True And Lies
Estava ansiosa, afinal faltava apenas um mês para o início das aulas. Eu teria que me mudar pra universidade, o que de início eu não gostei nada, mas quando minha irmã falou que poderíamos falar com nosso pai pra alugarmos um ‘apê’, eu não resisti. E aqui estou eu, tendo mais uma vez essa conversa com meu pai, a diferença é que agora minha irmã Louise está enfrentando-o junto comigo.
– Mas pai... – minha irmã falava.
– Mas nada... Eu já decidi. Pra quê alugar um apartamento se vocês podem ficar mais seguras nos dormitórios da Universidade? – Ele repetia pela milésima vez.
– Seria diferente, teríamos mais privacidade, afinal somos irmãs, ficaríamos mais tempo juntas, e não iríamos dividir o quarto com alguém que nem conhecemos. – Nossa salvação estava chegando... Finalmente minha mãe chegou.
– Que discussão é essa? Você mal chegou e já estão brigando! – Disse minha mãe pra Louise.
– Não estávamos brigando mãe, só questionando o papai. – Disse minha irmã já tentando convencer nossa mãe. – É que seria bem melhor que eu e a Lia alugássemos um apartamento, não teríamos que suportar alguém desconhecido tendo livre acesso as nossas coisas, e ainda conseguiríamos privacidade, além de termos mais tempo juntas.
– E qual o problema? Porque estão discutindo então? – Foi minha vez de falar.
– O papai não quer deixar mãe, diz que é mais seguro ficarmos na Universidade.
– Mas apartamentos também são seguros Tom. E acho melhor elas ficarem juntas, do que com pessoas que nem sequer conhecem. – Pronto tínhamos finalmente conseguido. Sabíamos que nosso pai, não iria se opor a um pedido de nossa mãe. – elas merecem um pouco mais de confiança, assim podemos ver se realmente estão sendo responsáveis.
– Acho um pouco arriscado, mas se você acha que é melhor... Tudo bem. – Falou derrotado, fiquei até com dó.
Eu e Louise saímos pulando e gritando, ela já tinha esquematizado tudo. Procurou o apartamento e já deixou o contrato encaminhado, faltando apenas nosso pai assinar e pagar o aluguel. Nós tínhamos duas semanas pra organizar tudo quando chegássemos lá, afinal de contas natal e ano novo nós passávamos em família.
Louise passou as duas últimas semanas do ano me arrastando para o shopping e fazendo compras até não poder mais. Nosso pai era um advogado bem renomado e podíamos dizer que éramos quase ricos (classe média alta), tínhamos tudo do bom e do melhor, mas não éramos esnobes, isso não. Já nossa mãe era uma publicitária muito bem remunerada, e fazia questão de dividir todos os gastos com nosso pai. Eles haviam me prometido um carro quando terminei o colegial, e eu não via a hora de ver qual modelo eles comprariam.
Hoje acordamos cedo, era nosso último dia em Amsterdã. Louise ainda queria comprar umas últimas coisas, e eu queria apresentá-la a meu amigo, ele é extrovertido, e um CDF, mas eu o adoro. Ele mudou pra Amsterdã ano passado, e estudamos no último ano juntos, mas Louise ainda não o conhecia. Nós íamos pra mesma Universidade.
– Louise queria te apresentar um amigo. – Falei vendo um certo desdém em suas atitudes.
– Que amigo Lia?
– É um que estudou comigo, e também vai pra Universidade com a gente.
– Tudo bem, mas primeiro vamos às compras, afinal temos uma festa dos calouros quando chegarmos lá, e preciso de roupas que nos tornem pelo menos apresentáveis. – Nossa! Quanto interesse nessas festas.
– Ok! Vou pedir que ele nos encontre lá. – Ela só assentiu e saiu do meu quarto.
Liguei pro Alan e pedi que nos encontrasse no shopping, ele como sempre muito cavalheiro nem relutou apenas aceitou o convite, e disse que nos esperaria na praça de alimentação dentro de umas duas horas.
CHegamos ao shopping e Louise escolheu umas roupas que eu tinha certeza, eu nunca usaria aquilo, pareciam pedaços de pano, quase retalhos a meu ver. Quase quatro horas depois seguimos pra praça de alimentação à procura de Alan. Cheguei a pensar que ele já tivesse ido embora devido à demora, mas ele continuava lá.
Eu sabia que eles se dariam bem, mas acho que saiu bem melhor do que pensei.
– Louise... Esse é o Alan, meu amigo que te falei?!? – Ela o olhava admirada, realmente o Alan era bonito, e também aparentava estar bem impressionado.
– Alan... Essa é minha irmã que tanto falo... Louise. Se vocês me dão licença... Vou pedir um milk-shake, querem algo? – Louise só acenou a cabeça negando.
– Não, obrigado! – Foi tudo que Alan falou.
Fui fazer meu pedido e os observei de longe, eles estavam conversando e sorrindo muito. Eles combinavam, e eram da mesma idade, já que Alan perdeu os estudos durante um ano, devido os pais se mudarem tanto. Retornei a mesa pensando como poderia fazer pra deixá-los se conhecerem um pouco mais.
– Lia... O Alan estava nos chamando pra assistir um filme, o que você acha? – Aproveitei a chance.
– Acho ótimo, mas vocês terão que ir sozinhos, tenho que falar com a Janet, e ainda quero pegar meu carro hoje, lembra?
– Claro! O papai ficou de comprar hoje. É uma pena, teremos que ir. – Me espantei... Será que eu já não tinha deixado claro que era pra ela ficar.
– Não... Você fica. A Janet está aqui no shopping, acabei de esbarrar com ela, na hora que fui pedir meu milk-shake, - Tive que mentir, senão ela não ficaria. – vocês vão assistir ao filme, eu vou falar com a Janet.
– Mas quem vai te deixar em casa? – Tão preocupada minha irmã.
– Não se preocupe, a Janet está de carro. – Sorri e me despedi dos dois.
Sai do shopping super feliz por ter deixado os dois animados, a parte ruim era que teria de esperar um táxi. Tudo bem, eu aguento!
Cheguei em casa e fui tomar um banho, precisava relaxar. Andar com Louise pra fazer compras era algo bem estressante. Ela nunca se decidia, e quando decidia queria tudo. Nossa! Acho que compramos em todas as lojas do shopping! Terminei o banho e me deitei na intenção de relaxar minhas pernas, acabei adormecendo.
Ouvi meu nome bem longe, acho que estava sonhando... Escutei novamente, agora mais próximo, não... Realmente não é um sonho. Louise estava sentada na beirada da cama me chamando com um sorriso de orelha a orelha.
– Acorda dorminhoca! – Abri meus olhos e sorri.
– É impossível não acordar com você pulando desse jeito na cama. – Brinquei.
– Mas eu não estou pulando? – Falou ficando séria.
– Seu sorriso está quicando no rosto. Você irradia felicidade maninha.
– Estou feliz mesmo... Porque não me apresentou seu amigo antes?
– Até poderia, se você não estivesse na Universidade, desde o começo do ano.
– Ah! É verdade... Mas agora levanta e se arruma, já são sete e meia e ainda temos um ano novo pra comemorar e você... Um carro pra receber. – Meu sorriso voltou ao rosto instantaneamente.
– Sério! Ele já comprou?
– Está lá embaixo e é lindo! Quase esqueci... Eu convidei o Alan pro nosso jantar de ano novo.
– Ele aceitou? Vocês estão... Ficando? – Ela ficou envergonhada e assentiu.
– Ele é muito legal e super educado. A gente se deu muito bem e acabamos nos beijando... Foi tão bom.
– Estou feliz por você Louise! Agora vamos descer que eu quero ver meu carro.
Sai do quarto e desci as escadas correndo, levando uma bronca do meu pai.
– Pra quê tanta correria... O carro vai continuar onde está! – Ainda falou desdenhando.
– Estou ansiosa pra vê-lo.
Eu já havia sonhado várias vezes com meu carro, mas nunca pensei que meu pai acertaria exatamente o modelo que eu queria. Era um Citröen C3 Plus, na cor prata, era lindo. Eu babei só de olhar... Imagina quando eu entrasse. Meu pai me entregou a chave, e mandou-me dar uma volta pra ver se eu realmente gostava. Só sendo louco pra não gostar daquele carro.
Rodei por quase duas horas com meu carro, e voltei. Arrumei-me para o jantar de ano novo, como sempre iriam alguns amigos da família, e certamente depois da virada do ano, iríamos sair.
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Atualizado até capítulo 69
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