LUCAS
Não tenho muito o que falar sobre mim, cresci aqui no morro e fui treinado e criado para comandar tudo isso que tem à minha frente.
Às vezes é meio cansativo essa vida, e no começo tentei fugir das minhas responsabilidades.
Mas o meu pai, Henrique, era uma pessoa muito rude e carrasca, então sempre que eu me afastava, eu era castigado, e em questão da minha mãe, Hosana, ela não era como muitas mães, que acolhia e que ficavam em casa e queriam ser presentes.
Ela era da vida louca mesmo, sempre batia de frente, e quando o meu pai não estava, era ela que dava a última palavra e o meu pai não tirava o que ela falava.
Todo final de semana tinha baile e lá estavam eles, o casal perfeito, ela sempre me dava um beijo e mandava eu ir dormir cedo.
Só voltava às vezes de manhã, e presenciei muita coisa quando era criança, às vezes eu ficava pensando que o comportamento da minha mãe foi pelo motivo dela ter perdido o meu irmão.
Eu sou o filho mais novo, tenho a minha irmã Isabela sendo a primogênita, e meu irmão Carlos sendo o do meio.
O certo seria minha irmã assumir, mas e o primeiro filho homem que nascer, e meu irmão ficou na sucessão.
O meu irmão mais velho, que no caso seria a sucessão, era muito cheio de confiança, batia de frente. Não deixava ninguém falar nada com ele, nem mesmo os meus pais falavam nada.
Em um belo dia, nós acordamos cedo e eu me arrumei para ir para o colégio, e ele, em vez de ir para o colégio, quis sair e ficou lá no morro.
Vou para a aula sem esperar pela boa vontade dele, e quando acaba a hora do descanso, estou voltando para a sala de aula, escuto os tiros e os fogos. Aqui no morro, os fogos significam invasão de outras comunidades, porque a polícia não sobe, então não tem como se confundir com quem está subindo.
Desço na secretaria e peço para sair e então.
O meu pai veio me buscar, fiquei confuso porque o meu pai nunca veio me pegar.
— O que aconteceu? Aconteceu algo com a mãe? Cadê ela? — Perguntei com o rosto assustado.
— Quando chegarmos, iremos conversar — Ele fala, mais com o rosto fechado, mais nítido de tristeza.
Quando chegamos, estava tudo muito calmo, e em casa não é tão calmo assim. A minha mãe chega chorando e ver ela daquele estado me deixou triste.
— O que aconteceu, mãe? — Com o olhar confuso, pergunto.
— Filho, aconteceu uma coisa com o seu irmão, ele estava lá em cima com uma garota, aí começaram a invadir o morro, só que ele estava sem poder se defender e atiraram nele e na garota e nós levamos eles no pronto-socorro, mas não teve jeito — falou chorosa.
Então, desde esse dia do incidente, me tornei o sucessor.
Minha irmã teve um casamento arranjado e desde então não tivemos mais contato, já que éramos como estranhos dentro de casa.
Na época, logo em seguida, fui mandado para uma colônia, onde ficam as filhas mais bonitas dos devedores, e quando uma filha é escolhida, a sua dívida fica quitada.
Chegando lá, eu já me bato com um monte de mulher lá, e umas começam a querer se jogar, mas eu não dou bola.
Então faço de tudo para ficar em um canto reservado, ainda estou um pouco abalado pelo que aconteceu com o meu irmão, mesmo sendo que nós não éramos muito próximos.
Eu iria ficar no seu lugar.
Então eu vejo uma menina, não sei o nome dela, mas ela é muito bonita e ela não parece ser como as outras.
Então, vou até ela.
— Como é o seu nome? — Pergunto a ela.
Então ela vira de uma vez com o rosto, assustada.
— Que susto! — Ela coloca a mão no peito e diz — O meu nome é Hosana, e o seu?
— Meu nome é Lucas — digo com um sorriso.
E o mais improvável aconteceu: ela tinha o mesmo nome da minha mãe.
E desde que bati o olho nela, já sabia que eu queria ela ao meu lado. Com duas semanas, eu voltei para casa e já voltei com ela ao meu lado. Desde então, tentei ser presente em sua vida, mas o morro era cheio de preocupação e não tinha muito tempo para ela.
Quando ela engravidou do Leonardo, eu fiquei bastante feliz, mas perdi os meus pais em uma viagem que eles fizeram e fiquei bastante tempo afastado dela, no que resultou o meu filho nascendo e eu perdendo ela.
Daqui a alguns dias, meu filho irá assumir tudo isso, e eu preciso que ele acorde para a realidade, pois não é fácil lidar com o morro.
Então eu acordo cedo, vou até a porta e olho o quanto o morro está lindo com o nascer do sol, vou para o banheiro, faço minha higiene, visto minha roupa e desço, vejo que só tem a Cecília na cozinha.
— Bom dia, Cecília, que horas o bonito chegou do baile? — Pergunto, indo em direção a ela.
— Chegou de manhã com uma menina, mas eu não deixei ela subir e ela foi embora.
— Ok! Eu não vou comer, eu vou para o morro resolver algumas coisas — Saio da cozinha e pego as chaves do carro, vou para o carro e saio em direção ao escritório.
Chegando lá, está tudo desorganizado, já fico logo sabendo que algumas mercadorias não estão no canto.
Vejo que o escritório não está do jeito que eu deixei, preferi ir para casa, e assim que chego em casa, Tom me conta o que aconteceu e depois fiquei no cantinho. Quando eu vejo meu filho saindo, pego ele no ombro e chamo para ir praticar algumas coisas, tirar toda essa raiva que estava dentro de mim.
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Atualizado até capítulo 67
Comments
roseli rosa martins floriano
que lindo, agora ele vai se interessar pela menina porque tem o nome da mãe dele?
2025-01-06
2
roseli rosa martins floriano
sempre tem um mas, mas ......
2025-01-06
3
roseli rosa martins floriano
em uma família dessa não tem como não presenciar nada
2025-01-06
2