04

Aquelas poucas palavras do Rafael penetraram o corpo de Sara como facas afiadas dilacerando a sua pele, fazendo cortes de vários ângulos, em diversos tamanhos e profundidade, Sara se segurou na porta porque sentia as suas pernas perderem as forças, o seu coração doía, mas ela estava cansada daquilo, então ela apenas balançou a cabeça positivamente concordando com aquele pedido um tanto radical e logo saiu sem olhar para trás.

Era difícil partir quando o desejo de ficar é muito grande, Sara caminhou lentamente por um caminho feito de pedras, no fim dele, bem perto do portão principal, Sara viu um carro preto, cujo os vidros escuros a impediam de ver quem estava ali dentro.

Durante a curta caminhada até o carro, Sara parou diversas vezes, ela precisava se despedir de todos, os seguranças, o jardineiro, o motorista e por mais estranho que fosse, Sara até deixou recado para a moça que faz entrega de leite, aquilo foi estranho.

Sara nunca saiu de Paris e talvez aquilo a deixou muito nervosa, ela caminhava bem devagar.

Sara só aumentou a velocidade de seus passos depois que o motorista do veículo começou a buzinar descontroladamente e nesse momento Sara sentiu vontade de chorar, certamente imaginando que naquele carro deveria ter um ogro, arrogante e impaciente.

Sem mais delongas, Sara se aproximou do veículo, fez um sinal da cruz na testa e entrou em seguida, mas ela entrou de olhos fechados no veículo, certamente porque estava com muito medo.

—Ter uma boa saúde mental é um requisito importante para trabalhar com a gente, acho que fui enganado —o homem falou de repente quase fazendo Sara ter um troço de aflição, isso porque ao abrir os olhos, Sara viu o um homem assustador, moreno, robusto, cheio de tatuagens e com um olhar complicado, mas a voz era bem serena e culta, aquilo deixou Sara em pânico e ela teve vontade de fugir, mas o homem travou as portas do veículo e logo acenou para o motorista e daí ele deu partida no carro.

—Moço, o meu pai cometeu um grande erro, me confundiu com um objeto me vendendo para você, somos adultos e sabemos que isso está errado, é um crime, então me deixe ir embora, nunca mais cruzo o seu caminho—disse Sara enquanto pedia a Deus mentalmente que a protegesse, oh negócio assustador.

As palavras de Sara foram comparadas a uma grande piada, tanto o motorista, como o homem que estava com Sara no banco de trás sorriram muito, ela se sentiu humilhada, mas disfarçou e pôs-se a olhar pela janela do carro, certamente querendo saber para onde eles estão indo.

Como Sara se calou de repente, o homem entendeu que ela já estava disposta a dialogar, então ele sorriu e disse:

—Meu nome é Alfredo, sou um advogado, hoje trabalho somente para a família Albuquerque, a minha missão é encontrar uma esposa qualificada para o senhor Anthony—Falou Alfredo e logo estendeu a mão na direção de Sara, ela se esquivou e disse:

—Sou Sara, devido às circunstâncias eu preciso dizer que é um desprazer te conhecer, quanto a sua função é bastante bizarro, mas o que eu tenho a ver com isso?—respondeu Sara e logo se ajeitou no banco, colocou a bolsa em seu colo, talvez estivesse com medo daquele homem.

Alfredo deu uma olhada na direção dela e sem nenhuma delicadeza, ele pegou a bolsa que estava no colo de Sara, abriu o vidro da janela do carro e jogou a bolsa dela para o lado de fora, causando naquela jovem um misto de sensações estranhas e sem querer ela voltou a sentir medo.

Naquela bolsa havia suas roupas, itens de higiene, além de alguns bilhetes de amor que ela recebeu de Roberto em datas especiais, ver aquele senhor estranho jogar tudo fora a fez querer matar alguém.

Alfredo viu os olhos de Sara de encherem de lágrimas, ela ficou ali  olhando para todos os lados, parecia estar procurando algo, ele sorriu levemente e disse:

—O que você procura mocinha?

—Câmeras escondidas...De ontem pra hoje eu vivi um verdadeiro inferno e tinha esperanças de que isso fosse apenas uma brincadeira macabra, mas a cada segundo que passa sou violentamente abatida por essa realidade cruel—respondeu Sara enquanto evitava olhar na direção de Alfredo, ela secou às lágrimas e antes que o homem dissesse qualquer coisa, Sara assumiu uma outra conduta e disse:

—Já que estou sozinha nessa, vamos aos detalhes, o meu pai me falou sobre a prestação de serviços, que tipo de serviço? Vou ganhar dinheiro com isso?

Ouvindo aquelas palavras, o mais velho sorriu gentilmente, se ajeitou no banco e disse:

—Assim está bem melhor, bem, você será a mulher do filho do meu cliente, mas não precisa tentar fazer o homem feliz, a sua função é outra, vou te explicar, mas só depois que você assinar um termo de responsabilidade —falou Alfredo e logo olhou para aquele pequeno ser, cujo rosto e o corpo são muito bonitos, mas o olhar estava sem vida.

Ouvindo aquelas palavras involuntariamente Sara sentiu o seu coração se apertar dolorosamente, ela ia se casar com Roberto, alguém que ela ama muito e o sentimento era aparentemente recíproco, mas por tramoias de terceiros tudo se acabou e agora ela vai se casar com um desconhecido, viver uma vida de incertezas e medo, que Deus a proteja.

Tentando manter a calma diante daquela situação inusitada, Sara sorriu levemente e disse:

—Não sei se o meu pai te falou, mas acabei de sair de uma relação e casamento não está mais nos meus planos, mas como os meus planos nunca foram considerados por ninguém, apenas me fale o que tenho que fazer e se isso pode me dar a liberdade—ela falou com bastante segurança, Alfredo ficou estático por alguns segundos, na verdade Rafael havia dito que Sara era frágil e facilmente manipulável, mas talvez ele estivesse errado, Alfredo não concorda com Rafael.

Então, ele pegou uma maleta de couro preto e de lá retirou um papel, era o termo de responsabilidade, onde Sara se comprometia a nunca revelar o que seria dito naquele veículo, se comprometendo ainda a cumprir todas as ordens de Alfredo, era ridículo, mas Sara assinou sem questionar.

—Certo, você já é a sétima esposa, as outras descumpriram o acordo e simplesmente se perderam no caminho, ou seja, não atendem as minhas necessidades, então elas foram descartadas, o seu futuro marido é deficiente físico e visual, você será a secretária dele e irá colocar alguns documentos enviados por mim junto com outros que chegam das empresas dele diariamente, ele assina tudo e daí eu vou te pagar 5% dos lucros, em um ano você terá dinheiro suficiente para ir embora.

As palavras de Alfredo causaram um grande embrulho no estômago de Sara e ela sentiu vontade de vomitar e indignada falou:

—Você quer que eu roube? Ainda mais de uma pessoa que não tem como se defender? Isso pra mim é o degrau mais baixo que o ser humano pode descer, eu não quero fazer parte disso —Disse Sara já planejando pular do carro, aquilo parece um maldito pesadelo.

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Comments

Angela Valentim Amv

Angela Valentim Amv

Hummm mas que coisa eu tenho certeza de que isso é um teste .

2024-05-14

4

Edvanir Alves

Edvanir Alves

meu Deus

2024-05-19

0

Adileide Bai

Adileide Bai

muito bom já estou gostando

2024-05-12

2

Ver todos

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