Débora...
Vou em direção a casa simples de um casal que conheci logo que cheguei em Istambul. Senhor Mustafá e sua esposa Asya. Os dois tem uma história muito linda de amor, mas ao mesmo tempo muito triste. Desde que os conheci, me apeguei muito a eles, é como se os conhecesse e sinto que foi do mesmo jeito com eles.
Todos os dias, venho visitá-los e passamos horas conversando.
Senhora Asya, está sentada no banco de sua varanda fazendo seu crochê.
Assim que me vê, ela sorri assim como eu.
Corro em direção a ela e a abraço fortemente.
— Bom dia, minha filha! Como está?
— Bem na medida do possível e a senhora?
— Muito bem!
Sento-me com ela por alguns minutos e ficamos conversando.
— Vou nas pedras desenhar um pouco! — digo me levantando.
— Tome cuidado, aquele lugar é muito perigoso!
— Pode deixar!
O lugar é bem alto e escorregadio, por isso ela se preocupa.
Quando estou triste, é para onde eu vou, para pensar.
Sento-me na pedra mais alta, olho para baixo e vejo a extensão ilimitavel daquele imenso mar e as casas que ficam tão pequeninas, que parecem ser uma maquete devido a altura.
Pego as minhas coisas na mochila e começo a desenhar. Mesmo com aquela linda paisagem, só me vem a imagem da minha irmã, faço um desenho com a última imagem dela na mente.
Lembranças on...
Um mês atrás...
Alessandra foi convidada para uma festa por uns caras mais velhos, passou o dia todo no meu pé para levá-la. Minha irmã é apaixonada por um deles, desde que o viu pela primeira vez num jantar em casa. Acredita que essa pode ser a sua chance de se aproximar dele.
Eu por minha vez, não estou a fim de ir, mas de tanto que insistiu, acabei aceitando.
Nos arrumamos e seguimos em meu carro para o endereço.
A casa dele estava lotada, música alta, bebida e drogas. Falei para irmos embora, mas não quis, até que o Omer, dono da festa se aproxima, nos serve com bebida e fica conversando conosco. Começo a notar que ele não dá a atenção que Alessandra deseja, então os deixo a sós e saio de toda aquela bagunça, indo para o jardim da casa.
Eu gosto de sair para dançar e me divertir, mas não me sinto bem no meio dessas pessoas.
Distraída levo um susto, quando Omer se aproxima, entre uma conversa e outra, sou surpreendida com ele me beijando. Fico paralisada, de olhos abertos e as mãos levantadas. O empurro o assustando.
— Ficou maluco?
— Desde que te conheci, não te tiro dos meus pensamentos...
— Déby! — diz Alessandra com os olhos marejados.
Meu coração erra as batidas.
— Aly...
Ela saí correndo e vou atrás.
A alcanço quando já estamos próximas do carro.
— Eu juro que não correspondi, mana! Fui pega de surpresa, eu juro!
— Sou uma idiota mesmo, uma estúpida! Até parece que ele olharia para uma garotinha como eu!
— Não deixe que esse idiota te faça sentir inferior! É uma menina linda e... — digo tentando me aproximar.
— Me deixa, Aly...
Ela entra no carro e eu faço o mesmo.
Tento não chorar e focar na pista.
No caminho de volta, noto pelo retrovisor que tem um carro nos seguindo. Ficamos apavoradas, piso fundo no acelerador, mas um outro carro surge num cruzamento e faz eu bater o carro em sua traseira. Por sorte não nos machucamos, descemos do carro e corremos o mais rápido que conseguimos, mas foi inútil o carro deles nos alcançou.
Nos pegam apontando uma arma para a nossa cabeça, um deles coloca um pano em meu nariz e perco a consciência, com a minha irmã desesperada gritando e eles a levando.
Acordei num hospital, com a notícia de que haviam sequestrado Alessandra e fui socorrida por Omer.
Desde então não tivemos mais notícias da minha pequena.
Não pude fazer nada, eu tentei, mas não consegui...
Fui fraca...
Não compreendo, o motivo de terem levado ela e não eu!
Lembranças off...
Choro compulsivamente, lembrando daquele dia. Meu coração está angustiado por não ter notícias da minha pequena, por não ter conseguido ajudá-la, por ter a levado naquela festa idiota e por saber que estava chateada comigo.
Alessandra, sempre foi a minha melhor amiga, me defendeu de Ernesto e sempre estivemos uma ao lado da outra, agora me sinto sozinha.
O sol estava bem forte, então decido ir embora.
Passo pela casa de Asya e insiste para eu almoçar com eles, então aceito.
Os dois percebem que chorei, que estou triste, então contam as travessuras de sua filha quando era criança, arrancando vários sorrisos de mim.
Após o almoço, volto para a casa. Por mim eu nem voltaria, às vezes, tenho vontade de sumir desse lugar.
Subo para o meu quarto e ouço minha mãe e padrasto discutindo no quarto deles. A porta estava entre aberta, me aproximo e ouço o que dizem.
— Estamos falando da minha filha! — diz mamãe.
— Eu te ajudei a criar elas e não aquele homem! Ele nunca quis saber delas! — diz ele.
— Sabe que isso é mentira! Eu abandonei o Cícero para ficar com você, porque sempre te amei! Ele sempre amou as filhas, e só manteve o nosso casamento por causa delas!
Fico estática.
— Ernesto, ele é o único que pode encontrá-la! Sabe muito bem que toda vez que nos mudamos, não demora para que nos encontre e é por esse motivo, que estamos sempre de mudança! Cícero fará de tudo para encontrar Alessandra...
Irado, meu padrasto desfere um tapa no rosto dela a fazendo cair no chão.
— Não vai pedir ajuda a esse homem! Não o quero perto de nós!
Ele vem em direção a porta e eu corro para o meu quarto.
Não consigo acreditar que nossa mãe mentiu para nós.
...O que mais ela esconde de nós?...
Ando de um lado para outro pensando nas palavras da minha mãe.
Se o meu pai nos ama, porque não nos deixou ficar com ele? Por que nos trouxe para viver um inferno junto dela?
Passo um tempo em meu quarto pensando, então decido que vou confronta-la, quero saber toda a verdade.
Vou até o seu quarto e não está, a procuro por toda a casa e a governanta diz que ela saiu.
Me sento na banqueta do balcão, enquanto a cozinheira prepara o almoço, ela me serve um copo de suco.
Noto uma caixa no balcão.
— O que é isso? — pergunto.
— São cartas, que a arrumadeira encontrou no sotão, quando estava limpando! Ela vai jogar fora, devem ser dos antigos donos!
— Posso ver?
— Sim senhorita!
Pego a caixa e subo para o meu quarto, coloco a caixa num canto do quarto e vou tomar um banho.
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Atualizado até capítulo 92
Comments
Josigg Gomes Galdino
Omer com certeza tem culpa, deve estar envolvido em tráfico de pessoas
2025-03-30
1
Josigg Gomes Galdino
Será que ela foi ligar para Cícero, para pedir ajuda
2025-03-30
1
Claudina Damasceno
Aí o sentimento de culpa é o pior que tem em uma pessoa, já estou pensando em desistir
2025-01-16
0