depois algo quente descer pelas minhas pernas manchando toda a minha calça branca - céus! Não! o bebê, eu estou perdendo o meu neném! - eu não consigo ficar calma, a dor é horrível e o desespero já tomou conta de mim.

O senhor Gray me carregou em seu colo, e saiu comigo desesperado, foi tudo de maneira tão rápida, que quando eu percebi, já estava em seu carro a caminho do hospital.

A minha visão foi ficando turva, eu quase não conseguia ouvir o que ele estava falando, mas não cheguei a desmaiar, eu coloquei a mão na barriga, e pedi a Deus que deixasse o bebê comigo, eu juro que serei uma boa mãe, mas não quero perder o meu bebê.

(...)

Eu cheguei ao hospital nervosa, sangrando muito e já fui direto ser atendida, o senhor Gray não saiu do meu lado por nenhum segundo, ele está segurando a minha mão nesse exato momento enquanto o médico realiza uma ultrassom para ver se está tudo bem ou não.

- então? - ele perguntou no meu lugar e pela cara do médico, a notícia não é nada boa.

- eu sinto muito, mas a sua esposa perdeu a criança - ele tirou os óculos e suspirou pesado - os três primeiros meses de uma gestação, é muito delicada, muitas coisas podem levar ao aborto como, quedas, estresses, fortes emoções, por isso sempre indicamos cautela pelo menos nos primeiros meses - ele levantou da sua cadeira e colocou os óculos de volta - você é jovem, sei que as minhas palavras podem não te reconfortar agora, e que nenhum filho substitui o outro, mas em breve poderá tentar novamente, tenho certeza que serão uns ótimos pais.

Ele saiu da sala e eu desabei mais uma vez, o senhor Gray me abraçou de uma forma reconfortante e eu não pude deixar de demonstrar o meu desespero.

- o meu bebê! Eu nunca vou poder vê-lo, eu nunca sentirei ele mexer dentro de mim - mais um sonho acabou de morrer junto com essa criança, eu a desejei tanto, tanto! que eu daria tudo para tê-la de volta, eu daria tudo para ter esse bebê aqui comigo.

(...)

Algumas enfermeiras chegaram e me levaram para tomar banho, o senhor Gray está com as roupas todas sujas de sangue, e isso me deixa envergonhada, eu pedi que ele ligasse para Camila e assim ele fez.

Também me deram um calmante para que eu pudesse ficar um pouco mais calma, e me levaram para o quarto onde irei passar a noite.

- desculpa ter feito você correr até aqui comigo - estou completamente envergonhada com toda essa situação, ele deve está pesando coisas horríveis ao meu respeito.

- não tem porque se desculpar, não foi culpa sua - ele já está com outra roupa, disse que tem o costume de levar peças limpas em seu carro, afinal, nunca se sabe o que pode acontecer.

- pode ir embora se quiser, já me ajudou muito hoje.

- eu não vou sair daqui, passarei a noite com você - ele segurou minha mão novamente - não tem nada que possa fazer em casa, e eu não vou te deixar sozinha.

- a minha amiga está vindo, e eu não quero incomodar mais do que já encomendei.

- não está me incomodando em nada, não sairei daqui até ter certeza de que você está bem.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***