RECUSO-ME A SER COMO ANTES 2 PESSOAS DOIS DESTINOS

Capítulo 6 - Com amor, para sempre da mamã

Chegou ao First Trust National Bank e entrou diretamente. Ao ver as outras pessoas à sua volta com roupa de escritório, pôs o cabelo atrás das orelhas e alisou a roupa. Tinha de pôr a sua vida nos eixos, por agora, tinha de usar as roupas da meia-irmã enquanto reconstruía a sua vida do zero. Tirou a chave e a sua identificação da mala e dirigiu-se a um balcão.

A jovem rapariga atrás do balcão sorriu-lhe quando ela se aproximou do balcão.

"Em que posso ajudá-la hoje, Sra.?"

"Gostava de ver o que está dentro desta Caixa de depósito, por favor."

A rapariga atrás do balcão acenou com a cabeça e pegou na chave e no seu BI, introduzindo depois alguma informação no computador. Devolveu a chave e a identificação a April, sorrindo.

"A Caixa de depósito foi aberta pela primeira vez há oito anos e tu és a primeira a abri-la. Me acompanhe".

April sorriu e seguiu a jovem funcionária do banco. Ela olhou ao redor do banco enquanto seguia atrás dela.

Os seus olhos pousaram num homem alto e musculado de fato preto. Ele caminhava com determinação em direção a ela. O seu carisma e aparência chamariam a atenção de qualquer pessoa.

Ele não pareceu reparar nela, mas ela olhou-o nos olhos. Os seus olhos eram negros, mas não sem alma nem sem vida. Em vez disso, eram como duas pedras imaculadas de ónix, que se iluminavam com um brilho púrpura quando tocadas pela luz de uma vela. O seu cabelo negro estava penteado para trás e parecia elegante e sedoso, ela queria passar as mãos por ele. Tinha as maçãs do rosto definidas e uma barba escura e máscula no maxilar quadrado.

Ele passou diretamente por ela, o seu cheiro de colónia masculina pairava no ar. Atrás dele vinham vários homens, que ela supôs serem funcionários do banco e o seu secretário pessoal. A sua mente ficou confusa, ela conhecia-o mas não sabia bem de onde.

O funcionário do banco parou de andar quando ela entrou no cofre e esperou que ela o alcançasse. April sacudiu os seus pensamentos enquanto entrava no cofre.

"Estarei lá fora quando acabares. Demora o tempo que for preciso."

"Obrigada."

A porta fechou-se e April olhou para o número na chave.

0910

Ela caminhou até encontrar a caixa, colocou a chave e girou-a, tirando a caixa de dentro.

Havia uma mesa no meio da sala, então ela levou a caixa para a mesa e olhou para dentro. Havia uma carta e outra chave. Ela sorriu para a sua mãe, que a estava a enviar para uma espécie de caça ao tesouro.

Para a minha linda filha abril,

Tenho a certeza de que te tornaste numa jovem elegante e bem-sucedida, e gostava de poder ver isso. Infelizmente, se estás a ler isto, deixei-te sozinha neste mundo e, por isso, lamento imenso. Por favor, pega nesta chave e vai para o seguinte endereço.

7 Condomínio Cerulean

O teu pai não sabia que eu tinha um condomínio e não lhe contes. Eu gostava de fugir às vezes, talvez compreendas isso quando tiveres um marido no futuro. Há demasiadas coisas para te dizer e não tenho tempo para as escrever todas. Por favor, cuidem-se e saibam que estarei a olhar lá de cima.

Com amor para sempre, mamã xoxo

Lágrimas ameaçavam jorrar dos seus olhos, mas ela cerrou os dentes, segurando-as, e depois colocou a carta na sua mala. Pegou na caixa e deixou-a onde estava, saindo do cofre pouco depois.

"Obrigada."

"Não há problema, minha senhora."

Saiu do banco e respirou fundo, o frio no ar balançava-lhe ligeiramente o corpo. Pensou no que deveria fazer a seguir. Tinha algum dinheiro guardado no cartão bancário e, agora que sabia que a mãe lhe tinha deixado um apartamento, o pouco dinheiro que estava a poupar para a sua própria casa podia ser usado.

Na sua vida anterior, tinha alugado um pequeno apartamento com um quarto e uma casa de banho. Era apertado e não ficava numa boa zona. Graças à sua mãe, tinha agora um sítio promissor para viver.

Olhando para as lojas de luxo em redor, vê o letreiro do Ephone. Entra e dirige-se diretamente ao balcão.

"Olá, minha senhora, em que posso ajudá-la?"

O vendedor que estava atrás do balcão observou o seu traje, mas foi respeitoso e não fez juízos de valor.

"Queria o modelo de telemóvel mais recente, por favor."

O sorriso do vendedor alargou-se perante a perspetiva de venda.

"Não há problema minha senhora, aguarde um momento".

Foi até às traseiras e trouxe quatro caixas brancas com o logótipo Ephone. Colocou-as à frente dela.

"Este é o Ephone 10, o nosso mais recente modelo. Foi concebido para revolucionar o vídeo e a fotografia, com uma resolução para lá de cinematográfica de 10K, para que possa tirar fotografias ou fazer vídeos épicos. Tem tudo isto em dois tamanhos: 64MP, o nosso chipset mais rápido e uma enorme bateria que dura todo o dia. Está disponível em vermelho apelativo, branco puro, preto arrojado e prateado elegante para escolheres."

Ele fez uma pausa à espera da resposta dela.

"Vermelho, por favor."

Ela sorriu feliz por, em ambas as vidas, este era o seu primeiro telemóvel e a compra mais cara até então. Entregou o seu cartão ao vendedor.

"Não há problema minha senhora, vou embrulhar isto para si."

O vendedor concluiu a venda do telemóvel e entregou-lhe um saco branco. Ela agradece-lhe e sai da loja de luxo.

Começou então a caminhar novamente para a paragem de autocarro. Embora tivesse dinheiro para apanhar um táxi, não queria alertar a madrasta ou a meia-irmã, por isso escolheu o autocarro, guardando o telemóvel novo no saco.

Estava a escurecer e ela tinha de ir para casa fazer o jantar para que ninguém suspeitasse. Amanhã iria visitar a morada que a mãe lhe dera. Tinha de pensar num plano agora para poder sair de casa com facilidade. Conhecendo a madrasta, ela iria querer mantê-la por perto para seu próprio benefício e para a poder vigiar.

Não sentia qualquer amor familiar na sua vida passada, uma vez que a sua mãe tinha falecido. Mas agora sentia os cuidados da mãe e o tom caloroso da melhor amiga da sua mãe e sentia-se forte para o que a esperava.