Cap 08: O testamento.

Após alguns dias de expectativa, finalmente chegou o dia marcado para a leitura do testamento de Benjamin Bennett. A sala onde o evento ocorreria estava silenciosa, com uma tensão no ar. Sentados ao redor de uma mesa de carvalho maciço, estavam Henry e Emma, ao lado deles, Alexander e Ava aguardavam a leitura do testamento e divisão do espólio. 

Após todos estarem sentados, o advogado, Marcelo Cavalcanti, falou.

MARCELO: Ainda falta uma pessoa.

De repente uma mulher entrou, pedindo desculpas pelo atraso. Emma se levantou, visivelmente surpresa.

EMMA: O que essa mulher faz aqui?

Marcelo, o advogado, interveio, revelando que ela também era uma beneficiária do testamento. 

Henry em choque a observou dos dos pés à cabeça, e não conseguia falar nada.

Alexander, por sua vez, levantou-se imediatamente e caminhou em direção à mulher, abraçando-a calorosamente. Ele perguntou por que ela não havia avisado que estava chegando, demonstrando claramente sua alegria em vê-la.

ESTELA: Eu ia avisar filho, mas o meu voo atrasou muito por causa de uma tempestade e fiquei sem comunicação. Eu acabei de desembarcar e já vim direto para cá.

Depois de cumprimentar os demais presentes, Estela sentou-se ao lado de seu filho, Alexander. Os olhares curiosos pairavam sobre ela, enquanto o advogado se preparava para continuar a leitura do testamento.

Marcelo Cavalcanti retomou sua posição ao lado da mesa e abriu a pasta de couro, onde o testamento estava guardado, contendo o documento e tomou um momento para ajustar seus óculos antes de começar. Todos os olhares estavam fixos nele, esperando ansiosamente pelas palavras que revelariam a vontade de Benjamin Bennett.

TESTAMENTO

Eu, Benjamin Bennett, brasileiro, viúvo, empresário, portador do RG nº 1.234 567 e do CPF nº 123.456 789 - 12, residente e domiciliado na cidade de Bela Vista, Estado de São Paulo, neste ato, no pleno exercício de minhas faculdades mentais e na presença das testemunhas abaixo assinadas, declaro este documento como sendo meu testamento válido e última vontade.

Declaro que todos os meus bens, direitos e propriedades constituem meu patrimônio pessoal, adquiridos ao longo de minha vida como magnata da indústria farmacêutica.

Nomeio meu filho, Henry Bennett, como meu herdeiro universal, atribuindo-lhe os meus bens, direitos e propriedades, sejam eles móveis ou imóveis, registrados em meu nome ou de minha propriedade, localizados em qualquer parte do mundo.

Estabeleço que, no caso do falecimento de meu filho, Henry Bennett, antes de mim, todos os bens, direitos e propriedades mencionados no item 2 deste testamento serão transferidos ao meu neto, Alexander Bennett, filho de Henry Bennett.

Para minha amada Estela Foster, deixo minha casa de campo em Green Valley e uma parte dos meus investimentos. E as jóias que pertenceram à minha falecida esposa.

Nomeio o advogado Marcelo Cavalcanti, devidamente registrado na Ordem dos Advogados do Brasil, como executor deste testamento, conferindo-lhe os poderes necessários para administrar e distribuir adequadamente meus bens de acordo com as disposições aqui estabelecidas. 

Deixo expressamente revogadas quaisquer disposições testamentárias anteriores por mim feitas.

  Bela Vista, 12 de março de 2024.

Após a leitura do testamento, Estela ficou momentaneamente sem palavras, seus olhos se encheram de lágrimas. Ela não esperava ser mencionada no testamento de Benjamin, mas agora percebia o quanto ele valorizava sua presença em sua vida.

Os demais presentes na sala olharam para Estela com diferentes expressões: curiosidade, surpresa e até mesmo uma ponta de ciúme. Emma mal conseguia esconder sua frustração, ela estava ansiosa para colocar as mãos nas jóias da falecida sogra.

Henry ainda mantinha um olhar interrogativo em Estela, ele não prestou muita atenção na leitura do testamento, e isso não passou despercebido por Emma, e só fez sua raiva aumentar.

Enquanto isso, Alexander sentia uma mistura de felicidade pela presença da mãe que não via a muito tempo e curiosidade, pois a caixa não havia sido mencionada ainda.

Alexander e Henry perguntaram ao advogado curiosos para saber mais sobre as instruções deixadas por Benjamin em relação a caixa misteriosa. Alexander foi o primeiro a falar, com um tom de expectativa em sua voz.

ALEXANDER: Sr. Cavalcanti, eu gostaria de saber o que meu avô instruiu sobre a caixa. Ele mencionou algo específico sobre o seu destino?

Henry, ao lado de Alexander, também demonstrava interesse e curiosidade.

HENRY: Sim, estou curioso também. Meu pai costumava mencionar essa caixa, mas nunca nos disse o que havia dentro ou qual era o seu propósito. Gostaríamos de saber o que ele desejava que fizéssemos com ela.

O advogado observou os dois antes de responder, como se estivesse cuidadosamente escolhendo suas palavras.

MARCELO: Benjamin deixou instruções claras sobre a caixa. Ele a colocou sob os cuidados de Alexander, seu neto, e deixou um pedido explícito para que ela nunca fosse aberta, sob nenhuma circunstância.

Alexander e Henry trocaram olhares confusos, surpresos com a revelação. Eles sempre imaginaram que Benjamin desejaria que a caixa fosse aberta e seu conteúdo revelado.

ALEXANDER: Mas por que ele não gostaria que a caixa fosse aberta? Achei que ele queria compartilhar conosco o conteúdo dela.

Henry assentiu, demonstrando concordância com as palavras de Alexander.

Henry: É verdade. Sempre pensamos que a caixa guardava algum segredo ou mensagem especial. Por que ele mudaria de ideia na última hora?

O advogado suspirou, como se estivesse relembrando uma conversa com Benjamin que agora se tornava relevante.

MARCELO: A princípio, Benjamin desejava que a caixa fosse aberta e seu conteúdo conhecido por vocês. No entanto, ele mudou de ideia no último momento. Infelizmente, não tive a oportunidade de discutir os motivos dessa decisão com ele.

Alexander e Henry trocaram olhares tentando compreender as razões por trás dessa mudança repentina de vontade.

ALEXANDER: É difícil entender por que ele faria isso. Parece contraditório com o que conhecíamos dele. Será que ele queria proteger algum segredo?

HENRY: Talvez haja algo dentro da caixa que ele achou melhor não revelar. Mas por quê? 

MARCELO: Infelizmente, não posso oferecer mais informações além do que foi declarado no testamento. A vontade de Benjamin era clara: a caixa permanece fechada. 

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