Já eram umas três e meia da manhã. Passamos uma hora ou mais conversando. Estávamos rindo e brincando quando Lucy e Louise se aproximaram nos chamando pra ir embora, até que Alan deu uma ideia maravilhosa. Eu tinha quase certeza que ele fez de propósito e pra me dar uma chance.
– Que tal irmos assistir o amanhecer lá no alto da montanha... Podemos levar uns colchonetes. – Ele olhou pra mim e piscou. Realmente ele já tinha pensado em tudo.
– Acho que vou pra casa mesmo... – Falei me sentindo um pouco excluída... Afinal só iam casais. – Não estou nem um pouco a fim de segurar vela.
– Eu também não vou. – Lucy se manifestou. – Tenho que dormir cedo, porque ainda não terminei de arrumar minha mala. – Ela olhou pra Tony... – Você pode me deixar em casa? – Ele colocou a mão no bolso e retirou uma chave, eu sabia que ele era namorado dela e tinha que ir deixá-la, mas eu queria que ele ficasse.
– Vamos fazer o seguinte, - Foi Alan que falou agora. – Já que a Lia também quer ir pra casa, ela pode te levar Lucy, assim o Tony poderia ir conosco.
Lucy pareceu um pouco irritada com a conversa, mas não prolongou mais o assunto, simplesmente assentiu e em seguida o Alan me puxou pra um canto.
– Posso falar um minuto com você. – Fomos até um local mais afastado.
– O que você está aprontando Alan? – Ele sorriu.
– Nada demais, só quero que vocês se conheçam melhor. Então, por favor, trata de deixar minha irmã em casa e nos encontra na praça da montanha. Certo?
– Eu não sei... Será que isso vai dar certo?
– Vai sim... Não aceito não como resposta, vai logo, você tem meia hora pra voltar. – E saímos andando até a entrada da boate onde Louise, Lucy e Tony nos esperavam.
– Vamos Lucy... – Chamei e vi Alan falando algo pra Tony. Já estavam amigos assim é? De repente Lucy atrapalhou os dois o abraçando, virei-me pra não presenciar o beijo de despedida, mas não teria sido preciso, pois ele só deu um simples beijo no rosto dela.
Falei rapidamente com Louise e segui em direção ao carro dando um tchauzinho a todos. Entrei no carro com Lucy e dessa vez pisei forte no acelerador, tudo que eu queria era chegar logo em nosso destino.
– Do que vocês tanto riam? – Perguntou Lucy.
– Vocês? Como assim? – Falei sem entender ao certo o que ela quis dizer.
– Você e o Tony.
– Estávamos olhando alguns rapazes dançando, eles eram tão duros... – comecei a rir lembrando da cena.
– Ah! Desculpe, é que eu gosto dele, e... Ele às vezes fica tão distante. – Me senti horrível por tentar conquistá-lo.
– Ele é seu namorado Lucy, não deveria ficar assim.
– Ele não me ama, eu sei disso, temos uma relação aberta, mas eu sei quando ele ta sentindo algo mais sério por alguém. – Fiquei surpresa com seu comentário. – E no momento eu posso te dizer com certeza... Ele está afim de alguém. O que é estranho!
– Porque é estranho? – Perguntei curiosa.
– Ele nunca gosta de ninguém, sempre é só curtição, por isso mesmo sei que dessa vez é diferente. Quando é curtição ele age normal comigo... Você viu... Ele nem sequer me beijou quando fui me despedir. – Será que realmente ele estava gostando de alguém?
– Vocês deveriam conversar sobre isso.
– Não... Se conversarmos vamos terminar a relação, e não é isso que eu quero. Posso não amá-lo de verdade, mas aprendi a gostar dele. É difícil de entender, eu sei.
– Tudo bem... Vou tentar entender. – Achei ótimo quando chegamos, pois a cada minuto me sentia mais traidora, por está apaixonando-me pelo namorado de Lucy, ela parecia ser uma boa pessoa e também gostar dele, mesmo não o amando de verdade. – Chegamos.
– Obrigada Lia! Até mais tarde, iremos no mesmo vôo.
– Oh sim! Até mais tarde e de nada.
Arranquei com o carro dobrando na esquina seguinte ainda relutando se deveria ir ou não pras montanhas. Parei em frente a minha casa e fiquei com o celular na mão decidindo se ligava pra dizer que não iria mais, ou se ia e tentava esquecer tudo que Lucy me falou.
Não demorou pra que meu celular começasse a tocar, era o número do Alan, então atendi sem rodeios.
– Alan, não enche... Eu não vou... Não posso fazer isso com Lucy.
– O que você não pode fazer com Lucy. – Epa! Essa voz não era do Alan. Não acredito que ele deu o telefone pro Tony me ligar.
– Tony?? - Perguntei ainda em dúvida.
– Eu mesmo... Afinal você vem ou não. Já estamos te esperando.
– Eu não posso...
– Porque não? – Porque ele tinha que tornar as coisas tão difíceis.
– É mais complicado do que parece.
– Eu entenderei se você explicar.
– Não podemos ficar juntos Tony.
– Tudo bem... Mas será que pelo menos podemos ser amigos.
– Podemos se você realmente estiver com essa intenção.
– Eu estou aqui não estou... Não estaria se não quisesse algo. Mas aceito ter somente sua amizade... Pelo menos por enquanto. – Alguns segundos se passaram, conosco ainda em silêncio. – E aí... Você vem ou não.
– Estou indo, não demoro ok!
– Ok!
Desliguei o telefone e dirigi sem pressa pras montanhas, eu ainda não tinha certeza se era realmente isso que eu queria. Ele tinha sido bem direto no telefone quando disse que podíamos ser amigos “por enquanto”, o que significava que ele ainda tentaria algo, mas o pior de tudo é saber que eu também queria, eu o desejava como nunca desejei ninguém, queria sua companhia, seus braços me envolvendo, sua boca me beijando e sussurrando ao meu ouvido. Nossa, eu acho que vou enlouquecer. Que se dane, é melhor deixar acontecer.
Acelerei e em menos de dez minutos estava nas montanhas. Desci do carro sem ver ninguém e fui até perto do abismo de onde podíamos ver toda a cidade e o céu clareando aos poucos. A paisagem era linda de lá. Me assustei quando ouvi passos se aproximando na areia e me virei pra ver quem era. Fui surpreendida por um abraço maravilhoso.
– Você realmente veio! Tive medo que não quisesse mais me ver. – Estava adorando a sensação de tê-lo ali tão perto.
– Eu disse que vinha. – Ele se distanciou e um vazio repentino me atingiu.
Ficamos nos olhando por alguns minutos até que Alan e Louise se aproximaram, quebrando nosso contato físico. Era incrível o modo como não precisávamos falar, nosso olhar transmitia todos nossos pensamentos, sentimentos e desejos, que no momento parecia ser palpável.
– Pensei que você não fosse mais voltar – Falou Louise.
– Eu quase que ficava em casa, mas achei que seria bom vir mais uma vez aqui antes de ir pra universidade. Afinal essa é nossa última noite na cidade certo?
– Certo. – Falou Alan.
– Será que posso falar um pouco com você Lia? – O que Louise queria agora?
– Claro!
Ela me chamou e nos distanciamos dos meninos, e quando chegamos a uma distância em que eles não nos ouviriam ela começou a falar.
– Lia... Quero que você me responda uma coisa, mas quero que seja sincera comigo. Ok!
– Claro Louise, pode perguntar. – O que ela queria saber hein?!?
– Você está se apaixonando pelo Tony? – Eu sabia que ela tinha notado.
– Não vou negar... Estou sentindo algo novo, nunca me senti assim... – Ela me olhou. – Acho que estou sim.
– E você já pensou em Lucy... Em como ela ficaria?
– Já... Mas a relação deles não é tão séria, ela mesma me disse isso.
– Mas ela gosta dele.
– Mas não o ama. – Me surpreendi com minha resposta rápida.
– Realmente ela não o ama, mas também não vai lhe entregar ele de mão beijada. Tenha cuidado, não quero perder uma amiga e muito menos te ver magoada.
– Terei cuidado e também calma. Serei paciente, no momento só quero a amizade dele.
– Resta saber se ele só vai querer sua amizade.
– Porque você fala isso?
– É notório os olhares de vocês. Ele também está envolvido, mas não apaixonado, não seja fácil Lia, ou irá perdê-lo em dois tempos.
– Entendi... Serei o mais difícil possível. – Ela sorriu.
– Basta ser na medida.
– Ok! – Nos abraçamos e seguimos de volta pro abismo.
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Atualizado até capítulo 69
Comments
Fatima Vieira
eita q encrenca
2024-04-06
1
lord ivan
Essa autora sabe como prender nossa atenção, parabéns! 🎉
2024-03-31
1