RECUSO-ME A SER COMO ANTES 2 PESSOAS DOIS DESTINOS

Capítulo 7 - Olhos de Ônix

Entretanto, estacionado na berma da estrada, estava um Rolls Royce Ghost preto mate. Dentro do luxuoso carro estava Dean Davis, com os seus olhos de ónix fixos na bela rapariga que acabara de sair do banco e entrar na loja de telefones. Os olhos dele seguiram todos os movimentos dela enquanto ela saía da loja e caminhava para a paragem do autocarro.

"April."

A sua voz magnética e profunda chama-a pelo nome. Os olhos dele são atraídos para ela como uma traça para uma chama. O seu coração palpitava no peito, os seus dedos desejavam abrir a porta e sair a correr para a abraçar. Nos seus braços, ela estaria segura e amada, ele não deixaria que nada de mal lhe acontecesse.

Tinha acordado ontem de manhã depois de ter tido um sonho surrealista. Tinha acordado no seu apartamento de cobertura, como de costume, mas o seu coração apertava-se quando o sonho parecia demasiado real. Lembrou-se do estrondo, das chamas, do fumo e depois da dor.

Lembrou-se dos olhos felinos dela, que eram do tipo de verde que fala à alma da natureza, da floresta no verão, eram tão brilhantes, ousados e belos.

Depois, a sua cabeça doía à medida que todas as recordações se escoavam e lhe mostravam a dura e fria verdade. É verdade, eram as suas memórias e ele tinha renascido. Ele e o seu anjo tinham vivido vidas miseráveis e foram mortos pelas mãos das suas próprias famílias cruéis. Estes seres humanos desprezíveis tinham de pagar com fogo e sangue, tal como não lhes tinham mostrado misericórdia na morte, ele não lhes mostraria nenhuma em vida.

Fá-lo-ia lentamente e dolorosamente, tal como eles os tinham matado brutalmente. Em vida, tinham até torturado e usado o seu anjo. A sua mão elegante passou pelo seu cabelo negro e ele sentiu o seu coração palpitar. Ele ajudá-la-ia a recuperar o que era seu por direito e a sua família veria bem. Não voltaria a recuar e a deixar que os outros se safassem de pequenos incidentes.

Pegou no telemóvel que estava na mesa de cabeceira, verificou o seu horário de trabalho e regressou dois anos antes, tinha novamente trinta anos. Tinha dois anos para mudar o destino deles. A determinação estava estampada nos seus olhos e no seu coração.

Levantou-se da cama completamente nu e deixou cair o edredão à volta dos pés. Tinha uma estrutura musculada e uma pele morena. Cada músculo era tão definido e esculpido na perfeição. O seu hábito habitual era ir para a sala de ginástica fazer uma hora de exercício todas as manhãs. Durante esse tempo, corria e levantava pesos. Mas hoje não, pois tinha de organizar as suas memórias para poder agir antes da sua família.

Foi para o chuveiro e a água desceu em cascata pelos seus músculos ondulantes até à sua linha de sereia. Passou as mãos pelo cabelo e pensou na April, com a sua pele pálida e os seus lábios vermelhos e convidativos. Afastou os pensamentos quando o seu membro começou a excitar-se, mudando a água para fria para arrefecer o seu fogo.

Passados alguns minutos, saiu e secou o cabelo e o corpo. Vestiu um fato preto de três peças, feito à medida, com uma gravata cor de vinho. Saiu do seu quarto e viu o seu amigo de sempre e secretário Oliver. Na sua pressa e frustração, não tinha feito o nó da gravata.

"Ainda não sabes fazer a tua própria gravata?"

"Cala-te."

"É melhor arranjares uma namorada, como o velhote quer, para ela te fazer o nó da gravata."

Oliver provocou Dean enquanto este se esforçava por arranjar a maldita gravata. Atirou-a descuidadamente para o sofá, desistindo e deixando o botão de cima aberto. Uma pequena curva de seus lábios se formou quando ele pensou em April aqui todas as manhãs. Ele cerrou os punhos.

"Qual é o meu horário para hoje?

Oliver pegou no seu tablet e encontrou o horário de Deans.

"Tens reuniões seguidas durante todo o dia."

"Ótimo."

Dean foi sarcástico e Oliver só conseguiu suspirar. O seu amigo era um autoproclamado viciado em trabalho e nunca se tinha irritado com o seu horário. O que é que tinha mudado hoje?

"Preciso de reservar algum tempo para visitar o First Trust National Bank hoje. Está na altura de tomar conta do negócio da família e espremer aqueles velhos com as suas ideias retrógradas e as restantes sanguessugas que beneficiaram do meu trabalho árduo."

Oliver concordou de todo o coração, o que quer que mudasse o pensamento do seu amigo só podia ser uma coisa boa. Saíram do seu condomínio e desceram no elevador até ao seu Rolls Royce Ghost preto mate.

Sentou-se no banco de trás e de repente apalpou o bolso do peito, que estava vazio. Antes de morrer, tinha a fotografia dela depois de a ter investigado, mas agora não tinha nada.

"Oliver, preciso que me arranjes uma fotografia e um número de uma rapariga, envia-os para o meu telemóvel o mais depressa possível."

O facto de Dean ter mencionado uma rapariga despertou o interesse de Oliver. Talvez ele tivesse levado a sério o seu conselho sobre arranjar uma namorada. Mas antes que ele pudesse perguntar, ouviu a resposta do amigo.

"O nome dela é April Jones, manda-me umas fotos para o meu telemóvel, o número pode esperar."

"Queres falar-me sobre ela?"

Dean pensou nos seus olhos puros, na sua inocência e no seu sorriso que era quente com um toque de timidez.

"Ainda não. Uma pequena curva apareceu nos seus lábios finos.

Dean queria guardá-la para si por enquanto. Ele contaria ao seu amigo sobre os seus planos, mas não revelaria a história da sua vida passada por agora. Afinal, quem iria acreditar?

Entrou na sua empresa e manteve reuniões consecutivas durante toda a manhã. Teria de encontrar uma forma de começar a dispensar alguns dos informadores do tio que só o iriam combater nos próximos dois anos. A luta pela fortuna dos Davis era uma piscina turva e ele tinha de a limpar antes de poder conhecer a April. Ele queria dar a ela todas as coisas boas da vida que ela não tinha experimentado desde a morte da mãe.