À medida que toda a sociedade se preparava para o grande evento, todas as damas da corte estavam ansiosas para estrear seus luxuosos vestidos e assim poder captar a atenção de algum abastado Lord. Sarah não era exceção, ela esperava deixar o príncipe impactado com o belo vestido que sua costureira havia feito e justamente hoje, estava terminando alguns ajustes. Quando Dayana chegou ao ducado para suas aulas, foi guiada ao salão onde Sarah junto com a duquesa se encontravam. Ao ver quão bela estava sua amiga, sorriu e aplaudindo disse:
— Acho que minha amiga quer matar o seu noivo — Tanto a duquesa como a costureira olharam para Dayana sem entender suas palavras, mas logo sorriram quando ela adicionou. — Me desculpe... mas a princesa está belíssima com esse vestido, o príncipe ficará impactado quando a vir, não acho que seu coração resistirá.
Sarah por sua vez corou e com um sorriso um tanto nervoso disse:
— Senhorita Dayana, mas que coisas diz...
— Sua amiga tem razão, alteza. Você está radiante.
Sarah virou-se para ver sua mãe que também a observava com orgulho, visto que sua princesa havia crescido e assim que a costureira terminou de ajustar alguns setores, olhou para Dayana e perguntou:
— Senhorita Lauren e você, já tem o vestido para a celebração do aniversário do príncipe?
Dayana assentiu e com um sorriso coquete adicionou:
— Não é tão belo quanto esse, mas estou segura de que meu pai estará atento para que ninguém se aproxime de mim durante toda a noite.
As damas riam por conta da eloquência de Dayana, a jovem apesar de ser apenas uma menina de dezesseis anos, tinha uma maturidade mental superior às demais e se comportava como toda uma mulher respeitável e séria diante de desconhecidos, mas a duquesa havia notado que com sua filha ela não ocultava sua verdadeira personalidade. Sorriu por suas palavras e tentando criar um laço maior para o futuro disse:
— E já tem par para a dança?
Dayana — Era necessário levar alguém?
A duquesa sorriu e balançando sua cabeça adicionou:
— Não, mas ao ver que passou algum tempo com meu filho, pensei que vocês poderiam ir juntos...
— Ele não me convidou, mas ainda assim talvez por sua segurança teria recusado sua proposta — a duquesa olhou-a surpresa com sua resposta e esta adicionou — Tenho dois pés esquerdos. É muito provável que depois da primeira dança o jovem duque ficaria incapacitado para voltar a caminhar...
A gargalhada da duquesa fez com que tanto Sarah quanto a costureira se virassem em sua direção e esta tentando se acalmar adicionou:
— Me desculpe, é só que lembrei da minha primeira dança com seu pai e... bem, não só derramei minha bebida em seu traje, mas quando ambos dançamos juntos, seu pai quase chora de dor. — Sarah sorriu porque sua mãe sempre havia sido um pouco desastrada e a duquesa adicionou — se não fosse por meu charme, estou segura de que ele teria fugido de mim.
Dayana sorria pelas coisas que a duquesa contava, até que o duque ao ver que suas alunas estavam demorando em ir ao campo, foi em busca delas, ao ver que sua esposa as havia entretido a ambas, aproximou-se delas e disse:
— Bom dia, senhoras... Senhoritas porque ainda não foram ao nosso... — Ao ver que sua esposa o olhava mal como indicando que não estavam sozinhos, percebeu de sua indireta e adicionou — compromisso...? hum... tenho esperado vocês um bom tempo já.
— Bom dia, querido, estamos terminando com alguns assuntos aqui e já as libero a ambas.
— Muito bem, querida, mas contem-me, do que tanto falavam?
— Estava contando às meninas sobre nossa primeira dança juntos...
O duque se sacudiu um pouco como se um calafrio percorresse sua espinha e adicionou:
— Nem me fale... essa noite tive que chamar um médico para atender minhas feridas. Seus saltos conseguiram machucar meus dedos e nem contar o cotovelaço que você conseguiu acertar em meu olho esquerdo...
— Ha, ha, ha... — Dayana começou a rir pelo que o duque dizia e adicionou. — Vejo que essa noite conseguiu conquistá-lo. Você sobreviveu e por isso ficou encantado.
Tanto os duques quanto Sarah começaram a rir pelas ocasiões de Dayana e quem estava mais impactada por tudo isso era a costureira, ela trabalhava há anos com a família Milton e nunca havia visto que os duques rissem tanto, muito menos a princesa que sempre se havia mostrado fria e distante. Depois observou atentamente a Dayana e ao ver que ela esquecia a etiqueta correta com os duques e que bem os tratava com respeito se atrevia a fazer piadas de ambos, surpreendeu-se visto que a família Milton era conhecida por todo o império por ser algo antipáticos. Sem demorar mais seu tempo ali pegou todas suas coisas e indicando à duquesa que pela tarde teria o vestido, partiu para seu ateliê. Tinha uma boa fofoca para contar às suas colegas e já não podia esperar.
Quando a costureira partiu, Sarah foi em busca de seu uniforme e trocando de roupa dirigiu-se ao campo de batalha junto com sua amiga para começar com seu treinamento, seu pai não as deixava faltar um dia e na hora de treinar ele se tornava um estranho para ambas, visto que se colocava sério para que nenhuma esquecesse que essas aulas deveriam ser levadas com seriedade.
***
Na tarde o barão Lauren encontrava-se junto com suas filhas tomando chá na grande sala de sua nova casa. Haviam decidido comprar uma propriedade não muito longe do ducado, para que sua jovem filha pudesse ir e voltar segura de suas aulas de treinamento. Surpreendia-lhe o avanço que o duque lhe reportava dia após dia, e embora estivesse algo ciumento de ter que compartilhar seu tempo com ele, sabia que isso era o que sua filha queria e que se opusesse sua filha acabaria por afastá-lo. Emília, assim como ele, encontrava-se ciumenta, visto que antes só eram elas duas, e agora deveria compartilhar sua irmã com a senhorita Sarah e embora isso não lhe agradasse de todo, sentia vergonha de dizer à sua irmã como se sentia.
Dayana ao ver que o lanche estava sendo algo silencioso disse:
— Pai, como está indo nos negócios?
— Muito bem, filha, consegui fechar alguns contratos mais nesses dias e acho que nesta semana fecharei outro com o restaurante do marquês William.
— Fico feliz que seus negócios estejam indo bem aqui. — ao ver que o silêncio voltava a reinar, olhou para sua irmã e perguntou — E você, irmã, como vão suas aulas de piano?
— Bem.
Dayana olhou para a menina esperando mais e ao ver que ambos estavam aparentemente zangados perguntou:
— Acontece algo? Por que me tratam assim?
O barão olhou para sua filha e após um suspiro disse:
— Me desculpe, querida, é só que nessas últimas semanas você tem se mantido tão distante de nós que... isso nos dói. Sei que está treinando para seu futuro, mas ultimamente passa muito tempo com aquela família e quando está aqui só fala deles...
Emília aproveitando isso também disse:
— Irmã, é que você já não nos ama?
Lucia surpreendeu-se por isso e aproximando-se da menina a tomou em braços e sentando-se novamente com ela em seu colo disse:
— Claro que não é assim. Eu sim os amo, lamento se os fiz se sentir assim. — e não era mentira, Lucia no tempo que estava ali, havia aprendido a querer aquelas pessoas como se verdadeiramente fossem sua verdadeira família. Não sabia que suas ações fizeram com que eles se sentissem dessa forma, mas tentaria mudar suas atitudes para não prejudicá-los. — Sabem que, têm razão me desculpo por tudo, que tal se hoje sairmos para jantar só nós três juntos?
O barão sorriu e aproximando-se de suas filhas as abraçou também e adicionou:
— O que minhas princesas quiserem.
Ambas sorriram e após essa pequena conversa, Emília começou a contar que sua professora de piano lhe havia dito que aprendia muito rápido. Assim como sua professora de etiqueta...
A tarde se passou entre risadas e conversa até que na noite todos saíram em carruagem ao restaurante mais famoso da capital. Ao chegarem foram atendidos imediatamente algo que tanto ao barão como a suas filhas chamou a atenção, mas não deram muita importância. Assim que se sentaram em sua mesa o responsável pelo restaurante em pessoa os atendeu e uma vez que fizeram seus pedidos, Dayana olhou para seu pai e disse:
— Não entendo por que todo mundo nos olha assim...
—Não dê importância, filha — O barão sabia o motivo, ele havia ouvido alguns rumores aquela tarde sobre a grande amizade que ela tinha com a futura princesa herdeira e que também se dizia que a senhorita Lauren era muito próxima dos duques Milton. Por anos muitos nobres tentaram ganhar o favor dos duques e ninguém conseguiu se aproximar deles, exceto os irmãos Ferreira, que eram outra das famílias que muito poucos nobres se atreviam a ofender.
Logo uma infinidade de cavalheiros começou a passar perto de sua mesa para cumprimentar o barão e suas filhas, até que um deles parou para falar mais detalhadamente.
— Boa noite, barão Lauren, senhoritas...
O barão, ao reconhecer o homem, levantou-se de sua cadeira e, inclinando a cabeça, disse:
— Boa noite, Lorde Vermont.
Dayana, ao ouvir o sobrenome, olhou para o homem e, ao ver que ele a olhava com certa hostilidade, não teve uma boa impressão. Logo uma jovem se aproximou dele e disse:
— Pai, nossa mesa está pronta. — A senhorita olhou para Dayana e, ao reconhecer que era a mesma senhorita que a havia insultado diante do príncipe, disse: — Você...
Dayana, ao ver a expressão de raiva da senhorita, sorriu e, levantando-se também de seu assento, disse:
— Como tem passado senhorita Vermont? — Dayana se mostrou respeitosa, visto que muitos nobres olhavam em sua direção, e, inclinando-se, levantou seu olhar e, com uma clara expressão de zombaria, disse: — ouvi dizer que tem estado um pouco mal de saúde, por isso não pôde ir a nenhuma festa de chá.
O duque Vermont, depois de ter sido convocado pelo imperador pelo incidente na loja que sua filha tinha tido com o príncipe e a princesa herdeira, não permitiu que sua filha fosse a mais nenhum evento, tinha arruinado seu nome em apenas algumas horas e como castigo proibiu a jovem de sair até que ele o permitisse novamente.
Ao ouvir o claro tom de zombaria de Dayana, a senhorita Vermont deu um passo à frente e, com clara irritação, disse:
— Atreve-se a zombar de mim...
— Não entendo a que se refere senhorita, só quis saber se sua condição melhorou. Lamento se minha pergunta a ofendeu...
— Você foi a causadora do mal-entendido que houve na loja naquele dia, pai ela é quem insultou a nossa família...
O duque olhou para a jovem e, ao ver como ela tentava se esconder timidamente atrás de seu pai, ouviu o barão dizer:
— Não sei de que assunto sua filha está falando Lord, mas estou seguro de que se as ofendeu não foi consciente. Você sabe que chegamos há pouco na capital e ainda estamos nos acostumando à alta sociedade e seus cortesãos.
O duque, vendo como todos estavam olhando em sua direção, olhou mal para sua filha novamente e acrescentou:
— Não se preocupe barão, este assunto é algo que devo conversar novamente com minha filha. Só queria lembrá-lo de nosso encontro amanhã e passar para cumprimentar, aproveitem o jantar.
Sem mais, o duque pegou o braço de sua filha e, caminhando junto com ela apressadamente para sair dali, acrescentou:
— Você e eu teremos que conversar novamente...
Sem mais, ambos se retiraram do local e o barão, voltando-se para sua filha, perguntou:
— Essa foi a senhorita sobre a qual você me falou?
— Sim, mas fique tranquilo pai. Eu cuidarei disso mais tarde. Agora, que tal continuarmos com nosso jantar?
O barão balançou a cabeça e, com um sorriso, apenas concordou; ele sabia que sua filha pequena tinha capacidade de se defender sozinha, mas ainda assim estaria atento a tudo o que acontecesse. Sem mais darem importância, ambos voltaram à mesa e continuaram com seu jantar familiar entre anedotas e risos...
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Atualizado até capítulo 50
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